domingo, 29 de março de 2020

Poema de quarentena II


Móvel, o céu se redesenha
Em formas, cores,
Nuvens brancas, róseas, prata,
Que na imensa tela azul
São flores

Impermanentes 

Como as vidas e as dores
Da gente.

Fico a mirar a beleza
Que se cria, neste quadro
A transformar-se todo o dia,

Nesta abóbada que
Algum Michelangelo celeste
Pintaria.

Passam horas,
O azul entorna violetas
E tons de mar profundo,
Até que o cósmico negror
Recobre o mundo:

Negrume etéreo,
Engastado de mistérios
E diamantes,

Para a viagem dos sábios
E gozo dos amantes.





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