sábado, 23 de novembro de 2013

domingo, 17 de novembro de 2013

manhã de domingo, primavera


A manhã se destranca: é potro livre
Que afasta-se da cerca e busca a linha
União de terra e céu na qual se aninha
O sol que, solto agora, vem subindo.

A brisa que nasceu nas terras frias
Sai a assobiar canções de longe
E, de repente, a revelar-se, o dia
Traz aparências que a noite esconde:

O que era azul e violeta faz-se verde,
E rosa e vermelhão e negro e branco...
Quem pinta o dia e quem pinta a noite?

Ou o pintor é o mesmo e vai mudando
A obra desde o sono ao riso franco?
Ou vai deixando as cores no comando...


domingo, 3 de novembro de 2013

Desejos


Eu quero ser assim, tranquilo e claro:
Primeiro sussurro de brisa à beira-mar
Movendo mansamente as folhas
De uma bananeira, a refrescar
A luz quente do sol que vai surgindo
Com esta cor rosada das crianças,
Bebê que nos desperta e nos amansa.

Eu quero ser assim, quieto, a aceitar
O que o dia trará na água do mar:
A concha misteriosa dos segredos,
A espuma que nos lave de alguns medos,
O peixe que nos venha alimentar.

E quando a noite chegue eu quero ter
O olhar ingênuo e lúcido de um crente
Que vê no céu com estrelas o presente
Que um criador de tudo vem lhe dar.

sábado, 2 de novembro de 2013

oliveira


O dia instala-se, com sol e cuia, pela casa.

Dia em que a musa desveste a blusa
E mostra as asas:

Atena canta hino de Eleusis, troveja Zeus,
Restos obscuros sonham futuros
Nos sonhos meus...

Deixo que a vida caminhe livre
Como bem queira,

Eu sou apenas semeador
De uma oliveira.

O tempo passa
Dóem-me as costas,
Seca-me a pele,
E sigo cantando
O hino de Atena,
Lembrando Helena.