sábado, 14 de junho de 2014

um país imaginário

Fico imaginando um imenso país. Determinado grupo que acha que sabe das coisas e que o mundo deve ser regido por filósofos, entra no poder e, apesar do apreço pela filosofia, passa a agir com pragmatismo político, ou um outro sinônimo para mau-caráter. Entope a administração pública de gente do partido porque “o fundamental é o ideal do coração“, independente de critérios técnicos. Por exemplo, uma professora, ou socióloga “de boa alma“ é colocada como administradora de um complexo hospitalar; um oftalmologista, digamos, sujeito simpático e afim com o  poder, é selecionado para ser um secretário que organizará os hospitais de um grande Estado, com ênfase especial na reestruturação do sistema de atendimento aos pacientes psiquiátricos. Gente do serviço social por todo lado, não atendendo as necessidades da população em dificuldades, mas transformando o sistema de saúde numa espécie de Escola de segundo grau, com fichas de avaliação e contra-avaliação. Que contam pontos ou geram castigos.  Administradores que, se pudessem, estariam aposentados, curtindo as benesses da vida burguesa, que dizem filosoficamente abominar. Além de uma multidão de pessoas do partido que simplesmente não trabalha e ganha, provavelmente por que “o homem enquanto ser rebelde não deve fazer do trabalho o seu maior objetivo“. Neste país imaginário, os melhores funcionários, que custam caro e reclamam, e são pessoas “chatas em sua fixação por detalhes técnicos“ são gentilmente convidados a se dirigir à iniciativa privada por meio de demissões voluntárias, sendo substituídos por hordas de partidários com as características já citadas. Boa parte destes partidários já recebeu algum escuso benefício, uma viagem com a família às custas erário público, uma vantagem indevida, enfim está de algum modo “com o rabo preso“, e é “como todo mundo“... corre o risco de “perder a boquinha“ e há um nervosismo nos corredores, sempre. Desestrutura-se o complexo sistema de Saúde Pública, humilham-se profissionais sérios, atende-se a população da pior maneira possível por gente sem qualificação (sempre e cada vez mais “nas coxas“). O ideal do partido é algum país “onde o valor material não seja o determinante da ação humana, onde o tecnicismo e a especialização sejam desnecessários“. Ah! como é lindo o discurso. Se as ruas se transformam em casa de doentes mentais, drogaditos, crianças exploradas para a mendicância, o poder troca o discurso: não se deve mais “à falta de vontade política“, mas sim à “liberdade de ir e vir, a liberdade de escolher o próprio destino“. Pronto, mudado o discurso o mundo filosoficamente se transforma no melhor... Descrevo a Saúde pois é a área em que atuo, mas o mesmo se passaria na Educação, na Segurança Pública, na Administração da Energia, da Aviação Civil, etc. etc.etc. Qual o futuro de um país assim, na opinião de vocês? Qual a solução? Para este país imaginário, eu, que sou apenas um cidadão, sem formação técnica em administração, recomendaria o retorno BOM SENSO e uns BONS ADMINISTRADORES COM URGÊNCIA. Mas isto é só um exercício de imaginação, sobre um lugar imaginário.
https://www.facebook.com/photo.php?v=264748316982553&set=vb.100003421590042&type=2&theater

sexta-feira, 13 de junho de 2014

a fonte do poema


Pensava que a poesia viesse
Do choque das ideias
Como um ruído,

Até que silenciei.

Preocupei-me
Com o destino da poesia,
Na mente 
Em silêncio,
Pois ela é som:

O poema
Ainda nascia

Não 
Do torvelhinho
Das ideias

Mas do vazio

Da Consciência.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

sincronicidades


Os pés tomam seu rumo
Se vais olhando estrelas,
E a terra, a mover-se, 
Se orienta por tua bússola.

Se deixas que o mistério 
Se desvende como queira,
Ao desvelá-lo, sem saber
Tu, a ti mesmo, revelas:

Tua vontade  passa a ser
A vontade da vida,

Tua beleza vem a ser
O que a vida tem de bela.