domingo, 8 de julho de 2012

O real e as odisseias

"Outro mundo é possível..." (clichê populista)

Para traduzir do grego paideia: "...não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995)


Outro mundo não é possível e tu existes neste,
Feito dos conhecidos norte e sul e leste e oeste
Entre os quais crias caminhos, poemas e traços,
Trabalhos, erro e acerto, pela força dos teus braços
E pela Ideia, esta sim livre e de natureza obscura,
Fonte de vida e beleza a transmutar a matéria dura.

Esta essência misteriosa que te conduz para diante
E vai te tornando Humano, produzindo um diamante,
Independe de quaisquer crenças, partido, ideologia:
Ela não é o resultado, mas a Dinâmica que os cria.
Ela é gana, libido, ideal, é um fogo moldando a lama,
Escondida e inconsciente exceto ao que cria ou ama.

Ela é a alma do mundo, a produzir eras  e povos
E  a soprar sonhos e poemas, e temas  e tempos novos.
E vem à vida por ti, pelas tuas mãos e de tua mente
Como o fruto de uma gestante e em cada obra nascente.
Ela não escolhe o profeta, o iluminado, ou o gênio,
Mas é magma comum às gentes fluindo pelos neurônios.

O outro mundo com que sonhas quem sonha é esta Ideia
E a tua dor pela realidade é o germen de uma Odisseia:
Aprende a sentir o vento a encher-te de força as velas
E, vivendo, transforma o sonho na tua própria Paideia.





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