segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

o ser gato


Sou bicho assustado,  gato arisco,
Que vive a vida no alto dos telhados
Mantendo longe os ruídos e os riscos,

Herdeiro da imensidão dos deserdados.

Sou gato silencioso cujo faro
Percebe o que ninguém quer perceber:
Um feio odor escondido em frasco caro,

Ou o despercebido perfume que há num ser.

Vou deslizando pela vida, livre e suave,
Esgueirando-me das regras e das normas,
E meu olhar têm o mistério de uma nave

Onde a sagrada chama desfaz formas...

Vou namorando o sol e os passarinhos
Encantado pelas coisas que balançam.
Gato exótico que sou, vago sozinho:

Sou o companheiro das distâncias.