quarta-feira, 7 de julho de 2021

Maurice


Um coração

Tão aberto que ali sopraram 

Os ventos de todas as crenças e ideias,

Tão imenso que ali cruzaram

Todos os povos e as pessoas todas,

Um coração profundo, como sabe ser

Quem percebe e perdoa 

A pequenez e as mazelas do mundo.


Eu te (re)conheci,

Pelo olhar agudo, sorriso maroto,

Lá pelos meus catorze anos.


E foram tantas caminhadas

Pelo Menino Deus, 

Tantas conversas,

Questões levantadas

Para que alguém chutasse

E fizesse gol nesta vida.


Anos e anos, e histórias,

E cafés, e livros discutidos,

Pré-socráticos,

Idealistas gregos, 

Nietzsche,

Maçonaria, místicos,

Humanistas, Toynbee,

Wallace, tantos mais,

E (sistemáticas) dúvidas

E (compartilhadas) críticas,

Além de risadas e mais risadas.


Tempos após

Em rumos distintos,

Ao nos reencontrarmos

Éramos tão próximos,

Talvez tão mais próximos,

Que me disseste de ti

Coisas que eu não sabia,

Os segredos e os medos

Que doam à vida

O que a vida dispõe 

Para haver poesia,


E que só confessamos

Quando existe philia.


Eu te agradeço, 

Por teres sido

Comigo

Um pai, 

E, ao fim, o amigo.



Lembrando de Sambaqui, Florianópolis.

2 comentários:

  1. Jorge, querido amigo! obrigado pelas lembranças e imagens que me enviaste por esta poesia. Meu pai era um "conversador"... diálogo & ideias & histórias era a nossa atividade predileta.

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    1. Pois nestas conversas vamos sendo transformados. Uma pessoa maravilhosa era teu pai, como tua mãe. Acho que a melhor conversa ali foram as obras, sem palavras. Um grande abraço, Marcus Jones!

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