Pensaram que a Redenção de Iberê
Fosse metáfora:seria, Iberê?
Mas,
Por ali ainda passeiam os ciclistas
E, nas alamedas, infiltra-se um sol
Com poesia e pinta no chão terroso
Deliciosas manchas como as de Monet
-tons amarelos em violáceo pano-
As quais Baril viu ser geniais.
As copas das árvores tecem filigranas
Em colunas de azul cerúleo.
Cães passeiam exibindo os donos e
Os garotos buscam mistérios onde já
Não os há, ou talvez, ei-los por lá,
Pois tudo, ou quase, depende do olhar.
Seria a Redenção uma metáfora?
domingo, 2 de maio de 2010
Vida
Que a vida flua: lânguida luz lunar
Ou raio suave de um sol de dentro,
Que flua a vida botando broto em crescimento,
Mente e corpo em movimento,
Sentido em sentimento, ou, sem sentido,
Que flua como som no meu ouvido:
Declarações de amor em espanhol.
Que venha a vida como queira, a conhecida,
A misteriosa, pedra mais preciosa.
Que venha a que medra, a que espreita no vazio
Até que surja a hora, feito um cio,
E a tudo desabroche.
Que venha, apolínea e dionisíaca,
A regrada e a sem regras,
A lúcida e a doida,
A que eu entendo, e a que eu nem sei sequer.
Que fluas, vida, sempre nova
E inesperada, fazendo um fogo
No meu peito, deixando sêmen
No meu leito, trazendo sonho
Às noites e visões aos dias.
E sobretudo, vida,
Quando já não houver mais jeito
Que me mates
De poesia.
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