sexta-feira, 3 de julho de 2015

decifração

Silencio
E te escuto, poesia.
Ouço mal, porém.
Se eu te ouvisse bem
Como serias?

O poeta é sibila
Em transe abrasada
Na profunda cova.
A voz do deus
É apenas sussurrada,
Confunde-se
Com o som do vento
Que também sibila
E é murmúrio de nada.

O poeta brinca
De telefone sem fio
Com um, dez, mil
Intermediários.

O que dirás, na fonte,
Poesia,
Aquilo mesmo
Que o poeta diria,
Ou o contrário?




A sibila de Delfos, Michelangelo.


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