O cavaleiro foi ao fim das forças e
Exausto, descrente de que pode,
ele
Chega à praia ancestral de
onde partira,
Olha o mar verde, as
mãos, suspira,
Abandona na areia a
armadura: elmo,
Couraça, escudo, lança
e espadas.
O próprio coração ele desveste,
E o deixa no chão, altar
ao deus do nada.
Vira-se na direção do mar antigo:
Sem mais caminhos é o
menino que já fora
Na casa paterna onde
um dia crescera,
Relaxa os ombros, dorme ao desabrigo.
Então, do mar grande vento remonta,
A arrastar areia,
coração e armadura.
Sem o homem vencido
dar-se conta
A Natureza livre ou o mata ou o cura.
Cruzam-se as espadas no
ar, a lança aponta
Na direção do que o
guerreiro não sabia,
As mãos do acaso, o caos, sabem traçar
Rumos virgens em que
a vida se desvia.
Números encaixam-se em
inéditas fórmulas,
Círculos curvam-se a
gerar torvelhinhos,
Abrem-se desgastadas,
conhecidas, formas,
Criam-se sonhos,
desafios, ganas, caminhos
E, no ápice, o coração
aberto do guerreiro
Pulsa, por ser sol, iluminando o céu inteiro
E abarca o turbilhão das
forças liberadas.
Desperta o homem,
cavaleiro novamente,
Veste-se de si e de
armas, segue em frente,
Coração renascido: uma flor do chão brotada.
Coração renascido: uma flor do chão brotada.