Assisti um documentário no Netflix que me fez refletir sobre a grandeza diferenciada de certos povos, certos países, e sobre a Revolução dos Cravos, data hoje comemorada em Portugal.
O filme que vi e recomendo é Drottningen Och Jag, realizado pela famosa cineasta Iraniana-Sueca Nahid Persson.
Para o filme, durante longo tempo, Nahid entrevistou aquela que foi imperatriz do Irã por 30 anos, a ainda bela Farah Diba, até que o regime monarquista sob o comando do Xá Reza Pahlevi foi substituído pelo dos aiatolás, a começar pelo Khomeini.
Durante a minha juventude, a informação das mídias internacionais descreviam o regime corrupto da monarquia iraniana, o que tinha algo de verdade, e não houve família mais execrada em termos midiáticos e políticos que os Pahlevi. Até que a oposição desencadeou a "Revolução Gloriosa", destituiu o xá, e a família Pahlevi teve que buscar exílio em diversos países. Os responsáveis pelo golpe constituíam-se de um bando heterogêneo formado por fanáticos islâmicos, socialistas incendiários e criminosos sob às ordens da URSS que tinha interesses em alargar seu poder e território, com a ingerência de alguns países ocidentais poderosos. Pois a revolução resultou num Totalitarismo religioso, que dura décadas naquele país e executa mais que torturas, também assassinatos em massa de opositores e abolição das liberdades individuais. Isto se sabe e se divulga agora, mas naqueles tempos estes criminosos eram os heróis dos intelectuais de esquerda. A velha história.
Pois a cineasta era uma jovem comunista que lutou pela Revolução e foi sua vítima logo após, tendo conseguido fugir do Terror para Suécia. Farah Diba (Pahlevi) e Nahid Persson, duas iranianas confrontam seus passados e presentes com uma grandeza emocionante. O carisma de Farah Diba mantém-se inalterado. Recomendo o filme.
Mas o que refleti não foi só isto.
As revoluções recorrentemente têm prometido concretizar o céu na terra e acabam empurrando países ao inferno (vide a América Latina de hoje). A intelectualidade tem sua responsabilidade nisto por amar as ideologias mais que a realidade possível, dentro de um idealismo quixotesco.
Pois o que me encanta neste dia é a grandeza de um país que nos recebeu como lar: Portugal.
Sua Revolução dos Cravos é ímpar, única na História desde a primeira das grandes revoluções da Idade Moderna, a Francesa.
Uma revolução pacífica, com seus ideais socialistas libertando os portugueses de uma ditadura prolongada, sem armas, sem mortes coletivas. E os resultados prometidos, claro, depois de grandes dificuldades e mesmo erros (como não haver erros?) foi realmente Liberdade.
A União Europeia trouxe a Portugal, como à maioria dos países da Europa, a garantia de um clima de respeito às diferenças e de progresso coletivo, concretizando a estabilidade numa vasta parcela do mundo. Uma imensa comunidade de países, em um contexto de Liberalismo com fortes políticas sociais. Nada a ver com o socialismo coletivista da primeira metade do Século XX, que gerou (e ainda gera) miséria, tirania e exílio às populações.
Como refletiu Arendt: "a Comunidade da União Europeia só surgiu quando os socialistas finalmente desistiram do Comunismo". Eu humildemente acrescentaria: quando a força dos fatos obrigou a uma ação Política que visa o melhor da realidade e abandona a "mentira sistemática".
Quem incomoda neste momento é aquela mesma URSS, ainda transvestida de democracia, ainda a ditadura da Mentira.
Portugal, e a Comunidade Europeia, souberam conjugar o que há de melhor até agora dos ideais Humanistas aplicado à Política e à Economia.
Portugal tem exatamente este espírito: um grandioso (pequeno) país que soube cumprir o seu melhor destino. Lembrando o poeta, Portugal cumpriu-se.
Parabéns, querido Portugal, pela Liberdade e o bem-estar social!
Viva a incrível, benigna Revolução dos Cravos.
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