terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Centro (ou poesia natural)

Penetro no escuro que me habita

E, aos poucos, acende-se e desvela

O que pulsava obscuro, e gravita

O Grande Atractor que me constela. 


Pareço ver, mas de fato eu o sinto: 

Foco ofuscante a brilhar no centro,

Aquilo que eu sou e me é distinto

Mas deixa de ser o Outro se adentro.


Digo sentir porque a luz é amor,

E fluxo de consciência, e sentimento,

Gerado em mim pelo Grande Atractor

Em resposta ao horizonte dos eventos.  


Ao abeirá-lo, segundos tornam-se eras,

Ilusões são transmutadas em verdades

Pois eu me amplio, dilata-se a Esfera,

E, ao dilatar-se, o Tempo é Eternidade.



Referências para o poema:

"O que está dentro é como o que está fora". (princípio Hermético) 

“The Great Attractor is a region of gravitational attraction in the intergalactic space” 

“Horizonte de eventos é o limite exterior de um buraco negro ”

"Increasing Gravity dilates time".  (Teoria da Relatividade) 

 אני מה שאני (Eu sou o que sou")

 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

As linguarudas

E a gente vai pensando, aprendendo e mudando. Eu era o guri mais extrovertido e ingênuo deste mundo, como muitos de vocês. Dava-me com todos, era o amigão de todos, o eterno confiante. Mas ao longo dos anos, identifiquei um traço de personalidade em algumas pessoas que foi me tornando um tanto "bicho arisco". Chamavam antigamente as pessoas com este tipo de personalidade, pelo menos em Porto Alegre, de "linguarudas", adjetivo ou substantivo para designar o atento observador e crítico da vida alheia. Este detalhe é importante: especificamente da vida alheia, pois o linguarudo ou linguaruda (hoje sei que a doença afeta ambos os sexos) não consegue ver um palmo diante do nariz sobre sua "própria casa". O sinônimo hoje seria fofoqueiro. 

Lembro de uma "linguaruda", que passeava todo o dia pela rua Rodolfo Gomes, no Menino Deus. Chamava-se Dona Mosmé. Que Deus a tenha. Minha mãe tinha a paciência de ouví-la. Chegava de mansinho, muito suave e sorridente, e se aproximava da Dona Rosa (la mamma mia) e passava a falar baixinho, como que para ocultar as novidades que trazia sobre a vida de alguns vizinhos, como se não fosse repassar adiante o relatório para a vizinhança toda. Ela era uma "fofoqueira full time". Não fazia nada mais que fosse. Pois Dona Mosmé, ia falando e puxando uns fios do casaco da minha mãe, ou limpando o ombro da sua paciente ouvinte com o dedinho indicador, trazendo à tona alguma mazela oculta da vizinhança: "Rooosa, tu sabes que a desquitada está de namorado novo? sabes que o seu Manoel anda pelos bares da Azenha? Que o Chiquinho é...?...etc., etc., etc.). Nunca ouvi minha mãe passar as observações atentas da Dona Mosmé (espero, mas eu era pequeno...) 

Uma realidade que a vida ensina é que para cada um de nós há sempre um cortejo de linguarudos, estes intermediários da desinformação, ou da informação transmitida fora do seu contexto real (como sempre o é um dado que diz respeito à experiência -intransferível- de outra pessoa). 

Ao longo da vida, tenho sido, de algum modo, vítima de linguarudos, que projetam seus defeitos mais secretos nesta pessoa aqui, cuja vida não lhes diz qualquer respeito. E é interessante que a fofoca sobre nós mesmos, as vítimas, sempre nos chega aos ouvidos, ou aos olhos, por informantes atacados pelas Mosmés desta vida. Porque, como li em algum lugar:

"Quem fala mal da vida dos outros para ti, fala mal da tua vida para os outros". 

Passei a deletar pessoas assim, e a ir com calma nas novas relações, buscando identificar o tal traço psicológico nos viventes, um tipo de ansiedade invasiva...Cheguei a dizer, numa ocasião, a algumas colegas que vieram me repassar más histórias da vida alheia: "-olhem, vocês estão perdendo tempo comigo. Ninguém nunca saberá do que vocês me contam. Eu não tenho o mínimo interesse. Nisto, sou um inútil assumido." Vi seus olhares de desapontamento.  

Este é um dos meus defeitos: sou (não apenas) metaforicamente um surdo para os juízes da vida alheia. Graças ao bom Deus.



quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Um prometeu diverso

Deixo meu coração depositado

Sobre o altar de algum deus

Ainda e sempre amado.


O que me fala nos silêncios,

Aconchega-me em seu berço,

E me diz: sou o amigo.

 

Deus que desconhece crenças,

Religiões, ideologias,

Deus a brotar em minha alma

Dia a dia.


E assim é desde menino:

Este templo interno e vivo

Onde me surgem os sonhos

E eu desperto renascido.



Autoria

 Ninguém te dirá se tua Arte

Vale tanto, ou menos que isto, ou mais.


Tua Arte é da tua vida, 

A escrita tua, a tua voz própria,

O trêmulo ou seguro traço

Só traçável por tua mão, 

Com gesto do teu braço.


Autêntico como um cheiro, 

Ou forma de falar, olhar único

De esgueira. 


Crias de ti mesmo uma bandeira.


Andas só, em tua sabida rua,

Expões tua história em arte e verso,

A imperfeita anatomia da tua alma nua,

Astronomia do teu (uni)verso.




sábado, 18 de novembro de 2023

Oito anos de Portugal, Covilhã


Dei-me conta, fazendo minha (sagrada) caminhada matinal, que exatamente nesta data há oito anos atrás eu chegava à Covilhã, no centro de Portugal a convite da Universidade da Beira Interior - UBI. Aposentei-me por tempo de contribuição no Brasil, e resolvi aventurar. Pourquoi pas? O Gustavo, que havia vivido em outros países, incluindo o Brasil, me dizia que eu era de um lugar só, que havia nascido e vivido toda a vida em Porto Alegre, embora tivesse viajado para boa parte da Europa e América Latina. Eu, como bom canceriano, era sim homem do Menino Deus e do Bonfim e também tinha minhas dúvidas. Em Porto Alegre, morando no Bonfim há décadas, tinha meus parques, "meu clube com minhas piscinas, meus restaurantes" (ou seja, um útero urbano), além da convivência deliciosa com amigos e familiares, em jantares e almoços memoráveis. 

Bem, a verdade é que nos últimos anos, Porto Alegre desgovernou em termos de violência, eu mesmo fui agredido e roubado. O Bonfim (algo inacreditável para mim) foi palco de assaltos armados, etc...tudo o que empesta e impossibilita uma vida tranquila em qualquer grande cidade brasileira. 

Mesmo assim, tinha além de dúvidas, 59 anos bem vividos. Pensava em ir para o Uruguai, onde temos uma casa na região de Colonia. Amo o Uruguai, amo a região de Colonia. Pensei em montar meu ateliê de Pintura e Poesia, dedicar meus anos futuros a ler filosofia, e caminhar pelas ruas seguras (naquela época) de Carmelo...O Gustavo, lúcido, porém, me disse: -"tu tens uma atividade intelectual continuada na área da Pesquisa Médica. Em seis meses, o Portoalegrende aí vai estar deprimido."

Pois bem, nos acertamos: vamos tentar Portugal, terra dos meus avós paternos, cujo sotaque eu trazia nas memórias da infância e da adolescência, assim como o gosto por comer filhozes, bacalhau, beber bom vinho e ler Fernando Pessoa, Eça, et caterva…

Antes disso, nos reunimos com o amigo querido Fernando Baril para um jantar no Barranco. Contei a ele minhas dúvidas: o pequeno ateliê de Pintura em Colonia, ou continuar no batente em Portugal. Ele me disse, com aquele olhar maroto que tinha: -"talento tu sabes que tens, e eu reconheço, mas qual teu curriculum vitae em Pintura? Achas que vais te fechar num ateliê a pintar e ficar famoso em Colonia de Sacramento? Se optares por isto, eu estarei contigo e te darei toda a força, mas pensa bem". Foi uma opinião verdadeira e bem vinda como a picanha que comíamos. 

Então, montei minha saída, enviei currículo de médico pesquisador para a Universidade onde trabalho porque vi que dispunha de um baita labotarório onde eu podia seguir com meus projetos, o CICS-UBI - Health Sciences Research Centre. Além de ensinar, como ensinava na UFRGS, desta vez integralmente, na Graduação e Pós-Graduação. Recebi resposta depois de duas semanas: sim, temos interesse em que venha.  

Gustavo e eu pensávamos: como será morar numa "pequena" cidade (pelos moldes brasileiros) de 60 mil habitantes no interior do país? Tínhamos dúvida se nos adaptaríamos. 

Houve um evento internacional sobre Colestase Neonatal, com presença de colegas de todo o Brasil e de outros países, em minha homenagem...e um jantar inesquecível na residência da querida mestra (para toda a vida) Themis Silveira. Joias guardadas no coração.

Pois viemos, inclusive o Paquito, que viajou umas 20 horas na sua caixinha. Longas histórias.

Aqui chegamos e nos encantamos com o tal "interior de Portugal". Interior que nos coloca no centro de infinidade de rotas por estradas perfeitas, circulando a Lisboa, Porto, Coimbra, de imensos tesouros culturais. Menos de duas horas a Salamanca, quatro de Madrid. Visitas recorrentes à Galícia, Astúrias, Cantábria...Paris e todas as cidades europeias a preços baixíssimos. E as milhares de pequenas cidades, aldeias e vilas de Portugal e fronteiras de Espanha, cada uma mais maravilhosa e surpreendente que as outras...E num ambiente de segurança pública sem defeitos...Senti como se tivesse tirado um peso de insegurança das minhas costas. Cuidados de Saúde que nunca imaginei: um Ambulatório Hospitalar na frente da casa, onde são realizados exames sofisticadíssimos solicitados por nosso "médico de família". Vacinação planejada pelo Serviço Nacional de Saúde, que nos envia datas para todas as vacinas, incluindo a Moderna que fiz ontem na farmácia ao lado de casa, obviamente gratuita.  E piscinas, e SPAs, e lindos parques e uma boa casa com amplas vistas.

Enfim, a "pequena" Covilhã revelou-se uma metrópole linda e espetacular para se viver, cercada por campos deslumbrantes.

Portugal, a Europa, foram maternais e gentis conosco, e Gustavo e eu recebemos a Cidadania Portuguesa em menos de 6 meses. 

Continuo minhas pesquisas, enquanto houver desafios.

Mas de uma coisa não abro mão: vou montar meu pequeno ateliê de pintura e poesia, desta vez aqui pela Península Ibérica. Aguardem!


Obrigado Covilhã, obrigado Portugal, obrigado União Europeia! O Canceriano aqui reencontrou seu berço e está feliz.

Única manhã

Eu me levo pela mão nesta manhã

Porque é hora de me deixar levar

Sem esperanças, 

E conhecer 

O que me desconheço, 

Num brinquedo de criança.


Sem escavar teorias ter respostas,

Sem ideologias ver o Sentido

Que me conduz sempre que brota

Novo verso ao ser tecido.


Foram-se as mágoas e os medos,

Rixas internas e externas,

Que me cegavam para o enredo

De verdades óbvias e mais ternas.


Calam-se os livros, os filósofos,

Os gurus, calam-se os ídolos,

Os curas, os papas, os imãs,

Calam-se os políticos e ideólogos,

Cultos e incultos, calam-se todos,


Na minha única manhã.


sábado, 14 de outubro de 2023

As Cores II (Ode aos cinzas)

Amo as cores a combinar-se recriando o Espectro, 

Ou a exibir-se com as nuanças dos matizes puros, 

E amo o cinza em todos os tons, de chumbo ou prata,

Cinza de névoas a proteger-nos do sol duro.


Cinza das nuvens, cinza crômio, cinzas Outonais

Em que o rosa, por amor, irmana-se com os grises

E entretons de amarelo nas bordas quase brancas

De imensos cúmulos-nimbos desfazendo o calor. 


Cinzas grafite das pedras, paredes, ruas, estradas,

Enfeitiça-me o cinza que se torna azul ao longe

Ao dar volume às distâncias colorindo-as com ar. 


Amo o cinza nas vestes, neutra cor das elegâncias,

Nebuloso oposto das ânsias, tesões da cor a berrar. 


O humilde cinza que some para o conjunto brilhar.



sexta-feira, 6 de outubro de 2023

“Causos” de Porto Alegre

Eu e os meus "causos", como diz o gaúcho. São algumas das minhas experiências de vida.

Boa parte da minha vida adulta, morei no Bom Fim, o “Bonfa”, bairro judeu de Porto Alegre, um tanto boêmio e intelectual, com seu imenso parque, a Redenção. Cruzava diariamente com a dona Sarah, o seu Jacó, o músico tal, o artista plástico X, enfim...Ali vivi experiências difíceis como cada ser humano viveu, e também tive vivências maravilhosas e enriquecedoras. 

Ali fiz minhas teses de mestrado e doutorado, criei meus bichos amados, tive amores e fui amado. 

Enfim, um bairro inesquecível, com piscinas, gente a andar pela rua, agito, passeatas, bons dias, olás, cafés e restaurantes...vizinhos e vizinhas tantos que chegavam a ser passantes desconhecidos. Uma das vizinhas, dona Esther, que morava atrás de nosso apartamento na Fernandes Vieira, um dia, quando eu cheguei do trabalho, estava sentada no banco à frente do edifício, e me olhou sorridente e curiosa e perguntou, com seu sotaque que eu diria de iídiche: 

- o senhor é alemão, não?

Eu a olhei, curioso, e lhe disse:

- Dona Esther, eu sou uma mescla de italianos da Lombardia que na verdade eram em parte austríacos, e de portugueses. Alemães, alemães não somos.

Ela sorriu, seu rosto suave, e me disse:

- Ah! austríacos...eu "era" alemã. Nasci e passei boa parte da minha vida na Alemanha; lá viveram meus familiares por muitas gerações. Até que houve a guerra...

E dona Esther puxou um pouquinho a manga da blusa e mostrou-me o frágil pulso direito onde havia um número escrito:

-Eu fui prisioneira de Auschwitz.

Uma revelação que me deixou perplexo, ao ver a delicadeza desta vizinha alemã a compartilhar comigo, seu vizinho de porta, as memórias dolorosas que ela guardava e revivia. E a vergonha do mundo inteiro.


Por falar em vergonha do mundo, numa outra vez foi a vizinha do andar de cima. Uma jovem mulher, muito bonita, divorciada, que vivia com suas duas filhas, também lindíssimas. Eram muito simpáticas e eu acompanhava, mesmo sem querer, o crescimento da mais jovem, que já tinha um namorado, todo atlético e bonitão. À medida que amadurece, a gente fica preocupado com o futuro da garotada nestes tempos caóticos, em que os valores da civilização vão sendo consumidos por ideologias selvagens. E ficamos torcendo para que estas joias lindas não percam o rumo,  e não se destruam nelas os bens mais preciosos que a vida pode oferecer. Pois bem, um dia, a mãe desta família pediu-me algum tempo para conversarmos. Concordei.

Nos reunimos em sua casa e ela se abriu.

- Jorge, queria falar contigo...como médico.

-Por favor, fale comigo como médico e amigo.

-Pois bem, minha menina, a mais jovem, está grávida.

Quase sorri pela bela revelação, mas evitei. Ela continuou:

-Meu ex-marido é um homem rígido, um tanto grosseiro, e por isto nos separamos. 

-E?

- Ele é deprimido crônico, usa medicação, faz tratamento.

-Sim...

- Ele não vai suportar a notícia de que nossa filha está grávida. O rapaz é um irresponsável, dependente dos pais e nem quer saber. Sumiu. Meu ex-marido pode se matar ou fazer uma loucura. Eu queria saber se tu podes indicar algum colega teu para fazer o aborto...

Algo subiu à minha cabeça e eu fiquei, digamos, muito indignado, por ser colocado numa posição decisória quanto à destruição de uma vida humana, por causa de um namorado "vagabundo" e de um pai "violento e deprimido". Mas como tenho anos de traquejo em ser o que sou independente do que os outros esperam, independente da “persona” que os demais impingem a um "médico liberal", disse-lhe com carinho:

- Amiga, eu sou um Pediatra, que significa ser o “protetor das crianças”. Eu não faria algo assim com sua filha, nem com o bebê que pede para vir ao mundo. Independente de qualquer questão religiosa, como médico que ama as crianças, e adolescentes como tua filha, eu não sou a pessoa que pensas que sou, que procuras, eu não posso te ajudar. Se pudesse te dizer algo, é: assumam juntas este bebê, sejam apoio umas a outras. E dane-se o rapaz irresponsável. Quanto ao teu ex-marido, que ele vá mesmo se tratar e não incomode neste momento tão especial de vocês como família. Que busque um psiquiatra melhor. Se quer se suicidar, uma pena, mas ele é adulto. O bebê que vem é o mais frágil.

Ela sorriu, triste e um tanto surpresa, e me disse apenas: 

-Vamos pensar. Mas obrigado.

Saí dali sentindo-me afetado, quase um culpado por complicar ainda mais a situação daquele grupo de pessoas. Um insensível, rígido. Mas refleti para mim mesmo: é o que eu sinto em profundidade; esta é a minha palavra verdadeira e eu seria um farsante se fizesse diferente.

O tempo passou e houve um silêncio na nossa relação de vizinhança. Até que um dia vi a linda filha curtindo sua barriguinha ao sol da manhã. Quase chorei, mas me mostrei impassível e desapegado:

- Bom dia, eu disse.

E a garota, sorrindo, respondeu me olhando nos olhos:

- Bom dia.

Vários meses depois, fiquei sabendo do nascimento e conheci aquela bebê tão linda como a avó e a jovem mãe, digamos também, com uns bons traços do belo avô. 

A mãe um dia chamou-me para outra conversa de vizinhos:

-Jorge, eu queria te agradecer. Não sabes o bem que nos fizeste. Tomei coragem e falei com o ex-marido. Fui forte, firme, empoderada. Ele inicialmente ficou furioso, mas dois ou três dias depois veio visitar-nos e passou a mão sobre o ventre da filha.

Jorge, o nascimento da nossa neta foi a maior bênção para nós todos...e especialmente para o meu ex-marido. Ele é apaixonado pela neta, como o é pelas nossas filhas. A neta é a alegria da vida dele.

O poeta aqui tremeu nas bases e, emocionado, respondeu:

-Que alegria imensa saber disso, ter feito parte da história de vocês.

Soube que o bonitão, irresponsável e vagabundo, voltou a buscar a belíssima jovem mamãe, mas ela nem quis saber. Havia coisas melhores neste mundo, incluindo algum pretendente trabalhador e amoroso. E o amor de sua família. Ela já trabalhava e cuidava da  sua filha. Assim é a vida, rapazes. Hesitou, perdeu a joia!


Estas situações fazem a vida de um médico valer a pena. E não deixar que a profissão torne-se terreno do crime, mais uma vergonha para este mundo triste, cada vez mais medíocre.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Alquimias II

 Para haver a Alquimia eis o procedimento:


Tecemos a vida de dentro para fora

E a vida nos tece de fora para dentro.


Então nasce, no mundo, a obra da História.


Maestria e memórias, o Ouro, no centro.


terça-feira, 25 de abril de 2023

A Revolução dos Cravos

Assisti um documentário no Netflix que me fez refletir sobre a grandeza diferenciada de certos povos, certos países, e sobre a Revolução dos Cravos, data hoje comemorada em Portugal.

O filme que vi e recomendo é Drottningen Och Jag, realizado pela famosa cineasta Iraniana-Sueca Nahid Persson. 

Para o filme, durante longo tempo, Nahid entrevistou aquela que foi imperatriz do Irã por 30 anos, a ainda bela Farah Diba, até que o regime monarquista sob o comando do Xá Reza Pahlevi foi substituído pelo dos aiatolás, a começar pelo Khomeini. 

Durante a minha juventude, a informação das mídias internacionais descreviam o regime corrupto da monarquia iraniana, o que tinha algo de verdade, e não houve família mais execrada em termos midiáticos e políticos que os Pahlevi. Até que a oposição desencadeou a "Revolução Gloriosa", destituiu o xá,  e a família Pahlevi teve que buscar exílio em diversos países. Os responsáveis pelo golpe constituíam-se de um bando heterogêneo formado por fanáticos islâmicos, socialistas incendiários e criminosos sob às ordens da URSS que tinha interesses em alargar seu poder e território, com a ingerência de alguns países ocidentais poderosos. Pois a revolução resultou num Totalitarismo religioso, que dura décadas naquele país e executa mais que torturas, também assassinatos em massa de opositores e abolição das liberdades individuais. Isto se sabe e se divulga agora, mas naqueles tempos estes criminosos eram os heróis dos intelectuais de esquerda. A velha história. 

Pois a cineasta era uma jovem comunista que lutou pela Revolução e foi sua vítima logo após, tendo conseguido fugir do Terror para Suécia. Farah Diba (Pahlevi) e Nahid Persson, duas iranianas confrontam seus passados e presentes com uma grandeza emocionante. O carisma de Farah Diba mantém-se inalterado. Recomendo o filme.

Mas o que refleti não foi só isto. 

As revoluções recorrentemente têm prometido concretizar o céu na terra e acabam empurrando países ao inferno (vide a América Latina de hoje). A intelectualidade tem sua responsabilidade nisto por amar as ideologias mais que a realidade possível, dentro de um idealismo quixotesco.

Pois o que me encanta neste dia é a grandeza de um país que nos recebeu como lar: Portugal. 

Sua Revolução dos Cravos é ímpar, única na História desde a primeira das grandes revoluções da Idade Moderna, a Francesa. 

Uma revolução pacífica, com seus ideais socialistas libertando os portugueses de uma ditadura prolongada, sem armas, sem mortes coletivas. E os resultados prometidos, claro, depois de grandes dificuldades e mesmo erros (como não haver erros?) foi realmente Liberdade. 

A União Europeia trouxe a Portugal, como à maioria dos países da Europa, a garantia de um clima de respeito às diferenças e de progresso coletivo, concretizando a estabilidade numa vasta parcela do mundo. Uma imensa comunidade de países, em um contexto de Liberalismo com fortes políticas sociais. Nada a ver com o socialismo coletivista da primeira metade do Século XX, que gerou (e ainda gera) miséria, tirania e exílio às populações. 

Como refletiu Arendt: "a Comunidade da União Europeia só surgiu quando os socialistas finalmente desistiram do Comunismo". Eu humildemente acrescentaria: quando a força dos fatos obrigou a uma ação Política que visa o melhor da realidade e abandona a "mentira sistemática".

Quem incomoda neste momento é aquela mesma URSS, ainda transvestida de democracia, ainda a ditadura da Mentira. 

Portugal, e a Comunidade Europeia, souberam conjugar o que há de melhor até agora dos ideais Humanistas aplicado à Política e à Economia.

Portugal tem exatamente este espírito: um grandioso (pequeno) país que soube cumprir o seu melhor destino. Lembrando o poeta, Portugal cumpriu-se. 

Parabéns, querido Portugal, pela Liberdade e o bem-estar social! 

Viva a incrível, benigna Revolução dos Cravos.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Apenas um semi-analfabeto corrupto e falastrão?

Depois de grande polêmica sobre Lula discursar numa celebração do maior valor para Portugal, eu me pergunto:

- Como pode um ex-presidiário, julgado e condenado em 3 instâncias pela Justiça Brasileira (a porção realmente qualificada da Justiça), liberado apenas num esquema político por um tribunal formado por indicação política, discursar em uma das festas máximas de Portugal?

- Como pode discursar o ex-presidiário, após as declarações em que ataca as condutas excelentes (do ponto de vista ético e legal) da União Europeia e dos Estados Unidos, e dos demais países realmente democráticos, em relação à criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia. 

Sabe o governo Português o que está por trás disso, em termos de interesses comuns dos criminosos russos e os dos países latino-americanos talvez mancomunados?

Além da mediocridade intelectual do falastrão brasileiro criador de cizânia, de suas opiniões toscas, de seu mau uso da língua Portuguesa, o que se esconde por trás deste discurso absurdo e incorreto? Quais suas verdadeiras intenções de Poder?

As relações políticas deste sujeito têm sido os Castro, Chavez, Maduro, Ahmadinejad, al-Gaddafi, a corrupta família Santos de Angola.

Admiro o presidente Marcelo Rebelo de Souza, mas vê-lo literalmente curvando-se para fazer honras a essa pessoa me pareceu uma fraqueza por demais ingênua.

E eu tenho me perguntado nestes últimos dias:

-Como podem os Portugueses, entre os quais eu agora me incluo, compactuarem com um discurso que tenta dividir os europeus e os norte-americanos, aliados numa causa justa de libertação da Ucrânia invadida por criminosos das máfias russas?

Como um homem desse tipo discursará ao digno povo Português?!

Eu não esperaria outra postura de alguém como aquele sujeito, mas confesso que jamais esperava uma posição assim de Portugal e de sua imprensa.

Os europeus devem despertar desta fantasia de imaginar Lula um grande homem injustiçado por "fascistas". Ele não é um injustiçado, nem são fascistas mais da metade dos brasileiros incluindo os mais lúcidos, os quais merecem respeito. 

Torço pelo Brasil, torço por Portugal e pela Ucrânia.

sábado, 25 de março de 2023

Puer aeternus 3

 Vejo-me a envelhecer. 

As mãos que eram as minhas

Amarrotaram-se, e manchas marcam a pele.

Dói-me joelho, dói-me anca, dói-me às vezes

O pensamento. 


Mas canta igual, com o versejar que tinha

Ele mesmo, o infante a festejar nos meus poemas.


Voz de cristal, criando estrofes, sondando temas, 

Em Arte e Ciência, ele mesmo,

O eterno piá que, ao não crescer, 

É bem verdade, deu-me problemas,


Mas vejam só, a criança interna, 

Tão sonhadora e inda pequena,

É que, ao criar, sempre a brincar,

Faz-me sorrir, a cada dia,

Nas minhas penas.






sexta-feira, 3 de março de 2023

Curriculum vitae

Desde que me conheço por gente

Era um piá escrevente, 

Leitor faminto

Um tanto descrente,

Buscando palavras

Para expressar

O que vinha à mente


Ao observar esta vida

E tentar desvendar

Os segredos

Da eterna mutante.


Além das escritas

Produzia rabiscos, esboços,

Desenhos, manchas,

Pinturas, 

De cada mão, cada olhar,

Sorriso, ou postura,


 Céu, rio, rua,

Sentimento,

Para alguma folha 

Ou tela nua.


E ainda sou

O rabiscador

Do que vai neste mundo,


Com a alma na lua.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Abuso sexual de menores em casa e, se não bastasse, na Igreja.

Para contextualizar aos amigos que se perguntam porque escrevo tanto. Por um lado, pelo gosto que tenho desde guri de pensar, ler e escrever. E, com a existência destas redes sociais, passei a publicar no Face book e neste blog que tenho.

Mas neste caso específico, escrevo porque em 1993 criei no Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre, um hospital de Trauma que atende as zonas mais carentes de minha cidade, o "Grupo de Proteção à Criança e ao Adolescente". O grupo tornou-se e se manteve uma realidade por décadas, incluindo profissionais da saúde como psicólogos (maravilhosos), enfermeiras (excelentes), técnicos de enfermagem e assistentes sociais, tendo apoio dos agentes do Ministério Público do Brasil, com base na regulação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Cada paciente vítima de trauma, ou em qualquer sugestão de abuso, era criteriosamente acolhido e investigado, obviamente com atenção às questões éticas, para identificar violência ou abuso sexual extra- ou intrafamiliar. E assim fizemos, encaminhando inúmeros  casos ao Ministério Público e Conselho Tutelar. Foram décadas de trabalho, envolvendo a coleta de história clínica e psicológica, exames físicos e de imagem, investigação do meio comunitário das famílias pelo Serviço Social, da situação real em que as crianças viviam. 

Confesso aos amigos que até hoje sinto que esta tarefa, que iniciou sem muita expectativa, tornou-se a coisa mais linda e valiosa que fiz como profissional médico e pessoa.

Centenas de casos encontramos e encaminhamos.

Como dizia o querido amigo Prof. Mosca, embasado nas  suas leituras do Budismo Tibetano: "Os médicos não vão para o Céu porque conhecem o Segredo dos deuses". Uma frase lapidar.

Aqueles anos de trabalho no Grupo de Proteção aos menores abriu nossos olhos para a realidade, além da cotidiana violência, sobre o abuso sexual dos pequenos dentro de casa, com a conivência das suas mães dependentes emocional e financeiramente de  maridos ou "companheiros". Esvaiu-se a ingenuidade sobre a sacralidade da família. 

A realidade é trágica e o pior é que, após o processo judicial, as vítimas eram frequentemente re-encaminhadas ao "sacrossanto reduto do lar", ou seja, aos seus abusadores, por juízes despreparados, que pareciam desconhecer, ou negar, que a pena para o abuso sexual de menores no Brasil é cadeia.

Por falar em sacrossantas, este "médico que não vai para o Céu" aqui, ficou sabendo que, havendo-se trazido à tona a questão dos abusos sexuais na Igreja em Portugal, houve pelo menos 4.800 queixas de abusos perpetrados por padres da "Santa Madre". 

E por que a Igreja? Por que não os pastores protestantes, os monges zen budistas? Por que a Igreja, vocês não se perguntam? 

Um motivo pode ser que não se investiga nos outros grupos religiosos, mas sinceramente não creio. Ou seja, a causa não se relaciona a uma crença religiosa, à crença em Deus, ou ao Cristianismo especificamente, mas sim a uma questão particular relacionada à Igreja Católica.

E aí trago uma referência importante, publicada em 1946 pelo filósofo Bertrand Russell, intitulada "A History of Western Philosophy"

Eu, por curiosidade, tentava antes entender onde e porque o Celibato obrigatório tornou-se uma regra fundamental da Igreja Católica, e só na Igreja Católica. Os apóstolos de Jesus tinham vida sexual, filhos. Quanto a Jesus não se tem certeza, nem deve ser uma questão relevante, ainda mais se sabendo que os textos do Evangelho foram retorcidos, recriados, visando a produção de um tipo de ideologia, a tal ponto que Maria, mãe de Jesus, foi "tornada virgem". Eu tentava desvendar isto e consegui a resposta com o grande Russell.

Pois bem, deixando o lado "sacrossanto", descobri que a obrigatoriedade do celibato na Igreja só surgiu no século XI, uma era terrível para a fé cristã, quando a Igreja, por exemplo, utilizou o Terror totalitário contra populações consideradas hereges como os Cátaros, dizimando-os. E obrigou os padres e freiras ao Celibato. Portanto, o celibato obrigatório para padres e freiras na Igreja foi instaurado no século XI por interesses econômicos, visando a evitar que as heranças das possíveis famílias dos religiosos (muitos deles oriundos da Nobreza) passassem para as proles de herdeiros. As fortunas permaneceram na Igreja, para o bem "da causa".

Ou seja, há 10 séculos um grupo imenso de seres humanos passou a ser proibido de amadurecer sexual e emocionalmente através da experiência dos amores familiares e, por que não, extra-familiares (direito concedido pela vida a cada um de nós, seres humanos).

Esta tragédia humanitária que envolve a estruturação da Igreja Católica pode ser a causa de que pessoas, apesar de serem devotadas sinceramente ao Sagrado, tornem-se agentes de atos perversos contra vítimas indefesas, os menores, a grande maioria com até 11 anos de idade. É lamentável.  Obviamente, cada um destes adultos abusadores é responsável por seus atos e deve ser julgado e, conforme, condenado. 

Mas o mais triste é reconhecer, como bem sabem os que "conhecem os segredos dos deuses", que a Santa Madre Igreja, não vai, muito provavelmente, abrir mão da obrigatoriedade do infamante Celibato Obrigatório, um de seus "pecados institucionais".

Quanto aos demais, especialmente os colegas e alunos, vamos proteger os menores da ação nefasta dos abusadores, tanto os das famílias quanto os das Igrejas!

domingo, 12 de fevereiro de 2023

O riacho (lembrando de Rumi)

Lembrando de Rumi


Tesouro de todas as cores a emanarem brilhos:

Um curso de água

A fluir lentamente

Tocado pelo Sol.


Qual joia preciosa, qual coroa de rei

Imita aos sentidos a beleza

De um riacho lentamente a mover-se 

Beijado pela luz do Sol?


sábado, 21 de janeiro de 2023

Deuses malditos (todos, de qualquer lado)

(Lembrando de Luchino Visconti e seu La Caduta degli dei, 

traduzido no Brasil como “Os deuses malditos”)


Deixei de crer nos deuses malditos,

Os tais "gênios" devoradores de valores,

Ao decifrar meus próprios mitos

Revelados pelos sonhos e amores.


Calei a lábia desses "deuses decaídos"

Destiladores de ideologias

Que confrontavam nos meus ouvidos

Cacofônicas filosofias.


Pude ver na realidade os frutos podres

Da criação de um Novo Mundo:

Crimes, Terror, arbítrio e fome.


Os ativistas destruidores do que existe,

Jamais atingem algum oposto desejável

Pois arrasam o melhor que há no Homem.


Amo Portugal

 

Amo Portugal
Isto já é certo,
Este estar quieto
Por fora
E por dentro 
Completo.

Amo estar 
Sob o meu teto.
Amo o Portugal
Do amor discreto.

Amo seus verbos
No infinitivo
Em que ir vivendo
É estar (bem) vivo.


sábado, 7 de janeiro de 2023

os incomuns



Sou do tipo incomum 

Que fica feliz

Quando há neblinas 

Numa tarde gris. 


Nuvens flutuando 

Nas ruas comuns

Pintam de mistério

Qualquer esquina,

E os horizontes 

Despercebidos

São como a presença

Só pressentida

Das coisas divinas.


Mas eu amo também

As cores pintadas

Por suaves chamas

De alguma brasa

Que ao se desfazer

Dá vida à  casa.


Alegrias tão simples

De quem ama o inverno

Como decifrar sonhos

E sussurrar versos.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O Admirável Novo!

"…Whatever proportions these crimes finally assumed it became evident to all who investigated them that they had started from small beginnings. The beginnings at first were merely a subtle shift in emphasis in the basic attitude of physicians. It started with the acceptance of the attitude ... that there is such a thing as life not worthy to be lived.... Gradually the sphere of those to be included in this category was enlarged to encompass the socially unproductive, the ideologically unwanted, the racially unwanted, and finally all non-Germans.... It is, therefore, this subtle shift in emphasis of the physicians' attitude that one must thoroughly investigate..."

Dr. Leo Alexander, assistente de acusação no julgamento de Nuremberg 

(fonte- https://www.ufrgs.br/bioetica)


Algo novo, algo novo!

Uivam os gênios, 

Os ídolos, os doidos,

Gozam os políticos espertos 

E idiotas acoplados,

Seus ideólogos.


Clamam todos: algo novo

Que comova multidões,

Gere frêmito e paixões,

E se imponha às gentes:

Combustível 

Para queimar o Presente!


E se falta no mercado 

Quem crie o Novo

Que se importe

De algum povo 

Amoral

Que o invente.


Novo? O mundo crê que o ignora

Mas a memória o recorda, ou pressente:

Revolução que mata e não cura.


Eutanásias!

Ainda que se danem 

Nas enfermarias,

Os doentes, malcuidados 

E sem analgesia.

Infanticídios!

Que as mulheres sejam

A massa de manobra

A destruir, com autonomia,

Bocas inúteis,

Suas “inúteis crias”.


Novo! Novo!

Que se transforme a Medicina

No ofício que, como esmola, 

Assassina.


Este Novo,

Tempero secreto dos totalitarismos,

Renasce de atavismos,

Fruto podre da selva arcaica,

Dos filicídios, parricídios,

Avós e crianças

Ao relento, repudiados.

Doentes ou dementes 

Piedosamente eliminados.


Novo, que devora

O mais belo símbolo 

Um dia sonhado

Pela Humanidade:

Não matarás

Como regra de ouro,

A Primeira Verdade.


Vitória desesperada

Da miséria moral de umas gentes 

Amnésicas, 

Desumanas, 

Toscas,

Endinheiradas.















quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Brasil 2023

 

Quando as ruas deixaram de ser tuas
E tornaram-se crimes e tragédias,
Tua casa invadida por facínoras 
A pregar a corrupção dos teus valores?

Onde ficaram os serões entre amigos,
Em que o chimarrão girava nas conversas,
Diante das casas do teu bairro antigo?
Quando se refugiaram teus vizinhos?

Quando os irmãos tornaram-se inimigos
Divididos nas disputas das escórias?
Quando perdeste a fé no Ser Humano?

Se podes ser o que eras antes disso
Reviverás  a alma que te habita
E paira muito além desses esgotos.


domingo, 23 de outubro de 2022

Outono 2022

Quando paro, olho na janela envidraçada

O que é a vida que flui, sem pensar nada

E vejo claro o que me dá este momento:

Montes coroados pelas nuvens, e o vento.


Como posso só agora olhar a paisagem,

-Perdido que eu estava em mil trabalhos-

Para eternizar em mim a foto de viagem,

Tela do mundo exposta aos sentimentos.


Que ruído me impedia este acasalamento

Com a vida a dançar em pleno Outono?

Sou todo olhar agora, todo apenas ver


As prendas impermanentes que se tecem

Bordadas, sem palavras, qual se fossem

Silenciosas mensagens do que é Ser.


sábado, 15 de outubro de 2022

A sacralidade e os ateus

Sobre "sacralidade" da vida humana: um ateu culto pode dar-se conta de que o "não matarás" representa a base da Civilização Humana, que se desenvolveu ao transcender da Barbárie Original. A expressão "valor sagrado" tem o significado de valor fundador, fundamental, sem o qual não há Lei. É tão precioso que tornou-se o símbolo de "Primeira Ordem" na Lei Mosaica (uma das civilizações mais antigas e, portanto, experientes da Humanidade). Isto vale para reflexões sobre eutanásia, pena de morte, aborto, infanticídio.  Matar degrada pessoas e comunidades ao nível mais primitivo e bárbaro. 

Sobre o embrião, o mesmo ateu sabe que ele não representa um "aglomerado de células", que pode vir idêntico numa nova tentativa. Quem conhece um pouco de Embriologia e Genética, sabe perfeitamente, que um ovo humano, tem em si um arranjo genético ÚNICO, graças a todas as transformações moleculares, os crossing-overs, as influências intrônicas e modificações exômicas.

Do ponto de vista biológico, aquele embrião que se desenvolve não ocorrerá nunca mais, ou seja, ao matá-lo ele será eliminado da vida e da História Humana. É um Ser Humano, esta palavra que deveria ter um valor símbólico de "religioso", numinoso (de Numen), "divino" (independente de se crer num deus) para uma Civilização que se preze. Assassiná-lo significa retirar do futuro da Humanidade algum gênio, santo, ou qualquer pessoa, que merece ser recebida de braços abertos. Do ponto de vista biológico (e isto não tem a ver com fantasias transcendentais ), esta pessoa (única, específica) foi definitivamente descartada do futuro.  Independente de ela vir ao mundo com saúde ou doença. Pior ainda, eviscerar fetos plenamente senscientes após a 12ª semana é um crime covarde do pior tipo. Assim como o infanticídio ("after-birth abortion") recentemente legalizado na Holanda.

Hoje em dia há leis da Alemanha protegendo embriões de frangos! E os humanos?

De 1973 a 2017 foram assassinados intra-útero 40 milhões de seres humanos nos Estados Unidos (seria população de país inteiro) pelo uso "anticonceptivo" do aborto. A discussão técnica adequada a algumas situações deve ser feita  para liberar abortos quando há risco de vida de uma mulher adulta ou adolescente, com certeza. 

O resto é hedonismo grosseiro, insensibilidade desumana, conduta eugênica cujos resultados conhecemos bem desde o lema nazista da "vida indigna de ser vivida"  (Vernichtung lebensunwerten Lebens) de tão triste memória.

domingo, 9 de outubro de 2022

Aos rebeldes

Os heróis do Romantismo moderno tem sido rebeldes. Rimbaud, Byron etc., etc. Vendo a rebeldia da garotada atual pichada nas paredes de cidades históricas portuguesas como via o vandalismo generalizado das paredes do Brasil, eu fico pensando:
Caro rebelde que usa as paredes públicas como se fossem espaço seu, creio que você é um corrupto. Sem ser visto, escondido, você vandaliza o que não é seu, como o vagabundo engravatado rouba as finanças dos seus pais, do seu país, como se fosse coisa dele e dos aliados.
Se você sabe escrever com talento e criatividade, o faça no computador, em blogs, em papel, poemas, crie arte com palavras, estude com gana e estruture textos de crítica. Crie crônicas, contos. Se gosta mesmo de Inglês, aprofunde e escreva o que quiser nessa língua, ou em Francês, como bem queira. 
Se você ama desenhar e pintar, crie quadros, nas bases corretas seja papel, madeira ou telas, desenvolva um processo criativo só seu, desenhe. Aprenda a fazer murais e então participe de projetos de Arte Urbana, a pedido, onde seu trabalho será admirado pela coletividade. 
Mas se você é medíocre, se só sabe rabiscar algumas frases e "conselhos para o mundo", ou ainda pior, inventar uns garranchos incompreensíveis como fazem as crianças antes de se alfabetizar. Se seus desenhos são medíocres e só enfeiam a vizinhança, tanto que você rabisca no escuro para não ser visto, então, caro rebelde, tome uma atitude corajosa, vá à luta e assuma as consequências da sua rebeldia: faça em sua própria pele os garranchos, tatue-se com suas frases e conselhos, com seus desenhos malfeitos. Ou nas paredes da casa de sua família! Seja rebelde no seu próprio corpo, na própria casa, mas deixe nossas paredes em paz. Não nos roube a beleza dos espaços urbanos com a sua mediocridade.

sábado, 8 de outubro de 2022

O Tempo Voa

"Ainsi, toujours poussés vers de nouveaux rivages,
Dans la nuit éternelle emportés sans retour,
Ne pourrons-nous jamais sur l'océan des âges
Jeter l'ancre un seul jour? "

Le Lac, Alphonse de Lamartine

O tempo voa
E vem pousar 
Dentro da gente
Nas memórias
Gestantes 
Do Presente.

As histórias, então, 
Seguem em frente,
Ou nos trazem
O passado
De presente,

E assim somos
Mutantes
Do Futuro
Pelos genes
Transmutados
Por memórias.

Voa o tempo
Mas repousa
Qual semente
No coração  
Que revive
Em pensamento
Os tesouros 
Das memórias
Renascidos,
Pelo tempo
Que ao fluir
É como vento.


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

A Obra

A água mansamente vai fluída.  

Do largo rio a pele se arrepia

E chilreios soam, suaves pios

De alguma passarada escondida.


A brisa é a cortina a mover-se,

O coração a manter-se é a vida

E a alma emociona-se ao ver-se

Finalmente fonte despoluída.


Tudo valeu, o veneno consumido

Tornou-se o bálsamo da cura,

Tesão gerou amor e sua memória,

   

Lucidez destilou-se da loucura,

A Obra prometida veio à História

E minha sede bebe a água pura.


quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Mirada de Andalucía


Memórias ainda vivas. Lembro de minha irmã Carmen Vives chegando da escola, o Instituto de Educação General Flores da Cunha, com camisa branca e vestido azul marinho, a me abraçar, pentear, a me cuidar. Uma segunda mãe que a vida me deu. Ensinava-me o hino da Escola: "...o IE a rebrilhar". Contava as histórias da escola: uma colega que cantava no Programa do Guri, TV Piratini, e era ofendida pelas demais por ser "namoradeira" (coisas do início dos anos 60). No aniversário desta colega, nenhuma das convidadas apareceu. Algum tempo depois a garota que sofria bullying encontrou com minha mana no ônibus 78 que ia ao Menino Deus, onde morávamos, e disse que, além de aprender tricô estava indo para o Rio de Janeiro, ou São Paulo, pois tinha sido convidada a gravar um disco. O nome da guria era Elis Regina. Pelo que lembro da Elis, ela nunca perdoou aqueles maus-tratos portoalegrenses. Mas o tema não é a cantora, mas a amiga que a ouvia e se interessava por suas confissões. Por este tempo, Carmen já era uma jovem "morocha de ojos verdes". Minha irmã foi a única mulher que conheço (corrijam-me!) que era loira e pintava os cabelos de preto. Para ser uma "morena de olhos verdes". Minha irmã, aos meus olhos de menino era uma espanhola. O nome "Carmen com n" foi coisa de nosso pai, por que lhe agradava a grafia em espanhol. Mas Carmen, além do nome, tinha algo de espanhol. Uma força, uma firmeza, uma dignidade únicas. Um olhar forte, que hoje eu chamaria "mirada de Andalucía".
Logo que pôde, conseguiu um emprego e trabalhava para ajudar à família. Fez carreira, com inteligência e brilho, como Secretária da direção do Hospital Ernesto Dornelles. Lembro que os primeiros salários que recebeu serviram para me comprar uns presentes inesquecíveis: um traje azul marinho com um Chevrolet bordado num dos bolsos (lindo), um casaco de couro para o inverno (verde militar com estrias em siena) tão elegante que eu usaria hoje, e uma coleção das obras completas do Érico Veríssimo. Li estes livros ao longo da minha infância e creio que fui influenciado em vários aspectos por estas leituras. Gracias, mana!
Minha mana espanhola tinha uma personalidade intensa e bem estruturada desde menina. E esta morena de olhos verdes, charmosa, bem vestida, enlouquecia pretendentes (obviamente sob rígido controle do pai e da mãe). Choviam pretendentes que ela ia descartando independente de dinheiro, de belezas, de automóveis e futilidades afins. Carmen sabia o que queria. Pois vi minha irmã se encantar, casar, formar família, com um homem que lhe faz feliz até hoje, e lhe deu um sobrenome espanhol. Construíram uma família maravilhosa e Gilberto Vives, meu cunhado, aprendeu a respeitar os humores e vontades de "doña Carmen Vives". Se algo importante não lhe agradava, a mana criava um clima poderoso de silêncio, um distanciamento mental firme que exigia um pedido de desculpa para que o coração magnífico, doce e gentil de minha irmã voltasse a florescer na vida em comum. Minha irmã, não se dava à deselegância de brigar, afastava-se. Aprendi isto com ela, como tantas outras coisas. Minha irmã venceu imensas batalhas para criar os filhos. Ajudou nossa mãe. E uma das minhas alegrias é ver a felicidade dos Vives. Meus sobrinhos e sobrinhas do coração, dignos, esforçados, honestos. Coisa dos Vives, Carmen e Gilberto. E ver minha irmã aos 80 anos ainda jovem, fazendo viagens pelo Brasil e pelo mundo (nos visitou em Portugal), sorridente, inteligente, como sempre bonita e, finalmente, loira...😍
Querida mana, feliz aniversário! Saúde, felicidade, força sempre. E que a festa que preparam para ti seja de arromba! Dança um bolero por mim. Vou te visitar logo que possa.
Beijo do teu mano. 

domingo, 21 de agosto de 2022

Demagogos

 

Os demagogos surgem dos esgotos
De escusos projetos e inveja.
Como se fosse pelo bem dos outros
Tecem as teias dos próprios desejos.

Destroem pátrias, geram miseráveis,
Dividem povos a implantar cizânia,
Berrando hinos pelas igualdades
Conduzem tolos numa “nau de insanos”.

Os demagogos vomitam palavras,
E mancham ideais com os dejetos
De sua medíocre sanha de poder.

Pobre é o povo que lhe cai nas garras:
Por liberdade, prendem-no a amarras,
Por igualdade, levam-no a morrer.



terça-feira, 16 de agosto de 2022

Rosa

 Eu te via, linda figura, alma ampla,

Joia de outras terras, outros tempos,

Regando os brotos que cresciam no jardim:

Os teus amores, com amores para mim.


Teus olhos de um azul mediterrâneo,

Recordavam paisagens de altos montes

Enquanto cozinhavas horizontes

Aos teus amores, com sabores para mim.


E com as histórias da vida que sofreste,

Teceste os bordados de um contexto

A atapetar os vazios do meu caminho.


E foi tanto teu amor, tão liberado,

Que esta cria que educaste no passado

Pode voar ao seu melhor fora do ninho.






segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Sonho do que houver

Não serei poeta de dramalhões românticos, 
Maldizendo a vida ou amor desfeito, 
Planeando a destruição do Mal "dos outros", 
Buscando a morte como cura dos defeitos. 

 Não serei herói romântico à francesa, 
Desses que, morando em mansões, 
Destruiriam a moral burguesa, 
A morrer jovens e loucos com milhões. 

 Não usarei versos em riste, tão comuns, 
Para acusar os podres deste mundo, 
Pois quanto aos podres já bastam as TVs. 

 Farei poemas meus desde o que sou, 
Sem poetar como nos manda a moda, 
Meus versos serão os sonhos do que houver.

sábado, 16 de julho de 2022

Covilhã

Seu passado remonta aos imemoriais

Tempos em que era abrigo de pastores

Lusos, e fortaleza romana com nome de poesia:

Cava Juliana,

No sopé dos montes Herminios,

A Serra da Estrela.


Fez-se vila no século doze

Quando Dom Sancho

Ergueu as muralhas de seu castelo

E Dom Dinis, o rei-poeta, definiu

O bairro medieval.


-A América nem sonhava nascer. -


No Medievo, entre as mais ricas 

“Vilas do Reino”, gerou navegadores 

Que cruzaram oceanos

E atingiram o Inatingido.

Circum-navegaram o mundo

Descobrindo, com engenho 

Em Ciências Náuticas, 

O até então inexistente

Em África, Ásia, e na América,

A Terra de Santa Cruz.

Diogo Alves da Cunha conquistou Ceuta,

Pêro da Covilhã chegou a Moçambique,

E um certo Pedro Álvares da família Cabral

De Belmonte gerou o Novo mundo.


No Renascimento, seus campos 

Alimentavam povos,

E o talento de sua burguesia

Criou Comércio e Indústria,

A produzir os “panos finos” 

Como o disse Gil Vicente.

E tanto fez que Dom Henrique, o Infante,

Tornou-se seu Senhor.

Tanto brilho que o rei Dom Sebastião

Intitulou-a  “notável”,

E os reis “castelhanos” e portugueses 

A enriqueceram de obras belas.


As ribeiras que descem a Serra

E atravessam a cidade 

Sustentaram

As indústrias poderosas

Dos refinados tecidos

Exportados ao mundo

Desde Covilhã,

A “Manchester de Portugal”.

 

Século Vinte, tempos turvos,

De anti(t)éticas ideologias

Do “Outro mundo possível”

Que transformaram o que havia

Em destroços, fábricas em ruínas, 

(como ocorre na América Latina

Ainda hoje em dia.

Tempos de fuga por fome e rancor.)


Mas Covilhã, esta reergueu-se

E trouxe à vida a Universidade

Da Beira Interior.

Tece saberes e tecnologias,

Gesta outros “finos panos”

Da Cultura, férteis campos

Das Ciências, outras riquezas 

Para outros tempos.


Seus navegantes singram os mares 

Da Impossibilidade

No ideal que os irmana

De desvendar o fundo 

Obscuro do mundo Natural,

E da natureza Humana,

Na romana, lusa 

Covilhã.

A Cava Juliana.






domingo, 10 de julho de 2022

As origens dos mitos

 


No caminho para uma praia fluvial hoje em meio a estas paisagens incríveis de montanhas e campo do interior Português, vi algo pela primeira vez e me tocou. Num grande terreno dourado onde se fazia a colheita do trigo, estavam centenas de cegonhas recolhendo os restos da colheita e levavam para alimentar os seus recém-nascidos os grãos que coletavam. Nesta região, como em toda península, sobre antigas construções, torres de Igrejas, chaminés de pedra de alguma empresa abandonada, as cegonhas constroem imensos ninhos de palha. Migram entre África e a Península Ibérica - e creio que em toda a Costa Mediterrânea-, voltando ao antigo ninho naquela lembrada torre onde foram alimentados por seus pais para alimentar aos seus filhotes gerados aqui. Algum tipo de memória ancestral, ou nem tão ancestral, que mantém estes seres alados belíssimos, brancos, enormes, envolvidos no dever “sagrado” de migrar para gerar e manter a espécie, seus filhos, e proteger os recém-nascidos acima de tudo. Aqui percebi profundamente o símbolo belíssimo da cegonha em relação à geração dos bebés. As cegonhas e seus bebés que são amados e protegidos aqui, como deve ser.

domingo, 5 de junho de 2022

somos galáxias

 "Eu sou uma galáxia, você é uma galáxia".

Vangelis


Somos galáxias,

Em nós convivem os bilhões de seres,

Cada qual minúsculo e imenso,

Que existem 

Para que existamos.

Complexos seres

Que ao viver em nós

Dão-nos a vida.

Interligados por

Matéria obscura, 

Desconhecida.


Somos galáxias, 

E no centro da cabeça

Pulsa o círculo de fogo

Que alguns crêem ser 

Negro buraco,

Monstro devorador,

O Nada apenas.


Silencioso círculo de fogo,

Ovo de onde brota

Plenitude:

Eu em torno ao qual 

O cosmos gira.


Sagrado círculo

Onde se calam tempo e espaço,

Nossa vertente

Onde Shiva dança,

E no fundo deste fundo,

Há passagem de

Outros mundos:

Fonte de sonhos 

E mudança.


domingo, 29 de maio de 2022

NEOMED Inc.: distopia sobre a morte da Medicina

Senhores e senhoras, meninas e meninos, 

Caros clientes,

Somos uma empresa inovadora que presta serviços dentro do Novo Sistema de Saúde. O Sistema Arcaico, baseava-se num pensamento mágico-religioso e sofria os entraves da regulação por valores judaico-cristãos, os quais restringiam o empoderamento d@ cliente na gestão de sua própria terapêutica. Tudo mudou desde que em 1973 você, cliente, passou a determinar o que deve ser feito. 

O então denominado “Médico” era um profissional todo-poderoso que disfarçava o Paternalismo de suas condutas ao impingir preconceitos e valores contra a vontade d@ cliente. 

O Novo Sistema de Saúde, surgido nos países desenvolvidos após ampla discussão entre técnicos, filósofos, juristas, pesquisadores e políticos, libertou-se dos valores até então considerados civilizados e lançou o atual adaptado aos novos tempos do Niilismo Libertador. Não mais impedimentos ao desejo d@ cliente, cuja vida e a vida de suas crias, dizem respeito somente a ele/a mesm@.
E, fundamental, livrou o Sistema de Saúde de imensos gastos inúteis de dinheiro

As opções da NEO-MED para você  

Apresentaremos nossas novas opões neo-terapêuticas para que você, cliente, chegue a usufruir das benesses do Novo Sistema de Saúde. 

Nossos serviços incluem um bem elaborado protocolo, feito especificamente para cada cliente, por Filósofos e Eticistas capazes de justificar as escolhas d@s clientes de acordo com as melhores e mais atualizadas referências bibliográficas da área da Neo-Saúde, Filosofia e Neo-Direito Global. Estes protocolos que devem obrigatoriamente ser enviados às instâncias superiores de Regulação em Saúde, serão julgados quanto a qualidade discursiva dos argumentos para adaptação ao total respeito à vontade d@ cliente, dentro de critérios isentos de valores arcaicos e, portanto, dentro da abordagem contemporânea do Niilismo Libertador.

Entre as opções independentes de gênero, @ cliente poderá solicitar:

1. Suicídios assistidos, realizados por eutanasistas experientes, em confortáveis SPAs onde você pode usufruir de uma morte como @ cliente NEO-MED merece, rápida e indolor.

(Obs.- Caso haja a presença de parentes e amigos para os festejos de desfecho induzido, os preços serão acrescidos de 20%.  Bufês especiais, incluindo peruano, japonês, francês com espumantes acréscimo de 60% nas despesas. Suicídios assistidos de pessoas apenas deprimidas, ou em situações de crise ideológica, com vontade de experimentar, ou ainda por questões pessoais que não interessam a outrem terão acréscimo às despesas de 15%).

-além das eutanásias-padrão em situações de fim-de-vida na vigência de sofrimento realizadas também em hospitais a serviço do Estado Progressista, a NEO-MED oferece as "Eutanásias Liberadoras" pelas quais os familiares poderão libertar-se em um dos nossos SPAs  de um parente que considerem com "vida indigna de ser vivida". 

(Obs.- Caso @ padecente tenha alguma situação considerada pelo Neo-Direito Global como “indigna de ser vivida”, incluindo doenças crônicas com incapacidade de comunicação, esquizofrenia, retardo mental, demências, ou qualquer condição que o ponha nas mãos dos interesses e vontades familiares, a NEO-MED considerará como clientes os seus responsáveis legais, os familiares, e libertará a família da “situação indigna de ser compartilhada”. Neste caso, o processo de transferência dos bens do paciente aos familiares poderá ser realizado pela NEO-MED envolvendo pagamento para a empresa de apenas 1% do total do valor do espólio, bem abaixo dos 5% exigidos pelo Estado Progressista.)

2. Para as mulheres especificamente que, por serem as recetoras obrigatórias e obrigadas dos embriões das crias humanas, a NEO-MED garante condutas perfeitamente adaptadas ao seu empoderamento, oferecendo todas as liberdades que uma cliente NEO-MED merece:

-abortos em nossos SPAs, com todas as comodidades (caso a mulher libere os embriões ao Serviço de Saúde para investigação científica, haverá redução das despesas do aborto em 5%);

-infanticídios de crias após a 12ª semana de vida gestacional até o fim da gestação inclusive (5% adicional no preço, devido aos procedimentos cirúrgicos de destruição e descarte das crias);

- infanticídios de crias cronicamente doentes, com incapacidades, independente da idade (neste caso, os gastos podem ser debitados ao Neo-Sistema de Saúde);

(Obs.- no caso de adolescentes, estes são automaticamente considerad@s clientes NEO-MED e poderão solicitar suicídios assistidos, realizados por nossos eutanasistas.)

3. Outro importante serviço da NEO-MED, inclui a liberação absoluta de prescrições ao uso de psicotrópicos, dentro Projeto “É Proibido Proibir”, independente da idade dos usuários e da classe de drogas, sem qualquer necessidade de justificativas moralistas do tipo "uso terapêutico". 
(Obs.- os custos dos eventuais efeitos adversos do uso destes produtos ficarão a cargo do Novo Sistema de Saúde, inclusive aqueles relacionados à mudança da vida do usuário para a categoria "indigna de ser vivida", como défice cognitivo incapacitante, esquizofrenia, demências, dependência química e depressão crônica. No caso de risco de suicídio, @ cliente poderá sim usufruir dos serviços descritos no item 1.)

Então cliente, lhe parece bem? Fazemos a sua vontade? 

Como percebe, oferecemos o que de melhor o Novo Serviço de Saúde pode prover para valorizar a autonomia d@ cliente, de modo confortável, cercad@ de todas as vantagens de ser cliente de uma empresa com a tradição NEO-MED, sob os cuidados de técnicos e servidores da Saúde, técnicos eutanasistas e infanticidas qualificados nos cursos NEO-MED (os trabalhadores do Sistema de Saúde que substituíram os profissionais arcaicos, antigamente denominados “Médicos”).


domingo, 8 de maio de 2022

Camus e o crime perfeito

Primeiro parágrafo da obra "O Homem Revoltado", de Albert Camus, em que denuncia o regime criminoso da União Soviética que contava com o apoio silencioso e cúmplice da intelectualidade europeia ligada na década de 60 aos partidos comunistas, especialmente os franceses. 

Camus, Prêmio Nobel de Literatura, autor entre outros de "A Peste" e desta joia que cito:

“Existem crimes de paixão e crimes de lógica. O Código Penal distingue-os, muito facilmente, recorrendo à ideia de premeditação. Estamos na época da premeditação e do crime perfeito. Os nossos criminosos já não são aqueles jovens desarmados que invocavam o amor como desculpa. 

Pelo contrário, são adultos, e o seu álibi é irrefutável: é a filosofia, que pode servir para tudo, até para transformar os assassinos em juízes.

Esta última frase é pura Sabedoria.


domingo, 1 de maio de 2022

A perda de rumo

 Lendo um artigo sobre abandono de crianças e infanticídio na Grécia Antiga, e a História da Proteção à Criança surgida a partir  do Cristianismo, eu me dou conta de que o Ocidente retrocedeu aos seus lamentáveis primórdios. Longe de "valorizar a autonomia da mulher", a revolução feminista manteve a mulher como aquela que tem o "dever de livrar-se de seu pecado, ou de seu fruto doente" descartando seu bebé. A responsabilidade da degradação que é matar continua a ser da mulher, jamais do senhor (esposo, pai, etc). A mulher se mantém sem autonomia financeira, é ainda criada para ser a eterna (romântica) cumpridora dos desejos do seu amo e sofre o medo dos castigos da família ou do marido (traído?). 

A mulher é a grande sofredora das necessidades sociais para criar seu bebê, ao gerar "mais uma boca" para as políticas públicas. O Estado, este eterno macho, passa-lhe a "liberdade", o dever, de eliminar estes gastos desnecessários. Dá-lhe a antiquíssima opção de desfazer-se de seu fruto, uma tarefa que degrada sua humanidade.

O Ocidente decidiu retornar ao mundo pré-Cristão, tendo desde 1968 eliminado intra-útero mais de 40 milhões de seres humanos (estes são os dados dos Estados Unidos apenas, e até 2017). 

Sem falar na moda atual, progressista, de eliminar a vida dos seres humanos após 12 semanas gestacionais, ou durante a infância inteira e na adolescência. 

Retrocedemos ao atávico mundo das antigas tribos, em que a vida humana não era um valor "sagrado" (ou seja, um ambiente condizente com a atual guerra sanguinária).


Recomendo o bom e revelador texto:

L'EXPOSITION DES ENFANTS EN GRÈCE ANTIQUE : UNE FORME D'INFANTICIDE

Pierre Brulé

Érès | « Enfances & Psy » 2009/3 n° 44 | pages 19 à 28

ISSN 1286-5559

ISBN 9782749211466 DOI 10.3917/ep.044.0019

terça-feira, 12 de abril de 2022

Sobre a cobertura midiática da Invasão à Ucrânia

Quem quer conhecer as justificativas do assassino Putin para a guerra? 


Quem quer assistir os pronunciamentos da gangue que cerca o covarde? Suas marionetes desumanas.

A quem interessa ver hoje este demente dizer que não tem interesse em “ficar com as terras da Ucrânia”? 

Ou seja, era apenas para invadir, destruir tudo e matar…

Quem aguenta ouvir comentaristas explicando  a guerra como se houvesse algo razoável nisto tudo, generais discutindo táticas de batalha como o fazem os amantes dos programas  de crimes? Necrofilias.

Milhares de mortos, incluindo centenas de crianças, um sem número de famílias desfeitas, um país destruído por este criminoso de guerra.

Um anacronismo absurdo, um retorno aos imperialismos obscenos da primeira metade do século XX, uma traição à Humanidade.

Vingança de um país preso a uma interminável idade média, apesar das armas e alguma tecnologia, contra um Continente que soube transcender aos ódios ancentrais entre povos. Povos agora irmãos. 

Vingança contra um mundo que conhece e despreza as ideologias totalitárias.

É bom saber que a república Checa, que sofreu na carne o terror soviético estará no comando da União Europeia a partir da metade de 2022. E irá, como afirma, dar pressa à independência europeia dos combustíveis russos. 

Quem sabe não venha a ser uma nova libertadora Primavera de Praga, desta vez para a Ucrânia.

domingo, 10 de abril de 2022

Gaivota

 

Um dia vou sentar-me nessa praia
Do mar mediterrâneo de um meu sonho
E dar adeus à vida que conheço,
Sem dor, e por que não, até risonho.

Uma canção, talvez La Malagueña*, 
Inspiração para a última poesia,
Memórias de tristezas e alegrias,
Vitórias de uma alma sempre prenha.

Vou te dizer adeus mirando ondas
No sopé onde se vê a Serra Nevada
Lembrando o que amamos em Granada.

Uma gaivota irá do mar até as montanhas
Para trazer, última vez, desde o Albaicín
Uns versos de flamenco para mim.


 
El Albaicín

* La Malagueña- música mexicana de 1947 sobre um amor em Málaga, Espanha. 

Cume

 

Altas montanhas coroadas de neblinas,
Vestes de pedras nos penedos,
Vertentes de onde brotam frias fontes
Geradas nas geleiras em degelo.

Tão altas que as árvores esgotam,
E mesmo o ar é raro e mais precioso,
Cume inclemente ali de onde miramos
A imensa pele verde das planuras.

Em ti também existem as montanhas
Penhascos que escalas com esforço
Em busca da quietude nas entranhas

Onde os gestos são tão raros como o ar,
Nenhuma palavra dita é necessária,
E abarcas vida e mundo sem pensar.


quinta-feira, 7 de abril de 2022

Mentira, verdade

 Ao contrário do que diz o dito popular, a qualidade é a alma do negócio. 

Outro dito, neste caso de um criminoso de guerra inspirador do Putin: uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade. 

Mas, a mentira se destrói com o tempo, a verdade sempre vem à tona. Os mentirosos são óbvios logo, logo. 

Claro, sempre haverá quem consiga negar que reconhece a mentira, esquecendo que mente para si mesmo, mas neste caso é enfermo.

A Rússia vive uma situação lamentável e vergonhosa. Bandidos e mentirosos. É a evidência dos fatos e das fotos! 

Mas há mais do que a mentira russa. A Alemanha e outros ricos europeus, reis da ecologia e do politicamente correto, acusadores do Brasil, gastaram desde o início desta guerra, cerca de 35 bilhões de euros (em pouco mais de um mês), sustentando a monstruosidade russa, para obter os combustíveis fósseis, poluidores. Uma vergonhosa dependência longamente mantida. Enfim, mais uma vez, ninguém viu a realidade antes do crime contra a Humanidade acontecer. Ou fez que não viu. 

Como escrevi num poema há algum tempo:

“Mentira, tua vitória será tua derrota!”

                           ………………

O outro lado da moeda, a Verdade, ela não discursa. Ela não prega ideologias, não filosofa. Com seu silêncio, ela também é óbvia, visível: uma jovem ucraniana, atende a população de uma das cidades devastadas pelos russos. Está feliz porque foram conseguidos alimento e remédios para distribuir à sua gente que há dias não come, não tem eletricidade. Mesmo água falta. 

Ela ajuda aos seus concidadãos. Diz que agora está melhor, pois há o que distribuir aos demais, reconhecendo que há o risco de que voltem os invasores. Isto agora não lhe interessa pois tem algo para oferecer. 

O maravilhoso contraponto: a grandeza da espiritualidade humana que, com seu gesto corajoso,  salva vidas. E, quem sabe, salve a Humanidade.

sábado, 12 de março de 2022

A FACE BANAL DO MAL

Confesso que li quase toda a obra editada da Hannah Arendt (incluindo algumas publicadas post mortem). Li, reli e tive durante anos seus estudos como livros de cabeceira. Além dos meus outros ídolos. 

Há muito tempo estudei com afinco o seu "Eichmann em Jerusalém - relatório sobre a Banalidade  do Mal" editado pela Gallimartd. O livro narra o Julgamento em Israel daquele que foi um SS-tenente-coronel da Alemanha Nazista, e um dos principais organizadores do Holocausto. Ele foi designado por Reinhard Heydrich para comandar as deportações dos judeus para os guetos e depois para os campos de extermínio do leste Europeu. 

O livro da Arendt foi criticado inclusive pelas vítimas e suas famílias por refletir sobre o personagem Eichmann, criado ao longo dos anos em que ele esteve fugitivo na Argentina, protegido pela comunidade de nazistas daquele país latinoamericano. Comportava-se como um discreto marido, pai de família, trabalhador honesto. Pois o Mossad localizou-o e o raptou numa operação genial, levando-o para Jerusalém, onde foi julgado. 

Durante todo o julgamento parecia ser "o mais honesto, o melhor dos homens" e dizia, como mote de defesa: "eu só cumpri ordens". Este que assassinara cruelmente milhões de pessoas, que as comprimia em valas e dava ordem presencial de que as mulheres, crianças, bebês, homens, jovens e velhos, fossem baleados pelas hordas selvagens dos soldados nazistas. Ou nos fornos crematórios.

O livro de Arendt é impressionante nas narrações dos crimes imperdoáveis que ocorreram no leste Europeu, a mando desta criatura.

Como pode este monstro desumano ser o burocrata que apenas cumprira ordens? Pessoalmente, para mim, esta é a acurada visão de Arendt, uma de suas grandes "sacadas" para iluminar a Filosofia Política: os monstros são especialistas em não parecer sê-lo. 

Nos filmes americanos, os monstros cruéis são óbvios: caras horríveis, gritos, feiúra física etc. Mas os verdadeiros monstros falam sorrindo, eventualmente tem uma bela figura, são mestres da sedução mentirosa, mesmo citando a Bíblia (como o Papa Gregório, criador da Primeira Cruzada e do primeiro regime totalitário europeu, que dizimou os Cátaros no Sul da França). E cumprem ordens, dos seus superiores ou de algum Deus. Arendt nos auxiliou a ver a sociopatia assassina na sua cara mais real: o cumprimento de deveres burocráticos. 

Certamente, um das áreas de atuação de sociopatas em todos os países é o campo da Política, onde a mentira deve ser dita sem qualquer tremor na voz, onde os planos vergonhosos devem ser adocicados com uma bela desculpa ideológica. Esta Banalidade do Mal encanta ao público. 

Eventualmente estes sociopatas declaram abertamente seus planos, explorando no seu público os preconceitos sórdidos das massas, as recônditas mazelas humanas e seus interesses, os desejos escusos dos grupos de poder. Hitler dizia claramente o que iria fazer, Stalin idem. E mesmo assim, e talvez por isto mesmo, enfeitiçavam multidões:"pela Alemanha! pela URSS! Pela Nova Ordem Mundial! Têm  mesmo que matar, destruir, fazer sumir deste mundo!". Além dos citados, alguns pequenos psicopatas, líderes e povos de países irrelevantes associaram-se aos criminosos sonhando com os dentes e alianças de ouro, o espólio roubado das multidões de vítimas. 

Mas os monstros em geral não parecem monstruosos, são os pais da Pátria e os minúsculos obreiros da  massa de manobra, cumpridores de ordens. O mundo de modo geral, com raras exceções, só reconhece sua monstruosidade retrospectivamente. 

Mesmo a mídia, dependendo do momento, expõe seus discursos (de maneira geral enfáticos e bem produzidos) e sempre haverá "âncoras" de jornais, comentadores, relativizando os motivos das condutas "aparentemente" bárbaras, ao usar círculos de ideias que parecem cultas mas que são a maquilagem da hediondez. Artistas populares, ingênuos ou espertos, fazem propaganda de suas políticas.

O mundo reconhece o que eles são, somente mais tarde: os povos que conseguiram dividir, através de clima ideológico conflituoso. Expoliando nações, produzindo miséria. Ou criando guerras contra povos mais fracos, invadindo sem qualquer respeito outros países, destruindo tudo por onde passam. Incluindo a Ética e a Lei. 

Facilmente, ao matarem mulheres, homens, velhos e crianças, sorriem, explicam à imprensa ou aos juízes que eles apenas cumprem ordens, que resgatam valores injustiçados. Realmente, o Mal, incluindo o que podemos chamar em termos de consciência humana o Mal absoluto, tem a cara sorridente e a justificativa banal de um criminoso psicopata, que podia ser o seu vizinho ou colega de turma.

Arendt revelou-nos isto com sua aguda percepção para nos tornar menos ingênuos. "Vejam: ele é o mais banal dos homens e é o monstro devorador de vidas".  As ideologias são os instrumentos destes crápulas para confundir e perpetrar os planos criminosos. Frequentemente em nome do "Novo Mundo Possível". 

Pois ontem revi o filme Operação Final (Operation Finale, com Ben Kingsley, Oscar Isaac, e excelente elenco dirigido por Chris Weitz) , sobre a captura do Eichmann em Buenos Aires pelos membros do Mossad mesmo com o forte apoio da comunidade Nazi argentina. 

E recomendo o filme fazendo um desafio: há um só momento em que, na película, Eichmann (Kingsley) mostra sua cara, despe a máscara e diz o quê ele é. Gabando-se, deleitando-se com seu perdido poder destruidor. 

Na vida real, em que não ocultava seu verdadeiro nome, nas festinhas com seu grupo e mesmo com outras pessoas, sabe-se que o monstro dos campos de concentração gostava de repetir "pena que não matei a todos". 

Por outro lado - não outro lado, porque são todos a mesma coisa- Lenin com sua política blochevique, causando o fim das indústrias russas e desestruturando a Economia daquele país levou à Primeira Grande Fome, na qual morreram inumeráveis russos. E Stalin, outro psicopata, causou a Grande Fome na Ucrânia, lúcido e cruel, discursando e produzindo milhões de mortos.  Com apoio do Brecht, Sartre, vários intelectuais franceses, e artistas como o Picasso (da pombinha da paz).

Talvez tenhamos aprendido nestes dias difíceis de hoje a ver claramente a realidade, graças, entre outros, a pessoas com Hannah Arendt e Erich Fromm.

Referências: 

-EICHMANN À JÉRUSALEM : RAPPORT SUR LA BANALITÉ DU MAL. Hannah Arendt, Gallimard.

-AS ORIGENS DO TOTALITARISMO. Hannah Arendt.

- ANATOMIA DA DESTRUTIVIDADE HUMANA. Erich Fromm.






sábado, 26 de fevereiro de 2022

Sobre a pombinha da paz

 Durante a invasão da Polônia pelos nazistas, uma reação internacional atempada contra aquele grupo de facínoras foi imensamente prejudicada pelos pacifistas franceses com suas palavras de ordem e clichês, o que permitiu a ampliação por toda a Europa da tomada de poder por Hitler. E deu no que deu...

Durante as estratégias belicosas e totalitárias da URSS, os soviéticos usaram como símbolo de sua propaganda internacional a pombinha da paz feita por um tolo ou muito esperto Picasso.  Também aí os intelectuais europeus, especialmente da França, colaboraram com a ampliação do poder de Stalin, um sociopata sanguinário que dizimou violentamente populações, incluindo os próprios russos, e  matou de fome milhões de ucranianos, no seu afã de conquistar, saquear, destruir. Muitos intelectuais, incluindo Sartre e Brecht fizeram-se de cegos para não macular o avanço dos ideiais socialistas. Este ex-KGB que está aí, cercado por comparsas mafiosos, e dono atual da Rússia, é o herdeiro da insanidade assassina baseada em ideologia.

Defender a Ucrânia é fundamental. Não há paz sem Justiça, liberdade e respeito aos demais.

Tomara que tenhamos aprendido.

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Putin, o amigo do PT, é um dos tantos "seres depuradores", os "dexters" (para quem conhece o personagem) da História, os "criadores no novo mundo".

Ao invadir um país democrático, matar civis, destruir os instrumentos de defesa, separar famílias, criar pânico, fazer ameaças ao resto do mundo, ele tem a mais bela das justificativas: ele vai "libertar a Ucrânia, desnazificá-la e desmilitarizá-la". 

A gente vai aprendendo nesta vida que o discurso de quem não presta diz exatamente o oposto do que o dito marginal planeja, seja o bandido de rua, o marido violento ou o presidente de um país. 

O mundo está cheio de Hiltlers, Stalins, e assemelhados. 


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

pode ser legal, mas é um crime

Na Ética de investigação há regras estritas sobre o uso em pesquisa de animaizinhos, seres sencientes, nossos pequenos irmãos, incluindo hoje em dia até mesmo a defesa dos embriôes animais.

Que lindo, não, querido progressista?

Mas me explique: se protegemos embriões de ratinhos, por que, me diga por que, você defende, em nome da liberdade da mulher, o assassinato intra-útero de seres humanos, também sencientes? Agora não apenas até o terceiro mês de gestação, em alguns países até o 6º mês? 

Cortar em pedaços, desmembrar, e fazer a retirada dos restos mortais de alguém (pois é alguém, único, sensível à dor e ao doloroso processo de morrer) que só esperava amor e cuidado. Não necessariamente destas pessoas que o matam, mas de alguém que o adotasse e tivesse a grandeza de amá-lo.

A morte de um ser humano na 24ª semana gestacional  nem é mais aborto, é infanticídio. Hoje em dia em países europeus "progressistas" isto vai além. Crianças podem ser, legalmente, assassinadas durante todo o período infantil. Nestes países, deixou de ser crime. Uma Ética que tolera e libera algo assim é a ética dos criminosos, mesmo usando complicadas justificativas filosóficas. 

Protejam os embriões de ratinhos, sim, mas também não matem os frágeis, pequenos seres humanos. Uso a palavra proibida pelos ativistas e bioeticistas: não matem os "bebês". Não matem as crianças! Elas não têm culpa de serem apenas humanas. E não serem os amados "pets", ou os roedores.