sábado, 26 de dezembro de 2020
"O que está em cima é como o que está embaixo"
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Dever de Matar?
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Bill Shakespeare e a vacina
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
Vaslav Nijinsky em imagens filmadas
sábado, 7 de novembro de 2020
Lembranças de um guri do Menino Deus
Havia na parte “de cima” da Rodolfo Gomes uma família de alemães, os Vontobel Neugebauer, que criaram uma indústria de chocolate para alegrar nossas vidas e, creio, até hoje existe esta empresa em outra região da cidade. Lembro das barrinhas de chocolate amargo, forradas num envoltório branco com a imagem da Neugebauer estampada.
domingo, 18 de outubro de 2020
Medicina Desumana e os vícios incuráveis da Filosofia
"A Criança é o Pai do Homem" (Machado de Assis)
«É preciso deixar amadurecer a infância dentro de cada criança» (JJ Rousseau)
Aprovou-se há poucos dias na Holanda a nova lei de eutanásia que libera o "assassinato piedoso" para menores com idade entre 1 ano e 12 anos de vida, por solicitação dos pais. Bebês com menos de 1 ano podiam ser sacrificados desde há algum tempo e maiores de 12 anos tem sido mortos pelos holandeses há outro tanto. Quem mata? Os médicos, cumprindo tarefa delegada pelo Estado, seguindo solicitação dos pais. Na França, há bem pouco, foi liberado o assassinato de bebês em situações de "estresse psicossocial" materno.
Não vou me estender na questão do infanticídio, um hábito que remonta aos nossos ancestrais mais primitivos. Abandonados nas estradas para serem devorados pelas feras, atirados de abismos, selecionados para viver ou morrer pelo Conselho dos Anciãos, de acordo com certas características pessoais em Esparta, ou pelos pais em Atenas. Isto com apoio dos filósofos, como em relação aos velhos, doentes crônicos e doentes mentais.
A palavra "infantil" significa imaturo, tendo a mesma origem da palavra "enfermidade". E os pequenos, especialmente os "enfermos inúteis" sofreram toda a sorte de abusos, maus-tratos, exclusão e assassinatos. Apenas no fim do século XIX, seguindo o caminho de Rousseau, passou-se a ver a criança como o primórdio da pessoa madura, criando-se o interesse pela proteção aos menores.
Somente décadas após, criou-se um atendimento médico específico para as crianças e, lentamente, ao longo do século XX, surgiu a proteção aos seus melhores interesses (bem depois das leis de proteção aos animais, diga-se de passagem). Apesar das leis de proteção aos menores, ainda assim, na profissão de Pediatra, atendi a crianças espancadas, violadas sexualmente, humilhadas por abuso psicológico. Por seus familiares, cuidadores, ou por qualquer um. Não é para menos que na língua Anufo usada por alguns povos Africanos, o Pediatra é chamado de "Nbataam-Kandabri", que significa o "Protetor das Crianças".
A Medicina, de algum modo, participou desta história, ou como assassina a pedido dos pais e do Estado, ou como protetora da criança. Deve-se enfatizar que nunca como nas últimas 6 décadas tantas terapêuticas foram desenvolvidas para tratar a criança doente e aliviar suas dores, não a abandonando no caminho.
Há quem imagine que criança não tenha doença grave. Pois não é assim. Há crianças que nascem enfermas por doenças congênitas, outras padecem de enfermidades crônicas adquiridas, além dos acidentes graves como as queimaduras. E há os transplantados a exigir imensa atenção para sempre.
São pediatras que as atendem, são cientistas que desenvolvem medicamentos para curá-las ou tratá-las e mitigar suas dores. Alguns governos com dignidade, como o do Brasil e da Europa, fornecem medicamentos de última geração para melhorar sua qualidade de vida, incluindo os chamados "medicamentos órfãos".
Estas crianças portadoras de doenças crônicas necessitam dos melhores cuidados paliativos por toda a sua vida. Eu tive a honra de participar de algumas destas situações, envolvendo equipes médicas devotadas, famílias amorosas, heróicas e isto me ensinou o que é o amor verdadeiro, só percebido e expressado nestas situações limites.
Contudo, repito, este esforço da Medicina, que podemos considerar como um novo paradigma civilizatório em relação à criança, certamente o mais elevado, tem menos de 60 anos!
A Medicina embrenhou-se nos últimos tempos com a Filosofia para gerir e desenvolver a Ética Médica. Isto tem possibilitado algum avanço na relação entre médico e doente, buscando valorizar princípios éticos, morais, humanitários. Ocorre, porém, que a filosofia tem seus vícios. Baseia-se em uma reflexão sistemática de referências bibliográficas e, não raramente, confunde realidade com texto, transformando texto em verdade, sem a capacidade de fazer uma clara observação dos fatos e dados para chegar aí sim a conclusões adequadas. A Filosofia tem sido a mãe de ideologias políticas, que usam o discurso filosófico para gerir comunidades da pior forma com desastrosos resultados, em nome de algum Sistema a prometer o Novo Mundo.
A liberação de assassinar, com ou sem piedade, é um ponto sem retorno para o assassinado, para o profissional que assassina, para o sistema jurídico de um país. O caminho atual estava sendo o da tentativa de eliminar guerras, genocídio, pena de morte, resquícios de um mundo bárbaro, embora tão próximo.
Como gosto de Filosofias, mesmo sendo intrinsicamente desconfiado dos seus métodos e resultados, uso aqui uma reflexão de Jean Baudrillard no excelente livro A Transparência do Mal, que analisa a Sociedade ocidental Pós-Moderna. Baudrillard diz que o Ocidente tem buscado destruir seus conceitos fundadores, como o Bem, o Justo e o Belo, através da Generalização que dilui estes conceitos. Se dizemos que qualquer coisa, uma sanita exposta ao público por exemplo, pode ser Arte, o conceito de Arte deixa de existir. O mesmo em relação ao Bem e ao Justo (tudo vale). Sobre a Arte, ele assim resume: "uma Arte que desconhece o conceito de Beleza merece um Mercado que desconhece o conceito de Ética".
Em nome da liberdade de escolha individual, a valorização super-dimensionada da Autonomia relativiza os valores humanos conquistados pela civilização, destruindo o que a cultura Humanitária de melhor qualidade tem produzido com tanto esforço.
E aí está a questão: se assassinar passou também a ser tratamento, ao invés de se investir sempre mais na cura ou nos cuidados paliativos, então está decretada também a Morte da Medicina. Como predizia o Dr. Julius Moses, morto num campo de concentração: O médico torna-se o Carrasco.
E bem mais fácil para as finanças e o conforto do Estado e de algumas famílias.
sábado, 10 de outubro de 2020
Outono, ao sol
sábado, 3 de outubro de 2020
meu Deus, genial!
Há quem goste de textos religiosos para reforçar a fé. Pois eu me encanto mesmo é com leituras de Anatomia, Embriologia e Fisiologia! A Inteligência destes elementos e processos, para nós inconscientes, que são subjacentes e indispensáveis à vida é incomensurável. Lendo aqui sobre os mecanismos reflexos do controle do sistema cardiovascular, ou sobre os controles moleculares da formação de novos vasos, ou das defesas imunes, eu fico pasmo, e não tenho como evitar pensar: "meu Deus, que genial!"
Reflexões sobre queimadas na Savana Brasileira, o Cerrado (sem falar em mudanças climáticas)
Países europeus ardem nas estações quentes e secas. Boa parte disto são queimadas, além de eucalipto (praga importada da Austrália para gerar grana com a venda da madeira). Raros países da Europa tem alguma floresta e, em termos, de mata nativa é quase nada. Na “ecológica” Alemanha, cerca 10%, no máximo, é mata nativa. O resto é eucalipto e milho (este, para nutrir o gado e gerar biodiesel). As queimadas nas savanas brasileiras (o Cerrado), os Tristes Trópicos descritos pelo Levi-Strauss são tão inevitáveis, pelo clima quente e seco, quanto as que infernizam os verões da Europa, Austrália, África, Estados Unidos e o Pampa seco. Usar algo assim como ferramenta política é demonstrar ignorância ou mau caráter (no sentido de política de baixo calão, politicagem, etc).
domingo, 27 de setembro de 2020
O poder das redes
Documentário do Netflix denuncia o "uso que as redes fazem das pessoas", ao viciá-las na internet, transformando-as em "consumidores" e produzindo "visões políticas" polarizadas.
domingo, 20 de setembro de 2020
Portugal
Amo Portugal, de cá das beiras
Onde contemplo serra e vales,
Enamorados desde a vez primeira
Os meu olhares.
O clima ameno, as suaves gentes,
Límpido céu e seu colar de estrelas,
E as águas cristalinas de rios verdes,
Frias e belas.
Amo a vida segura que me envolve,
Mesmo nos dias em que o mundo exploda:
Estou em casa, Portugal, e amo viver-te
Por esta vida toda.
sábado, 19 de setembro de 2020
Semana Farroupilha
Tratado de Tordesilhas, padres jesuítas espanhóis criando as missões redutoras dos indígenas pampeanos na imensa região que seria mais tarde a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Gado europeu trazido pelos jesuítas espalha-se e prolifera livremente no pampa gaucho (gerando cerca de 12 milhões de cabeças de gado). As coroas portuguesa e espanhola expulsam os Jesuítas e destróem "las Misiones". Os Jesuítas não eram santos e tentaram dizimar as nações indígenas não-evangelizadas. Índias e europeus entrecruzam-se e surgem seus bebês, renegados pelos brancos e pelas tribos: o solitário Gaucho original, tentando sobreviver no deserto pampeano.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Picaretas espirituais
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Etapas (tradução do poema Stages, da fase final da obra de Hermann Hesse)
"Como cada flor murcha e toda a juventude se vai,
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
os brasileiros
sábado, 22 de agosto de 2020
Criança-objeto
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
"aborto tardio", "aborto pós-natal", aborto...
sábado, 8 de agosto de 2020
a corrida pela vacina e os novos heróis gregos
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Degustação (do que houver)
Lambe os lábios,
E lhe apetece
quarta-feira, 29 de julho de 2020
silêncio sobre a Verdade
A opinião tomada como Verdade, porém, é o pior, o mais imperfeito e fútil dos métodos, para obter algum conhecimento sobre um fato, pessoa ou fenômeno.
terça-feira, 28 de julho de 2020
sabe-se lá
Vindo do sul ao sul,
De onde?
Sabe-se lá.
Neste amanhã do ontem,
Da tua chegada:
sábado, 11 de julho de 2020
As fases de Kluber-Ross e a pandemia no Brasil
A maior parte são fases claramente neuróticas como a negação ("no Brasil não", ou "o clima quente nos protege" ou "isto não nos diz respeito", ou "não é assim como dizem"...), a raiva ("não aceito!", "por que isto?"), a barganha ("poderoso Deus, se tu me livrares disto vou construir uma Igreja em teu louvor!" ou "se me livras disto serei outro!", ou ainda "como eu faço o Bem, estou a salvo").
A resolução emocional destas fases neuróticas constitui a aceitação, um estado em que, apesar de descontentes, nos calamos e vivemos o que temos, seguindo adiante, cuidando-nos, sem tanto escândalo. Um lúcido "eu aceito o cálice, faça-se a tua vontade".
Mas a aceitação não é para todos. Há quem viva com raiva, há quem transforme sua vida num objeto de barganha como fazem os fanáticos religiosos, e há os que habitam o reino da negação.
Pois os brasileiros são os reis da negação. Vivem a inventar a partir do nada, uma realidade falsa para manter na cara um esgar que, aos que não conhecem o Brasil, parece um inalterável sorriso de vitória. Um samba para "enaltecer a favela".
Conheci amigos que morreram de câncer imaginando que prece ou canções de roda seriam sua cura e não aceitaram tratamentos adequados. Mães que perderam seus bebês por buscarem métodos "humanizados" de parto. Gente que bebia a própria urina para tratar-se de SIDA (seguindo o terapeuta, ou doido do momento). Vi de tudo no meu país ao longo dos anos.
Nestes dias, há brasileiros que usam ervas, chás, óleos, água dinamizada, pílulas que previnem e tratam COVID, inventam curas, para evitar desconfortos como usar uma máscara, respeitar um distanciamento físico, ficar em casa.
No contexto desta pandemia ainda sem tratamentos eficazes ou vacina disponível, vamos aos poucos observando os resultados esperados da negação.
quinta-feira, 9 de julho de 2020
sobre os pobres brasileiros aprendendo com a classe média do primeiro mundo
Foi durante um dos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre, aqueles espetáculos midiáticos que o PT e as esquerdas latino-americanas ofereciam aos europeus de Esquerda. Havia muita cannabis na orla do Guaíba, os estudantes universitários lavavam seus cérebros em discursos idiotas e aproveitavam as horas livres para visitar a miséria dos "sem terra", queimar lavouras produtivas e mesmo laboratórios da UFRGS prestigiados mundialmente por produzirem conhecimento em genética das espécies vegetais. Ah! e rolava um intercâmbio sexual à gauche que divertia ainda mais a garotada.
Eu confesso que era ainda um pouco ingênuo, apesar das leituras que fazia sobre filosofia política.
Pois, repito, tive uma iluminação com base numa situação única: recebemos em nossa casa um visitante ilustre, um ativista francês, idealista radical, cujo nome não citarei. Filho de um importante médico de Lyon, membro da alta burguesia francesa. Como naqueles fóruns a hospedagem era por conta da população, uma família francófila pediu-nos para recebê-lo. Aceitamos. E aí começa a iluminação literalmente "pé-no-chão".
Chegou o rapaz, um jovem bonito apesar das roupas e do cabelo. Entrou em nossa casa com um olhar, digamos, surpreso de encontrar confortos "de nível europeu" em meio ao país selvagem da Amazônia e do Carnaval. Sentou-se numa cadeira na ampla cozinha e, de repente, nossa cachorrinha Tinta, uma cocker spaniel que tinha uma infecção crônica nas orelhas veio me fazer carinho. Esta infecção nas orelhas dava-me um trabalho imenso, incluindo dois curativos diários, limpeza, etc...era uma alegria da vida cuidar minha amada cocker preta. Pois eu comecei a sentir um cheiro tão desagradável naquela cozinha que acusei minha Tinta de ser a fonte...mas o fedor não vinha da minha filhota. Dei-me conta, surpreso, de que o nobre idealista francês, empestava minha cozinha com odores, não da falta de uns banhos nos últimos dias devido à viagem. Era um odor indescritível de semanas sem banho. Em pleno verão porto-alegrense, que obriga a gauchada, ricos e pobres, a pelo menos um banho além do matinal, diariamente. Um hábito herdado dos índios, banhos e banhos, nem que seja com água de mangueira.
Conversando com o representante do Primeiro Mundo, fiz a besteira de falar, como um perfeito idiota terceiro-mundista, de Política e fui por ele devidamente esclarecido que "em se tratando da difusão dos ideais revolucionários à gauche, e só à gauche, tudo vale, inclusive utilizar táticas nazistas". Visitou, ao sair de Porto Alegre, a Venezuela de Chaves e a Argentina, sabe-se lá para quê. Havia uns padres franceses e belgas, representantes de instituições europeias, envolvidos com os tais fóruns, além dos ecologistas incendiários.
Contudo, a situação mais divertida desta visita exótica foi o contato da nossa querida doméstica na época, vou chamá-la de G., uma moça de família muito pobre, moradora de uma destas favelas da zona Norte de Porto Alegre, que criava seus dois filhos e os mantinha super bem cuidados, e muito estudiosos numa escola pública. Trabalhou em nossa casa por uns 20 anos...no dia em que veio limpar a casa defrontou-se com o visitante que, nas semanas em que foi nosso hóspede, tomou apenas um banho e, só então, trocou as roupas.
Em um dia anterior ao raríssimo banho, G. me disse, com um olhar debochado que usava muito frequentemente:
- Doutor Jorge, me desculpe lhe falar sobre seu hóspede, mas no chão onde este francês pisa fica mau cheiro. Sou obrigada a ir aos lugares depois que ele sai, com um pano com lixívia perfumada, para que não empeste a casa.
E, diante da gargalhada que dei, rematou com uma frase muito brasileira:
-"Eu sou pobre, mas eu sou limpinha".
Anos depois, quando a encontrei na rua, lembramos disso, com muitos risos.
Esta foi minha iluminação sobre os pobres brasileiros, entre os quais eu e G. nos incluímos, e um nobre idealista à gauche, representante da alta burguesia do primeiro mundo.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
leituras de Platão à Pessoa
Serve para isto a Poesia,
Pregar verdades não.
Santo, mas o esteta
A costurar beleza.
sábado, 23 de maio de 2020
oração
«(...) j'ai toujours pensé que l'élection n'est pas du tout un privilège; c'est la caractéristique fondamentale de la personne humaine, en tant que moralement responsable.
La responsabilité est une individuation, un principe d'individuation. Sur le fameaux problème, «l'homme est-il individiué par la matière, individué para la forme?», je soutiens l'individuation par la responsabilité pour autrui.»