domingo, 11 de novembro de 2018

Manhã (lembranças do Brasil)

Deixo às palavras o comando:
Elas cantam, vou dançando,
Elas dançam, vou cantando.
Somos aves a voar, em bando.

Pego tua mão, vamos amando.

Sobre a cidade em sono,
O dia abre os braços, bocejando,
Ele é o dono da casa, há cantoria
Da passarada, nós e as palavras,
Iluminados de lua e sol,
E estrelas se apagando.

Banha-se a serra de luz dourada,
Doura-se o rio negro da estrada,
Douram-se as árvores e os frutos,
A vida retoma cor, despe o luto.

  

Mas noutro canto do caminho
De Natureza perdida,
Dorme ainda no chão duro
Uma criança esquecida.

Mas num canto desta vida,
Canto envergonhado e triste,
Ainda dorme a criança.
Quem saberá que ela existe?

As aves somem do Céu,
Cala-se o canto e chora,
E o pranto faz-se poema
Por esta criança agora.

O dia torna-se gris,
Como pode a luz ser feliz
Se há uma criança pequena
Dormindo sozinha lá fora?







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