domingo, 9 de junho de 2013

O devir



Como pode algo transformar-se em seu oposto?
A libertadora idéia transmutar-se em prisão?
A maior alegria desembocar no desgosto,
O mais rico prazer vir de alguma aflição?

O perfeito ideal corromper-se em ideologia
Que aprisiona o humano no que ele tem de pior?
Dos nossos enganos surge a sabedoria,
E no humus do erro nos floresce o melhor

E o que hoje é o melhor amanhã pode tornar-se
Simulacro do que foi, descartável disfarce,
Fantasma de si mesmo sem qualquer valor.

A vida é fluxo imenso e nosso olhar não a abarca,
Neste oceano revolto somos a minúscula barca
Que consegue ir adiante porque o mar é amor.




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