domingo, 20 de março de 2011
Japão
Círculo vermelho no centro da bandeira branca,
Que o olho oriental pode ver Belo,
Mínimo a expressar totalidade, ou sol e neve.
Japão que me traz perfume leve
De cedros e madeiras,
De maresias costeiras.
Imenso Japão, imerso em história,
Sol sempre nascente,
Imenso Japão
Por sua imensa gente.
Vi pela TV a onda negra
Engolindo-te as carnes,
Até onde a vista discerne.
Vi o sol transformar-se
Em mancha nebulosa de sangue
Sobre a branca neve:
Bandeira manchada.
Mas, feriu-se a pele,
Japão, jamais teu cerne,
Porque o jovem japonês
Deu seu prato de comida
Ao velho faminto,
Esquecendo a própria fome,
E a Alma, conformada
Por antigas crenças
Que os avós deixaram,
Refez com suas mãos de fada
O círculo vermelho
No centro da branca bandeira
Com o que era apenas neve
De sangue manchada.
sábado, 12 de março de 2011
Dança
Para Miriam Toigo–D′Angeli, amiga e bailarina brasileira
Tudo dança
Desde que Shiva,
A mover pernas
E braços,
Lançou o êxtase
Do ritmo
No vazio negror
Do espaço.
Surgiram o vento
De uma corda em movimento
E o seu som
Com um compasso.
As partículas
Tomadas de energia
Congregaram–se
Na dança,
Com quântica euforia..
E, num segundo Movimento,
Veio ao mundo a Bailarina
Para fecundar com sentimento
Aquela dança divina.
La Sylphide, o Quebra-Nozes,
Giselle, Coppellia, Paquita,
O drama humano, dançado,
Torna a loucura bonita.
Dança para nós, bailarina,
Em teu transe de poesia,
Gira como gira o mundo,
Toca nossa alma no fundo
E nos faz também bailar,
Que ao dançar criamos asas
E, tendo o Universo por casa,
Nos permitimos voar.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Uruguay
Alarga–se a vista até o mar e suas entranhas
E a brisa ondula–se em cabelos e areias.
Abrem–se os porões dos sonhos e das sanhas
E eu aspiro o aroma de maresias nas idéias.
Uruguay, onde minha alma vai achar morada,
Despida de temores e em busca de si mesma,
Se ao andar por tuas praias, matas e estradas,
Eu caio em mim por águas turvas ao abismo,
Em ti, eu desemboco por uns rios no mar
E, sem pensar, sou poemas a se alinhavar
E a poetar me ponho quieto e iluminado.
Tu és o espaço–tempo em que eu, enfim, me vejo
El viejo poeta, intenso de verbo e desejos,
Em algum outro destino que haverei traçado.
Punta del Diablo, aldeia de pescadores, Uruguay
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