sábado, 16 de abril de 2011

enigma


Sou pêndulo, e me movo
Pelo mundo e fora dele,

Sou uma formiga em fila,
Velho cão com cicatrizes.

Sou o homem mais comum
Com meus instintos felizes,

Mas também sou Aasvero,
Um ambíguo forasteiro.

Há momentos em que tenho
O Vazio por meu país
E vasculho a Eternidade
Como um pequeno aprendiz.

Se, às vezes, sei bem pouco
De outras me brilha a mente
E eu descubro as respostas
Sem pensar, feito vidente.

Nos meus sonhos vi países,
Monges, templos e desertos.
Sonhar é um outro espaço
Onde eu sei estar desperto.

Assim, sou como tu,
O Enigma num disfarce,
Céu e terra, água e fogo,
No dia-a-dia a encontrar-se.




silêncios



Silencio, fico quieto
Percebendo-me os cios,
A energia nos fios,
Meus movimentos de rios.

Fico fluindo no mundo
Que corre em mim, eu o sinto.

Calo, pois sei pouco das coisas
E o pouco que sei eu não falo:
Prefiro ferir a vida
Com a sonda do olhar.
Ao tocá-la me reconheço
Uma parte a se perceber.

Sei pela arte que a Vida
Revela-se a pouco e pouco
E é sendo lúcido e louco
Que tenho os olhos de ver.