quarta-feira, 22 de julho de 2015

a mutante


A vida contenta-se em seguir:
verte verão e inverno inverso,
tomba, morta, renasce a florir,
a antiga deusa, velho verso?

Ela não se contenta, reinventa
a cada instante a sua essência:
os recorrentes rumos ramificam
Enigmas novos, sem resposta.

Nisto se enganam pensadores
Filósofos, políticos, teólogos:
O que se foi não serve de lição,

Senão por símile, aproximação.

O mistério é sempre mata virgem

Que a vida rejubila-se em gestar.




sexta-feira, 3 de julho de 2015

decifração

Silencio
E te escuto, poesia.
Ouço mal, porém.
Se eu te ouvisse bem
Como serias?

O poeta é sibila
Em transe abrasada
Na profunda cova.
A voz do deus
É apenas sussurrada,
Confunde-se
Com o som do vento
Que também sibila
E é murmúrio de nada.

O poeta brinca
De telefone sem fio
Com um, dez, mil
Intermediários.

O que dirás, na fonte,
Poesia,
Aquilo mesmo
Que o poeta diria,
Ou o contrário?




A sibila de Delfos, Michelangelo.