quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

adjetivos e suas surpresas

Não há nada mais Americano
Que um negro americano
Cantando,

Nada mais Ocidental
Que um japonês.

Não há nada mais Brasileiro
Que um paulista
Em protesto
Na Paulista.

Não há nada mais futurista
Que uma casa branca
Num campo não poluído,
Nem maior cidadania
Que paredes
Sem graffiti.

Não há nada mais ousado
Que a garotada a curtir Handel.

Nada mais fora de moda
Que piercing e tatuagem,
E sexo sem proteção
Ou com qualquer um.

Nada mais velho
Que sentimentalismo bobo
Aplicado à Política,
Ou à (má) poesia.

Não há nada mais descrente
Que um crente
A repetir versículos,

Nem mais religioso
Que um cético astrofísico
A falar sobre
Infinitos
Multiversos.