sábado, 21 de agosto de 2010

Como se fosse uma oração

Deus,
Ópio natural que me permite
Não depender de exógenas morfinas,
Venerável Desconhecido: meu anti-sentido,
Liberta-me da religião, a tua sombra.
Afasta-me dos idealistas
Que queiram moldar-me
Ao que eles crêem.
E dos que seguem um Livro Sagrado.
Liberta-me, Senhor,
Do líder, do guru e do pastor.

Ilumina minha crítica
E que, ao crer na Aparência
- A face de um fato -,
Eu saiba transcendê-la
E aprofundar-me no Real.

Tu, que dás vida a anjos e a vermes,
Liberta-me dos puristas e fiéis aos Partidos,
Crentes de que a Teoria é a Verdade.
E também dos bonzinhos revolucionários
Que, recorrentemente,
Dedicam-se a inventar a roda,
Acabando por amordaçar as liberdades.
São fantoches de fantoches de fantoches
De sei lá mais quem,
Que, ao fim, deve ser fantoche também.

(Mas, não sendo mais fantoche,
Que Eu não desmonte ao me livrar dos fios...)

Tu, senhor dos agnósticos,
Que, ao criar infinitos caminhos
Produziste as esquinas e,
Portanto, as incontáveis dúvidas,
Liberta-me do tormento
Das certezas absolutas.




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