terça-feira, 31 de outubro de 2017

Homenagem

Para Themis

Foram-se as catedrais.
O olhar nublado, que procurava Deus nos pergaminhos,
Olhou afora e, finalmente, viu caminhos
E vales e montanhas e formas e corpos e mistérios tantos,
Que transformou a fé que havia em espanto
(O mesmo espanto que empolgara a Tales de Mileto
Nos inícios da grega Sofia).

Voltou-se ao mundo, perquirindo a um feto
O que é a vida e sua anomalia...

A vida respondeu-lhe com seus dados
Como a um grego antigo ela faria.

E a mente, iluminada, teve a Idéia.

Ao tê-la, o homem frágil tremeria,
O descuidado a esqueceria,
Mas em Themis era outra a Paideia:
A mente clara, sol do dia,
Banhou a terra fértil da emoção
E a Idéia frutificou em Obra Humana
No misterioso processo de criação,

A transcendente Alquimia.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A górgona

A Ideologia é a Medusa 
Que empedra o Pensamento.
Ela o seduz, o doma, usa,
Monstro ctônico violento.

Parece ser divina musa, 
Ao confundir-se com o Ideal,
Mas não o é porque 
A Medusa abomina o Real:

O indivíduo imperfeito 
Que, ao ser frágil e mortal,
Vai percebendo, do seu jeito, 
O que é o Sagrado no banal.

A Ideologia é a Górgona. 
Há que cortar o seu poder
Com a dúvida de adaga.

O nocaute é descrer!