Declaro-me incapaz
De ser o que não sou!
De ser o que não sou!
Sou isto o que sei:
Inevitáveis erros e
Acertos espontâneos.
Os esforços desde piá,
Os esforços desde piá,
Extremadas alegrias e
Tristezas esquecidas:
O que foi e o que será.
Sou estes sonhos de outras vidas,
Sou estes sonhos de outras vidas,
Umas memórias perdidas.
Sou o que não sei:
Misterioso centro
A me brotar.
Sou o que não sei:
Misterioso centro
A me brotar.
Sou eu, dos gestos toscos,
Das manhãs de cara feia,
Das preguiças e das manhas,
Das pinturas e poesias,
Amando aos animais de rua,
E mesmo às pedras a amar.
Sou a obra deste meu destino
E talvez, talvez apenas, o autor.
Sou adulto e o eterno menino,
E talvez, talvez apenas, o autor.
Sou adulto e o eterno menino,
O que duvida e o que nega,
O que crê com alma cega
E que depois desperta.
Sou o companheiro
Da hora incerta
E o que não busca,
O solitário.
O solitário.
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