terça-feira, 30 de abril de 2013

o intervalo



Um som, uma palavra e o impulso
Juntam-se num intervalo de algum dia
E tomam corpo, braço, mão e pulso
Silenciando o Nada com poesia.

Nem  mesmo quem escreve as palavras
Pode prever início e fim deste processo
E o trata como quem doma fera brava,
Conjugando, com cuidado, fogo e o verso.

O poeta sabe ser atento ouvinte
Do que o aparente silêncio vai dizendo:
Finda uma frase e se lança à seguinte

Enchendo assim de palavras o que era
O Vazio pleno de força e expectativa
A transformar em língua viva uma espera.







sábado, 27 de abril de 2013

Poeminha Tri


(poema em homenagem aos que lêem nas linhas de ônibus da Carris)


Entretece-te no T7,
Olha a urbe da janela,
Urde, lê, reflete:

A vida pode ser real e bela

E o Logos também se tece
Nas (entre)linhas.




sábado, 13 de abril de 2013

mundo e aldeia



Pensar é qual fazer. Em parte.
Em parte apenas, porque sempre há
Que copular com a vida pela arte
Para trazer ao mundo o que será.

O ideal, não mais, revela-te o quanto
Difere um sonho teu do mundo real
E não creias que o teu sonho valha tanto
Quanto a pior face da vida, a mais banal.

O mundo é o que é, e o refazê-lo
Requer bem mais que sonho e idéia:
Exige lágrima, suor, paciente zelo.

Se a utopia no real desanda em pesadelo,
Segue, em silêncio, a embelezar tua aldeia
E da tua aldeia brotará um mundo belo.



outono


Porque é Outono
A alma se expande e
Expressa-se em poema,
Porque há esta brisa
Que suaviza uma pena
Porque há manhã fria
E a idéia é serena,

Porque há alegria
E amor no ambiente,

Porque é Outono
Meu tempo se pinta
Da cor da camurça
Que cobreia os campos,
Do tom de laranja
Das folhas cadentes:

O de sempre se alegra
Ao se ver diferente

E a vida é bonita
No sorriso da gente.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

vida


As asas da vida pousam onde querem
Mesmo em deserto inóspito mas fértil
E em qualquer lugar deitam raízes
De DNA, de RNA, proteína e sonho.

E como em dança, se trançam as raízes,
As raízes, vão rodando e se aprofundam,
Sugando seiva e buscando o mel do mundo,
Como se ao buscar o mel fossem felizes. 

E pelo Espaço a vida dissemina-se
Por meteoros, em brotos, se insemina
Em qualquer mar que exista a esperá-la...

Em tudo, lentamente, a vida expande-se
Como Universo que se expressa na semente
Reproduzindo no minúsculo a imensa Mente.