sábado, 30 de outubro de 2010

Para não dizer que não falei...versão 2010


Como dizia o velho Carlos,
A História só se repete como farsa.
Os companheiros tornaram-se comparsas,
Mudou a professora da USP: foi-se a economista
Que chorava, veio a filósofa irada.
Uns raros poetas ficaram, e alguns outros globais.

Mudaram os inimigos: a boa imprensa
Agora é fascista, e calunia.
Após longos oito anos de dirceus, genoínos,
Erenices, e toda a rede conhecida,
E a, talvez para sempre, desconhecida,
Entre cenas hilárias como o dinheiro
Nas cuecas, voltam sorrindo
Feito virgens vestais
Defensoras da democracia
Sem as quais, como disse o Rei-Sol,
O dilúvio, não Delúbio, adviria...

Oito anos de discursos idiotas,
Metáforas “que nem” má filosofia,
A história se repete, e o país,
Como de costume, dá de graça.

Crêem que cremos em tal farsa
(E impressiona, pois ainda há quem creia):
Pelas ruas de miséria sempre cheias,
Perambulam as crianças exploradas
Apesar de um estatuto que as protegeria.

Favelas em cósmica expansão,
Escolas da pior categoria.
Esmolas brasilienses não serão
Para o Brasil a terapia.

E o Rei a marginais se (nos) associa:
Um que planeja usinas nucleares,
Após amordaçar Venezuela;
Outro que mantém prisões políticas
Naquela ilha sempre mais raquítica
Por ideológica anemia;
Outro além, que à "adúltera" sacrificaria
E planeja varrer deste planeta
O antigo povo de Israel.

Se crêem, que seu voto deles seja,
Porém, atentos como o insone!
Se houver, da parte desta corte,
A idéia de nos calar a voz,
A História desta terra pede a nós
Que em algum momento do futuro
Desfaçamos, por favor, a espúria farsa.



sábado, 9 de outubro de 2010

Momento simples


Onde o ar expande-se mais amplo
Em brisa aberta sobre o campo,
Levando o fruto das lavandas,
Adiante, mais adiante,
O teu sorriso esboça-se: diamante,
Por que há a paz de andar e a de ser,
Eu sou feliz aí e neste instante.
Arándanos colorem a paisagem,
As vacas pastam em qualquer paragem,
Cavalos correm livres no horizonte,
A água brota de uma humilde fonte
E tu sorris num pôr-de-sol rubi:
Neste instante, eu sou feliz aí.

Ah! coisas simples, sumo desta vida,
Eu vos percebo quando sou feliz.