Mein Gott! Eu tenho dificuldade de ficar hospedado na casa de conhecidos, mesmo de amigos íntimos. Mas não havia jeito: fui ao telefone público (aqueles vermelhos com janelinhas) e liguei para uns caras que moravam num subúrbio numa casa coletiva e que uma querida amiga havia me recomendado (lembro e agradeço até hoje a ela). Estes subúrbios de Londres onde a gente chega de trem, uma meia hora de viagem. Os ingleses eram legais, exceto um deles que um dia me olhou e diante de alguma coisa que eu disse sobre minha amada Porto Alegre respondeu secamente: “but I am British”…ri por dentro da criatura. Ah! E havia uma garota alemã que saía e entrava do quarto sem falar com ninguém. Pela primeira vez na vida (não a última) fui questionado pelos rapazes sobre o fato de tomar banho diariamente: “do you have any skin disease?”ao que eu respondi: “I take a shower everyday, even twice a day… I am Brazilian”.
Uma noite, os rapazes, super queridos, me levaram a um clube que até hoje me traz a ideia dos encantos de Londres e sua peculiar Cultura. Um clube de bairro, onde os vizinhos se reuniam para tocar e cantar jazz. Donas de casa, pais de família, gente da área, quem quisesse, cantando com alma e imenso talento. Eu assisti embevecido, e agradecia emocionado aos meus novos amigos. Sultans of Swing sempre me leva àquela noite.
Mas até hoje não sei se era a Grande Arte viva num bairro londrino, ou o efeito da cerveja quente em enormes copos que rolava.