sábado, 25 de maio de 2013

sobre o tempo


O tempo lava, libera, elabora,
Amansa, constrói, devora,
O tempo tarda ou flui violento,
É eternidade e é vento.

O tempo trama e produz,
O tempo é segundo e ano-luz
É o sempre e é momento,
Tamanho minúsculo tempo
Que toma de nós e nos dá
Tudo que houve e haverá.

O tempo mata ao dar vida
E ao nos matar, outra vida
O tempo de (em) nós gerará.

O tempo é fluxo das coisas
E o que é visto do tempo
Tem a medida do olhar:
Voam as pequenas coisas.

As imensas,

De tão lentas,

Parecem eternas.




sábado, 11 de maio de 2013

mistérios


Mistério de caminhos ermos por floresta úmida,
De uma estrada vazia em planície imensa,
E de vales ignorados e sombrios.

Mistério de noites em que sei e não penso,
De um vento soando num vazio denso:
Um silêncio que fala.

Mistério de anseios na alma por algum futuro
Produzindo sonhos que ensinam e aprofundam,
De imagens surgidas por si mesmas,
Poesias escritas por si mesmas
E toda obra brotada por si mesma,
Sendo o artista uma fonte apenas.

Mistério de um olhar que reconheço
E que me reconhece sendo nunca visto,
Mistério de lembrar de algo antigo
Tão antigo quanto os anos de antes de Cristo.

Mistérios na vida que eu percebo
Como tu percebes na tua

Vivo mistério que segue a dizer
Que se há segredo a fé continua.


domingo, 5 de maio de 2013

silenciando



As vozes soam, difundem-se em zoada,
Um turbilhão de vozes a dizer-me nada,
Um refluir de mágoas de ideais perdidos
Vem agredir com força os meus ouvidos.

Em mim penetra toda esta dor alheia
Como se me fosse própria a infectante idéia.
Mas dou-me conta disso e, cuidadosamente,
Vou silenciando o vozerio vazio e descontente,
Calo na mente inquieta as memórias ruidosas
Até chegar ao fundo do mar que em mim habita
Onde o silêncio é o sol de uma aurora rósea.

Ali, sem esforço algum, reencontro os ideais
Que têm me feito ver a vida mais bonita
E a edificar meus sonhos nas coisas reais.