"Outro mundo é possível..." (clichê populista)
Para traduzir do grego paideia: "...não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995)
Outro mundo não é possível e tu existes neste,
Feito dos conhecidos norte e sul e leste e
oeste
Entre os quais crias caminhos, poemas e
traços,
Trabalhos, erro e acerto, pela força dos
teus braços
E pela Ideia, esta sim livre e de natureza obscura,
Fonte de vida e beleza a transmutar a matéria dura.
Esta essência misteriosa que te conduz para diante
E vai te tornando Humano, produzindo um diamante,
Independe de quaisquer crenças, partido, ideologia:
Ela não é o resultado, mas a Dinâmica
que os cria.
Ela é gana, libido, ideal, é um fogo moldando a lama,
Escondida e inconsciente exceto ao que
cria ou ama.
Ela é a alma do mundo, a produzir eras e povos
E
a soprar sonhos e poemas, e temas
e tempos novos.
E vem à vida por ti, pelas tuas mãos e de tua mente
Como o fruto de uma gestante e em cada obra
nascente.
Ela não escolhe o profeta, o iluminado, ou
o gênio,
Mas é magma comum às gentes fluindo pelos
neurônios.
O outro mundo com que sonhas quem sonha é
esta Ideia
E a tua dor pela realidade é o germen de uma Odisseia:
Aprende a sentir o vento a encher-te de
força as velas
E, vivendo, transforma o sonho na tua própria Paideia.