quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Il poverello (ou a Alma do Cristianismo)


(ao terminar de ler o livro São Francisco de Assis, de Hermann Hesse)


O oceano do dia deixa-se escoar no horizonte
Refluindo à sua ancestral fonte, noite atemporal.
Tremem as árvores, a brisa fria desce do monte,
Encolhem-se corpos e almas, em desamparo total.

E o que era brisa, de repente, faz-se vento
Congelando o mundo inteiro e o pensamento.

Ai dos desajustados, dos sem teto, sem consolo!
Ai dos sem afeto, que vagam na vida por migalhas!

Então, abre-se a portinhola de um casebre minúsculo, e a luz,
A denunciar um fogo capaz de amainar o frio do mundo,
Espalha no negror o alaranjado tom de aconchego e conforto.

Abandona a cabana, sem temer a tormenta, o Pobrezinho
Levando, a quem não tem, algo de roupa e sopa, e carinho
A tornar-se o sol da vida para um mundo obscuro e torto.




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