domingo, 24 de fevereiro de 2013

Yoani

Deixa a moça falar, deixa
Porque aqui ela é livre
E nós não temos dono
(Deus que nos livre!).

Deixa a moça contar
O que se vive
Na ilha onde expressar-se
É um deslize
E há que aplaudir
Um ditador
E há que esquecer
Que há Terror.
E há que calar,
Há que catar
As migalhas
Que alguém dá
Como se fosse
Seu senhor.

Deixa a moça falar
Porque ela traz
O futuro de um povo que irá
Libertar-se e não mais
Será escravo.

Deixa a moça falar
Porque ela é
Um renascer de esperança
Feito a Fé
De um povo

Bravo!




sábado, 23 de fevereiro de 2013

Água e óleos

(inspirado na análise de Javier Sierra, no livro El Maestro del Prado, sobre a obra “A Transfiguração“ de Rafaelo Sanzio, lembrei de um antigo sonho)


Segues ainda pelas estradas da vida
Mas enquanto não encontras teu caminho
Todas as viagens serão rotas perdidas
E, sem ti mesmo, vagarás sozinho.

Buscarás igrejas e partidos, mas
Se não encontrares teu caminho
Todos as chegadas serão só partidas 
E os teus esforços, descaminhos.

Apenas se te embriagas com tua alma
-A que fala com palavras nunca escritas-
Descobrirás entre as rotas o teu rumo
E assim te sagrarás o Homem no mundo.

Tu cruzarás os rios das coisas todas
Como o fazem desde sempre os humanos:
Os fluxos lentos, ou violentos, rumo aos mares,
Amores, mortes, vidas, desenganos,

Mas, sendo Humano, teus olhos buscarão,
Os teus pés cumprirão o teu caminho,
Deste mundo tu farás o céu com as mãos
E, te encontrando, já não mais serás sozinho.

Tu vagarás no Universo sendo Centro,
Revelarás em ti mesmo o Mistério,
Trilhando fora, tu também andarás dentro
E, sendo pobre, serás senhor do teu Império.








terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Granada


‟Por el agua de Granada, sólo reman los suspiros...”


Este areal que tu vês
Um dia já foi montanha.
A vida que tens se vai,
Escoando de tuas entranhas.
Mas as memórias nos dão
Fatias do que perdemos
E, assim, novamente temos
O que o tempo nos roubou.

Os fios da memória tecem
A tela da eternidade.

Cruzando a Andaluzia
De incontáveis oliveiras
Murmura a voz cigana
Como soou noutros dias.

Trago meus olhos embebidos
Das visões de Andaluzia,
Ah! os campos da Andaluzia.
Nos meus ouvidos ressoa
O ritmo da Andaluzia,
Ah! os cantos da Andaluzia.

A Alhambra me faz lembrar
Alguma alma que tive,
Em Granada ficou guardada:
Alma triste, abandonada,
Alma de sonhador.
A Alhambra ainda dorme
Diante da Serra Nevada,
Sonhando, ao som do flamenco,
Esta antiga história de amor.

E no Albaycín à noite,
A cigana enlouquece na dança,
Gira, trança, vibra, alcança
Um outro tempo ao bailar
No qual esse poeta ainda existe
E narra sua história triste
Pela voz do cigano a cantar.