domingo, 2 de maio de 2010

Vida

Que a vida flua: lânguida luz lunar 
Ou raio suave de um sol de dentro, 
Que flua a vida botando broto em crescimento, 
Mente e corpo em movimento, 
Sentido em sentimento, ou, sem sentido, 
Que flua como som no meu ouvido: 
Declarações de amor em espanhol. 

 Que venha a vida como queira, a conhecida, 
A misteriosa, pedra mais preciosa. 
Que venha a que medra, a que espreita no vazio 
Até que surja a hora, feito um cio, 
E a tudo desabroche. 

 Que venha, apolínea e dionisíaca, 
A regrada e a sem regras, 
A lúcida e a doida, 
A que eu entendo, e a que eu nem sei sequer. 

Que fluas, vida, sempre nova 
E inesperada, fazendo um fogo 
No meu peito, deixando sêmen 
No meu leito, trazendo sonho 
Às noites e visões aos dias. 

 E sobretudo, vida, 
Quando já não houver mais jeito 
 Que me mates 

De poesia.


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