domingo, 10 de novembro de 2019

Os "home-ideia"




“Eu não sô um home, eu sô uma ideia”...
frase de um conhecido mitômano brasileiro



Cuidado com aqueles que se dizem “uma ideia”.

Ou estão loucos, ou são mentirosos compulsivos. Sociopatas.

Hitler foi “uma ideia”,  Lenin, Stalin e Mao também o foram. Desfeita a sua Humanidade, eles revelaram a frieza capaz de aprisionar e aniquilar povos, multidões, para provar o poder de sua Ideologia. Seres-ideia, foram capazes de destruir países e suas economias nos processos da "renovação revolucionária da realidade para a construção do Novo Mundo, do Novo Homem", a partir de um modelo seu e de sua gangue.

Mesmo Jesus, grandiosamente humano, foi convertido em uma Ideia, o Logos grego, e entronizado como o “Ungido”, o Senhor, a Terceira Pessoa da Trindade, de modo a servir como modelo na tomada de poder pelo Catolicismo sobre o mundo pagão. Tornou-se um deus encarnado visando saciar a idolatria milenar dos povos. O plano teve êxito, criando-se uma estrutura monstruosa que foi a sombra do Homem que a gerou, o seu oposto em discurso e ação. É surpreendente que no cerne dos textos deixados por seus seguidores, permanece viva a presença de um ser humano imensamente sábio e honesto que percebeu a necessidade essencial do amor. Quando confrontado com a questão do sentido da Verdade, Jesus teve a honestidade de se calar. O ser humano Jesus é maior que o estrago causado pela divinização, devido à sua evidente grandeza e consciente humildade.

Nietzsche, um filósofo moralista, tomado pelo fervor da crítica ao mundo cristão, buscou retomar outra ótica do Humano, a do mítico herói grego que se torna imortal e divino por suas ações e demonstrações de poder no mundo, para além de qualquer humildade, além mesmo do Bem e do Mal. Quem sabe perceber Nietzsche na sua sua essência pode distinguir em sua crítica que o filósofo buscava destruir uma sociedade hipócrita, dominada pela figura do Cristo descarnado, eternamente crucificado, cujo poder advinha da Culpa e da promessa de Castigo. Nietzsche criticava o mundo da morte do Humano, onde o prazer, a realização e a liberdade pessoais tornaram-se impossíveis. O que Nietzsche postulou em seu poético Assim Falava Zaratustra, é a ascensão do Indivíduo, do Homem livre, acima do ser massificado pelo medo. 
Pois Nietzsche foi usado como Ideia por aqueles que planejavam a destruição do Indivíduo através do Terror, os ideólogos dos totalitarismos que empestaram os séculos XIX e XX.  A figura de seu Super-Homem foi confundida com a do “Grande Líder” dos movimentos revolucionários.  Grupos humanos e mesmo povos inteiros foram dizimados pelas ordens de um Grande-Líder, um Ser-Idéia, que pairava acima da Humanidade comum e justificava o Crime e a destruição de países e de economias.

Vivemos um período em que estas ideologias sofreram descrédito devido aos seus óbvios e lamentáveis resultados. Pelo menos nos países chamados livres.

Mas, na América Latina, temos os que se auto-intitulam "Ideia" e, por isto, se crêem acima da Lei, da Justiça e dos deveres comuns a todos os cidadãos. E ficamos pasmos: há quem os apoie, mesmo após a destruição sócio-econômica de seus países e a implantação de ditaduras.

No caso latino-americano, os "seres-Ideia" são reconhecidos vagabundos, analfabetos-funcionais, alcoólatras, milicos golpistas, adolescentes barbudos em busca de aventura, de prédios para queimar, ou de algum “homem do povo” ou des-viado para matar. Ou ainda, simplesmente bandidos comuns desejosos de ter um bom barco, acesso a jatinhos, um cartão corporativo, o domínio sobre bancos nacionais de financiamento para negociar com seus amigos poderosos e riquíssimos, uma boa mansão, um sítio onde passar o fim de semana, pois “ninguém é de ferro”. 

Cada pessoa, cada povo traça seus caminhos com base no que é em essência. 

Alguns que, lamentavelmente, ainda necessitam de um “Grande Líder” têm a “Ideia” a ser seguida que merecem.

Eca!


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