Seu passado remonta aos imemoriais
Tempos em que era abrigo de pastores
Lusos, e fortaleza romana com nome de poesia:
Cava Juliana,
No sopé dos montes Herminios,
A Serra da Estrela.
Fez-se vila no século doze
Quando Dom Sancho
Ergueu as muralhas de seu castelo
E Dom Dinis, o rei-poeta, definiu
O bairro medieval.
-A América nem sonhava nascer. -
No Medievo, entre as mais ricas
“Vilas do Reino”, gerou navegadores
Que cruzaram oceanos
E atingiram o Inatingido.
Circum-navegaram o mundo
Descobrindo, com engenho
Em Ciências Náuticas,
O até então inexistente
Em África, Ásia, e na América,
A Terra de Santa Cruz.
Diogo Alves da Cunha conquistou Ceuta,
Pêro da Covilhã chegou a Moçambique,
E um certo Pedro Álvares da família Cabral
De Belmonte gerou o Novo mundo.
No Renascimento, seus campos
Alimentavam povos,
E o talento de sua burguesia
Criou Comércio e Indústria,
A produzir os “panos finos”
Como o disse Gil Vicente.
E tanto fez que Dom Henrique, o Infante,
Tornou-se seu Senhor.
Tanto brilho que o rei Dom Sebastião
Intitulou-a “notável”,
E os reis “castelhanos” e portugueses
A enriqueceram de obras belas.
As ribeiras que descem a Serra
E atravessam a cidade
Sustentaram
As indústrias poderosas
Dos refinados tecidos
Exportados ao mundo
Desde Covilhã,
A “Manchester de Portugal”.
Século Vinte, tempos turvos,
De anti(t)éticas ideologias
Do “Outro mundo possível”
Que transformaram o que havia
Em destroços, fábricas em ruínas,
(como ocorre na América Latina
Ainda hoje em dia.
Tempos de fuga por fome e rancor.)
Mas Covilhã, esta reergueu-se
E trouxe à vida a Universidade
Da Beira Interior.
Tece saberes e tecnologias,
Gesta outros “finos panos”
Da Cultura, férteis campos
Das Ciências, outras riquezas
Para outros tempos.
Seus navegantes singram os mares
Da Impossibilidade
No ideal que os irmana
De desvendar o fundo
Obscuro do mundo Natural,
E da natureza Humana,
Na romana, lusa
Covilhã.
A Cava Juliana.
Belíssimo poema é belíssima homenagem. Lendo me senti como que passeando pela Covilhã que nascia e aportando na Covilhã que produz e não perdeu a beleza da origem. Amor e luz !!
ResponderExcluirSó hoje li teu comentário, querida Sandra. Um enorme abraço agradecido.
ExcluirAmo tua poesia que aguça a alma e faz renascer a vida, sempre. Meu tecido da memória se renova.
ResponderExcluirGrande abraço, companheiro de viagem!
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