(lembrando o filme A Liberdade é Azul, de Krzysztof Kieslowski)
Ouço
o coração a dizer
“É tempo!“
E os
músculos, e as tensões, os intentos
Já, ou
não, vividos,
Os olhos, os ouvidos, sussurrando
A
todo momento
“É o tempo!“
E os
sonhos, as idéias, pirações e inspirações,
Os
ritmos de fora coincidindo com os do centro,
As
memórias e recordações brotando de dentro
“É
chegado o tempo!“
E as
emoções profundas, as sensações mais fundas,
O sentimento de amor que conheci na vida,
E os
pressentimentos de um futuro,
Um
futuro a sorrir, dizendo “Olha!
São chegados os tempos!“
Olho,
e vejo, a imensa fauna humana
(Que
conheço bem na sua competência
de criar miséria e guerra)
Agora a produzir com a Ciência a cura
Da
peste e da alma perdida na insciência.
Não mais bicho apenas. Homem!
Vejo
um Anjo que nasce do coração do Homem
Cantando a sinfonia com palavras de Paulo,
Em
adoração ao que criou as cordas geradoras
Das
múltiplas dimensões do espaço-tempo.
Vejo
a Mente despertando de um sono
Profundo
que era gritos, pesadelo,
E esta mente silenciada enfim descobre
A voz
da vida no que pensava ser
O silêncio do Nada.
Vejo os Estados-nação desfeitos
E os povos, então, irmanados agora,
Entoando juntos neste
cântico, o poema:
“Quando
eu era menino, falava como menino,
sentia como menino,
discorria
como menino,
mas,
logo que cheguei a ser homem,
acabei
com as coisas de menino.
Porque
agora vemos por espelho em enigma,
mas
então veremos face a face;
agora
conheço em parte,
mas
então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor,
estes três, mas o maior destes é o amor.“ *
Hoje vejo mais claro a face do Homem,
Livre
de dogmas e atavismos de credo e raça,
E das ideologias...
O
tempo,
O mundo novo,
É chegado:
Eis o Homem!
* Paulo, Carta aos Coríntios 13