Vejo-me a envelhecer.
As mãos que eram as minhas
Amarrotaram-se, e manchas marcam a pele.
Dói-me joelho, dói-me anca, dói-me às vezes
O pensamento.
Mas canta igual, com o versejar que tinha
Ele mesmo, o infante a festejar nos meus poemas.
Voz de cristal, criando estrofes, sondando temas,
Em Arte e Ciência, ele mesmo,
O eterno piá que, ao não crescer,
É bem verdade, deu-me problemas,
Mas vejam só, a criança interna,
Tão sonhadora e inda pequena,
É que, ao criar, sempre a brincar,
Faz-me sorrir, a cada dia,
Nas minhas penas.