quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

amor


nestes tempos de grandes ideais,

volto às memórias humildes
em que o amor se confunde
com desejo e necessidade.

antes de ti, a casa era vazia
do que podia ser e que seria:
era sonhar a vida, fantasia.

tua falta era a noite que eu vivia.

antes de ti o tempo era lenta
consumação, rumo a percorrer

passo após passo,
gozo após gozo,
gota após gota,
como a espera de morrer.

até que um sonho disse que virias:
chegaste e noite fez-se dia.

nestes tempos de grandes ideais
volto às memórias mais felizes
em que o amor da gente representa
o que é mais belo em nós: 
humanidade.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

a testemunha


Quem te viu trilhar o caminho mais difícil,
Criando, em pedras, uma escada para o céu,
Conforme os planos que uma voz da alma disse,
Levando-te a viver como ninguém nunca viveu?

Quem te convencerá de uma vida sem sentido
Se nos teus sonhos disse um mestre: ele existe
E tu te reinventas a partir do que hás vivido!
Os outros tempos quem os viu? Tu mesmo viste.

Quem, senão tu, é a testemunha da epopeia
Desta vida que revela os mistérios de Eleusis:
Psiquê e Eros a se amar, concretizando a Ideia.

Vê! Escuta! O segredo órfico vem encontrar-te:
Devassa-o com a Ciência, em desafio aos deuses,
Para engravidar a vida pelas mágicas da Arte.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

os antigos


A consciência dá à vida o sentido.

Sem ela,
A complexa engrenagem
Do cosmo, ou do caos,
A evolução dos seres,
A minúcia do fenômeno,
Os infinitos dos espaços
E das forças e das coisas
Imensas ou minúsculas

Serão dados
Para sempre despercebidos.
Portanto, ausentes.

Plenitude vazia,
Mecanismo para sempre inconsciente,
Potencial nunca tocado,
Paixão, amor, tragédia,
Espanto e epifania 
Inexistentes.
Eternamente.

Sem a consciência 
Os abismos do tempo
Não valem um segundo.
O tempo é, desde a origem,
Perdido.

O invisível permanece na treva
Porque olhar algum
Sonda a aparência.

A coroação da vida,
É a consciência:

A sagração do Universo.