sexta-feira, 14 de março de 2014

Das paredes à pele

Amo as paredes limpas
Que são silêncio para os olhos,
Como amo a pele limpa
Sem símbolos riscados,
Os campos virgens
E os rumos indevassados.

Há ruído demais, riscos, frases,
Falsa arte, signos, graffitis,
Slogans, reflexões sem fundo
De filosofia mal-formada,
Pichados como berros
Nas peles e paredes  do mundo.

Violam os olhos,
Violentam o silêncio.

Silêncio, por favor,

Que a alma não grita,
A alma não risca,
A alma nem pensa,
A alma não fala:

A alma te silencia.

É no límpido silêncio
Que a alma trabalha
A produzir Sentido

E poesia.