Onde a cor se expande e toma a forma, a
linha esmaece.
Para quê a montanha dura e as árvores, se
Delas fluiam tons de siena, ocre, e alguns
azuis que só tu,
Paul Cézanne, compreendias?
Ah! hoje eu sei: o azul das sombras, o azul das
distâncias de Da Vinci,
O quase simbólico azul que faz profundidades
Veio à frente como pura cor,
Desfez-se de ser sombra
Veio à frente como pura cor,
Desfez-se de ser sombra
E as veladuras romperam-se em tons
De claridade, liberando a abstração:
Terias disto a noção, Paul Cézanne?
Saberias que as tuas cores livres
despertariam
Uma arte em que a montanha, as árvores e o vale
Seriam dispensáveis,
Tornando-se atributos do poder da cor?
Foi a Arte que nos disse
Por tuas mãos, pintor.
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