quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um dia qualquer



Sim, o Natal é um dia qualquer

E como em qualquer dia,
O sol cruzará o horizonte
Reinaugurando a vida, e das fontes
Brotarão água e poesia.

Pelas ruas do Bom Fim,
Mil vezes respirarás
Sem dar-te conta
E, sem dar-te conta
Serás mais sábio
E mais profundo.

Na Bela Vista verás
A Terra transformar-se
A cada giro
Que ela gira desde que
O mundo é mundo.

Sem dar-se conta,
No Parcão,
Surgirão mais flores
E, em silêncio,
Vingarão em frutos .

Crianças chegarão
Aos seus primeiros passos
Nas casas do Moinhos
E amores produzirão
Beijos, abraços,
E, (por que não?), alguns espinhos.

Sem que nos demos conta
Triunfará a vida,
A silenciosa,
E desapercebida,
Gerando mais vida em mutação,
Com átomos que não vemos
E cordas e dimensões
Que nós desconhecemos,
Em plena Redenção.

E aí repousa o Mistério
Deste Natal, como de qualquer um:
Os mais preciosos bens
Que em ti vivem, vivem por ti
Sem que nem te dês conta
De tão perenes, humildes e comuns.