quarta-feira, 14 de agosto de 2019

sorriso das histórias de San Francisco

Confesso que nunca havia assistido e tinha curiosidade sobre a série "Histórias de San Francisco". Pois graças à Netflix, vi dois capítulos. Ali toda a imbecilidade de uma geração, que foi minha, ficou nua. Maconha maravilha, sexo livre com qualquer um, o drama dos trans sendo mostrado como objeto ideológico glamourizado, prostituição do Bem, tudo numa San Francisco sempre doida e sorridente (sem mostrar as favelas e as mazelas, é claro). 
Brave New World em clima de festa. 

Impressionante a ingenuidade (planejada?) dos textos, o encadeamento estúpido dos assuntos da soap opera libertária daqueles tempos pré-AIDS, pré-internações por drogas (incluindo alguns amigos queridos meus), pré-todos os efeitos trágicos daquele way of life. Quem escrevia aquilo estava chapado? Parei no segundo capítulo...Philadelphia e Trainspotting, filmes sombrios e doídos, são o espelho real (que muito de nós presenciamos in loco) do pastelão para adolescentes que é Histórias de San  Francisco. 

No Brasil, o desencadeamento da loucura dos setenta levou à morte em massa toda uma geração. Em Porto Alegre, eu via morrer uns 3 jovens amigos ou conhecidos por mês, muitos deles gente especialíssima em inteligência, talento e bom coração. 


Vi a "sociedade burguesa" (rsrsrs...) reagir com apoio, as grandes instituições universitárias e empresas farmacêuticas, unidas, desenvolverem pesquisas (que continuam), transformando a AIDS em doença crônica tratável com sobrevida normal. Vi o governo do FHC através do Dr. José Serra lutar para tornar os medicamentos anti-AIDS genéricos. 


O drama das drogas é ainda o mesmo lixo, contando sempre com o apoio das mídias e, pasmem, de alguns governos, desencadeando doença e violência.


Mas o mais impressionante é que há gente, especialmente jovem que vive ali na "década de 70" achando que o "sonho não acabou" e um "novo mundo possível" surgirá da loucura.

Gente de ideias velhas, crendo-se moderníssimos millenials.



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