sexta-feira, 26 de outubro de 2012

a passagem do tempo


Sinto a passagem do tempo: uma brisa nas cortinas,
Um movimento de águas serpenteando para o mar,
Ondas marcando ritmo com a precisão de um relógio
E o coração a bater, mantendo-me vivo a lembrar.

Amo a passagem do tempo, este fio ligando-me partes,
Laço que trama o que sou com instantes impermanentes,
Fonte das minhas lembranças, as musas de qualquer arte.
Amo o tempo a passar que, ao me levar, dá-me a vida.

Mas sei que além deste tempo aflora-se em outro tempo:
Fluxo do Cosmo a mover-se, compassos de escala imensa,
Onde o passado e o futuro desaguam num amplo Hoje...

Nesse tempo, além do tempo das chegadas e partidas,
Nossa mente é a do animal que tudo sabe e não pensa
E a nossa alma é um baú onde o Tempo inteiro cabe.




sábado, 6 de outubro de 2012

Ouvindo Freire


A alma se expande e aprofunda-se
Na música: Nelson Freire se apresenta e
A rudeza mais rude acalenta,
A emoção mais seca dessedenta.

Há música e o olhar vê sem ter mira
Vê o som mover-se
E a noite escura também ver-se
A surgir no poema como em surto,
Em susto, em ritmo e rima.

Surge a poesia porque há música
E, por Freire, Shubert reinventa-se...