Há
um aspecto da Consciência que não se modifica.
Aquele menino que, no colo da mãe, viu os presentes de aniversário sobre a cama já era este que escreve, consciente de si. A cada
dia de cada década, foi o mesmo ser sensível e agente. O que mudou foi a
destreza em manejar seus recursos.
Ao
longo de muito tempo, a pessoa confunde o que é com a voz da mente, com a qual embrenha-se em discussões sobre o controle de impulsos ou opiniões alheias. Defende os seus pontos de vista em diálogos internos travados com as imagens de
figuras amadas, respeitadas, ou detestadas. Usa a imaginação para discutir, criar hipóteses, num ruído interno.
A pessoa consegue em certos momentos meditar lucidamente sobre um tema utilizando
os recursos desta reflexão em palavras. Mas o mais comum para muitos de nós, é
uma conversa confusa e fútil. E se nos damos à tarefa de analisar os
conteúdos da mente e suas vozes, perdemos tempo enorme com parcos resultados.
Esta mente faladora só em parte representa a Consciência e, comumente, seu discurso é apenas auto-justificação.
Torna o que somos compatível com que desejamos ser. Racionalizamos a realidade
para nos justificar perante o que somos no mundo. Ou, pior no caso da fé religiosa tradicional quando os mecanismos da culpa pela comparação com figuras perfeitas transforma o diálogo interior em barulho infernal.
Chega
um momento, porém, para alguns, em que o conflito de opostos perde o sentido,
de modo que o debate interno obrigatório e urgente torna-se recurso
dispensável. Este instante da vida irrompe quando a Consciência passa a integrar seus
opostos. O momento do Eu sou o que Eu sou de cada um. E a pessoa dá-se conta
de que a Consciência de si mesmo é independente da voz da mente. Extinguem-se o
ruído do diálogo interno, as racionalizações, os debates e lá está o ser
consciente de si, no silêncio, íntegro. O menino a observar os presentes, este
homem no mundo, o ser atemporal a contemplar-se, o animal e o anjo. O Espírito.
Não
é sem um certo estremecimento que a pessoa se desliga dos ruídos da mente. Desfazer-se
de suas bengalas, suas disputas internas, suas justificativas e explicações para
lançar-se no caminho desconhecido de ser o que é.
Mas,
se o indivíduo segue em frente, dá-se conta de que a ladainha diária era medo. E percebe que um outro tipo de reflexão
não-discursiva passa a funcionar na psiquê. No
silêncio, a Consciência torna-se mais clara e os atos, espontâneos.
Não significa que o recurso da reflexão pelo diálogo interno seja evitado dali para diante, ou que a imaginação não monte um debate interior em torno de temas pungentes. A Consciência, dentro desta nova dinâmica, pode analisar e iluminar os conteúdos emocionais que fluem como discurso na mente. Deste modo, a mente e seus recursos podem ser usados quando a consciência bem o queira, mas a mente não se confunde mais com a consciência e a pessoa não é mais escrava da mente.
Não significa que o recurso da reflexão pelo diálogo interno seja evitado dali para diante, ou que a imaginação não monte um debate interior em torno de temas pungentes. A Consciência, dentro desta nova dinâmica, pode analisar e iluminar os conteúdos emocionais que fluem como discurso na mente. Deste modo, a mente e seus recursos podem ser usados quando a consciência bem o queira, mas a mente não se confunde mais com a consciência e a pessoa não é mais escrava da mente.
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