Amo as paredes limpas
Que são silêncio para os olhos,
Como amo a pele limpa
Sem símbolos riscados.
Amo os campos virgens
E os rumos indevassados.
Há ruído demais, riscos, frases,
Falsa arte, signos, graffitis,
Slogans, reflexões sem fundo
De filosofia mal-formada,
Pichados como berros
Nas peles e paredes do mundo.
Violam os olhos,
Violentam o silêncio.
Silêncio, por favor,
Que a alma não grita,
A alma não risca,
A alma nem pensa,
A alma não fala:
A alma te silencia.
É no límpido silêncio
Que a alma trabalha
A produzir Sentido
E poesia.
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