sábado, 19 de maio de 2012

Noitinha no Pampa


O Pampa à tardinha emana o perfume
De terra fertilizada pela chuva fina
E às coisas acaricia uma brisa vinda
Da sagrada cordilheira que se eleva ao sul.

Tudo se encurva, enovela-se em sono,
Tudo divaga entre as memórias do dia,
Tudo se aninha, se abraça a algum dono,
Ou pai, ou mãe, ou amor, ou abandono.

A noite vem, lentamente, a lançar veladuras
Sobre o azul prateado das cores do céu
Até cobrir o horizonte com tintas de breu

E então, ah! então  o campo se transfigura
Em cósmica paisagem, em estelar fogaréu,
Desconhecido Mistério, a estância de deus.


domingo, 13 de maio de 2012

A trampa


Na minha Terra, trampa
É armadilha de caça:

Toda arte a tem
Como o Pescar também.

Pesco palavras
Para alimentar a mim
E, talvez, a outro alguém

E me brotam os cardumes
Dos mistérios do que eu sou,
Ao arquitetar poemas
Vou sondando o meu Nous
Descrevendo-me a essência
Com alguma rima e cadência,
Velho cantador de Soul.

Na minha terra uma trampa
Não significa excremento,

Mas um anzol do talento.

sábado, 5 de maio de 2012

Puer Aeternus


Eu deixara meu coração ali plantado
À espera que sol e água o florecessem
Como se futuros brotassem do passado
Independentemente do que eu fizesse.

Veio a Alma, então, dizer-me, em sonho
Que era de não viver a dor que eu sentia,
E que meu coração se exauria, tristonho,
Guardado na cova que eu lhe dera um dia.

Libertei o meu coração nesse momento,
E nos fomos pela vida com suor e talento,
Aceitando o desafio de criar um destino

E o suor derramado ao realizar o Pensamento
Veio adubar a terra da qual brota o alimento
Para o homem que um dia fora eterno menino.





terça-feira, 1 de maio de 2012

Outonal


Imensos cúmulos em lenta marcha
Trazem a brisa azul prateada
Que balança as folhas ocres dos plátanos.

Aroma acre de terra molhada:
É Outono em Porto Alegre.

A Natureza suspira e descansa
De tanto sol e luz passados,
A Natureza banha-se em úmidos
E frescos bálsamos,
E, vestida com um manto de camurça,
Respira fundo o vento frio
Brotado da Pampa,
Fecha os olhos e sorri,
Voltada ao Sul.