Um coração
Tão aberto que ali sopraram
Os ventos de todas as crenças e ideias,
Tão imenso que ali cruzaram
Todos os povos e as pessoas todas,
Um coração profundo, como sabe ser
Quem percebe e perdoa
A pequenez e as mazelas do mundo.
Eu te (re)conheci,
Pelo olhar agudo, sorriso maroto,
Lá pelos meus catorze anos.
E foram tantas caminhadas
Pelo Menino Deus,
Tantas conversas,
Questões levantadas
Para que alguém chutasse
E fizesse gol nesta vida.
Anos e anos, e histórias,
E cafés, e livros discutidos,
Pré-socráticos,
Idealistas gregos,
Nietzsche,
Maçonaria, místicos,
Humanistas, Toynbee,
Wallace, tantos mais,
E (sistemáticas) dúvidas
E (compartilhadas) críticas,
Além de risadas e mais risadas.
Tempos após
Em rumos distintos,
Ao nos reencontrarmos
Éramos tão próximos,
Talvez tão mais próximos,
Que me disseste de ti
Coisas que eu não sabia,
Os segredos e os medos
Que doam à vida
O que a vida dispõe
Para haver poesia,
E que só confessamos
Quando existe philia.
Eu te agradeço,
Por teres sido
Comigo
Um pai,
E, ao fim, o amigo.
Lembrando de Sambaqui, Florianópolis.