domingo, 6 de junho de 2021

Doutor, cite apenas o que leu.




Ética e Estética, assim como Política e a Metafîsica, compõem a Filosofia,  a qual nos obriga a estas frases cheias de maiúsculas, dúvidas e raras certezas. Viva a Ciência. 

Mas há algumas situações que envolvem ética e estética, mexem com a política e podem ter desfechos controlados pelas regras, segundo alguns menos nobres, da Lei. Como o uso de citações de textos, algo que costuma parecer ético, elegante, é o que mais fazem alguns escritores, ideólogos e políticos, e pode gerar processos jurídicos devido à questão da autoria.

Coisa que se vê não só nas redes sociais, mas em textos de alunos de faculdade e mesmo em conversas com pessoas pretensamente cultas, uma verdadeira praga do discurso, é a citação de autores não lidos.  Uma coisa é alguém envolvido seriamente com reflexões sobre um tema que domina, deseja dominar, ou ama, outra a tentativa de convencimento usada pelo inculto orador, o pouco ilustrado aluno, o ardoroso torcedor de ideologia ou partido, ou ainda a lábia do político sociopata ou malandro. O jogo de citações como holofote para o esperto. 

Lá pelos 18 anos me envolvi com Filosofia e percebi, ao me aprofundar, que ela é constituída em grande parte de ilações sem adequada base factual, erros de interpretação da realidade por uso de método pouco acurado, muito discurso e lixo da erudição vazia. É das ilações filosóficas a partir de dados científicos mal interpretados que se geraram, por exemplo, o movimento Eugênico, e outras enfermidades culturais que  deram poder aos totalitarismos do início do século XX.

Mas Kant me pareceu imenso, não apenas no sentido de extenso, mas de grandioso. Dei-me conta de que conhecê-lo seria a tarefa de uma vida. Aprofundar-se em Kant equivaleria para mim a tornar-se um “profissional do Pensamento”. E não me aventurei, pois além de não ter família rica que sustentasse meu gozo intelectual, eu queria fazer algo prático para ajudar pessoas, como cuidar de bebês. Refleti que, no meu caso, e dos meus colegas, trabalhar com o tratamento de doenças infantis me faria mais útil. E não me enganei. 

Filosofia é aquela prima pobre e culta da Literatura, que tenta converter a irmã Poesia a  uma atitude mental mais lúcida, e desdenha a Música (exceto no “caso” Nietzsche-Wagner, que acabou em baixaria). Pois a Filosofia tem entre seus para-efeitos levar os homens a abusar das citações. Citações que empestam os discursos de políticos ignóbeis, os textos- especialmente os mais estúpidos e mal escritos- e a lábia dos manipuladores. 

Citar pode ser um tipo de técnica que empodera ao que é vazio ou absurdo. As redes sociais são o reino das citações.

Quando leio o texto de alguém citando Immanuel Kant, ou opinião sobre algum tema citando Freud, Jung, sei lá mais quem, eu não fico impressionado, fico com o pé atrás me perguntando: será que leu? Que compreendeu? Que refletiu sobre? Será que criticou baseando-se em algum tipo de realidade seja pessoal, histórica, ou pelo menos, evidência factual? 

Por exemplo, usar citações "filosóficas" como o slogan nazi da "vida indigna de ser vivida" para defender a eutanásia e o infantícidio eugênico setenta anos apenas após o Nazismo, em nome de um progressismo nascido em países no norte da Europa e não integrar estes dados, para mim, é um tipo de dissociação cognitiva, ou estupidez. Hoje em dia,  na Alemanha, defende-se o respeito aos embriões de galinha, por serem seres já senscientes, enquanto  embriões e mesmo fetos humanos, são destruídos intra-útero sem qualquer preocupação ético-moral, usando como justificativa a "autonomia da mulher". E simula-se uma regulação "ética" baseada nas etapas de desenvolvimento como se isto desculpasse a eliminação de um ser-humano. Desde a liberação do aborto nos Estados Unidos, cerca de 40 milhões de seres humanos foram mortos intra-útero, sem piedade. Poderia ser a população inteira de um país.

Então, em nome do bom gosto estético, não cite Kant como se o conhecesse. Você pode passar por arrogante e tolo, o que é deselegante do ponto de vista estético como móveis dourados comprados em lojinha chinesa para parecer rico. Ou tetas enormes, preenchimentos labiais, horrores destes tempos para simular beleza. Se conhece, cite sim, e ensine. E em nome da Ética, não imagine que citar um famoso A ou B torne um crime justificável.

Mas vamos dizer que, tendo que preencher uma imensa página em branco com esparsas leituras e raras reflexões, se citar, não esqueça, pelo menos, de por o texto entre aspas, escrevendo ao final, entre parênteses, umas simples palavrinhas, tais como o nome do autor, neste caso, Immanuel Kant, nome da obra, no capítulo tal, parágrafo tal, nome da editora, ano da publicação e páginas inicial e final). 

Jamais, repito, jamais torne-se “o criador” de um texto de Kant, ou de algum papa, ou guru, ou de algum colega médico desconhecido da Tanzânia, ou ainda de um poeta. 

Não se adone do que não lhe pertence. A questão neste caso, não é mais Estética, mas sim envolve deveres e princípios éticos, beirando as regras legais, jurídicas relativas ao plágio.

Há poetas brasileiros que fizeram fortuna “adaptando”, sem citar,  textos e frases de outros autores e justificaram-se por isto ao criar um “Movimento”. Coisas de “gênios tupiniquins” antropofágicos.

Para terminar, voltando ao início e, por que não, me desdizendo, Estética, Ética, Política, mesmo Metafísica, merecem ser abordadas e pensadas com seriedade, amor desinteressado, e aprofundamento. Valores atemporais. Talvez estes valores sejam os critérios diferenciais entre a mediocridade e a sabedoria pessoal, entre erudição qualificada e arrogância e, por isto, constituam as bases da Civilização. 

Filosofia verdadeira é a companheira ideal da Ciência bem feita. E da Vida bem vivida. 


(Estar em Coimbra me faz bem...).

sexta-feira, 28 de maio de 2021

As Origens do COVID 19 na China sem adequada Regulação Ético-legal de Pesquisa


Este texto levanta a questão de algo denominado em Bioética de “conhecimento perigoso”, o qual, segundo HR Potter é “aquele conhecimento que se acumulou muito mais rapidamente que a sabedoria necessária para gerenciá-lo.” O conhecimento torna-se perigoso, por exemplo, nas mãos de ideólogos, burocratas e especialistas carentes de um adequado comportamento ético e moral, pois para alguns deles “vale tudo”. 

A Ciência Biomédica é um espaço onde a discussão séria e ampla da regulação ético-legal da investigação científica é fundamental. Sem esta discussão, corremos o risco de nos tornamos o Doutor Frankenstein,  protagonista do espetacular e profético romance de Mary Shelley. Passamos a criar monstros. Além disto, a utilização ideológica, especialmente pelos regimes de viés totalitário (de qualquer cor), dos conhecimentos e técnicas científicas é um risco sempre presente. 

A “Medicina Desumana” (em alemão, ”Medizin ohne Menschlichkeit") que se tornou evidente para a Humanidade com os experimentos em seres humanos pelos nazistas e que ainda permeia a atuação médica, segundo Dingwall & Rozelle (1) não se limita ao Nacional-Socialismo. Ocorreu e ocorre em diferentes países, facilitada por "...um tipo de pensamento, de uma visão de mundo, em que os seres humanos são “apenas animais”, aglomerados de moléculas e, portanto, coisas, objetos passíveis de serem usados como cobaias”.

Na maioria dos países, incluindo o Brasil, a experimentação Biomédica, a partir do julgamento de Nuremberg, passou a ser estritamente regulada, produzindo um marco não apenas em termos de ética da experimentação em humanos, como também em animais e mesmo em ecossistemas. Ainda assim, como aponta a Dra. Julia Black, "é crucial reconhecer que a presença de regulação ética não implica a ausência de barbarismo no tratamento ou na investigação envolvendo pessoas” (2). 

Um princípio a ser considerado sempre é o da Precaução (3). Segundo Hans Jonas, a existência de “risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que o possam prevenir”. Este é o trabalho dos bioeticistas e médicos envolvidos com a Ética Médica.

Atualmente, há uma série de experimentos sendo feitos na China que usam o conhecimento científico disponível sem adequada regulação ética, o que torna perigoso este conhecimento, não só para a Saúde, mas também para a integridade da pessoa humana, e mesmo para a continuidade das conquistas da Civilização. Especificamente em relação à Investigação Biomédica, alguns dos conhecimentos perigosos tem gerado experiências dignas de um Dr. Frankenstein, incluindo:

1) o uso experimental de embriões humanos, como por exemplo o emprego de tecido cerebral de bebês abortados para desenvolver produtos médicos, como o faz e apregoa o Dr. Hongyun Huang, neurocirurgião de Beijing, que trata lesões de medula espinal e doenças neurodegenerativas com tecido cerebral de bebês abortados (4). 
O projeto, aprovado localmente pela Direção de seu hospital, passou a ocorrer apesar de ser “proibido” na China, talvez porque naquele país a regulação ética não significa regulação legal. Ou ainda, talvez porque o objetivo do Dr. Huang e das revistas chinesas que divulgam seu trabalho “pioneiro” seja fazer da China o “líder mundial nos transplantes celulares”.

2) outro tipo de experimento em embriões humanos foi realizado por He Jiankui, um biofísico, da Universidade de Shenzen, o qual, com euforia, anunciou em 2018 que havia usado duas meninas gêmeas em estágio embrionário para a edição de genes por “CRISPR-Cas9” visando induzir resistência ao vírus da AIDS. Estas “cobaias embrionárias” não tiveram o direito de assinar um consentimento para o uso desta técnica que pode, com elevada probabilidade, gerar anomalias congênitas não apenas nas meninas, mas também futuramente em sua prole (CHINA NEEDS STRONGER ETHICAL SAFEGUARDS IN BIOMEDICINE - AS THE COUNTRY SEEKS TO BECOME A RESEARCH POWERHOUSE, IT MUST RECTIFY WORRISOME PRACTICES (Scientific American, editors - Outubro de 2019).

3) clonagem de embriões humanos e de animais, as denominadas “Quimeras”. Na Mitologia, as quimeras eram representadas como seres híbridos com cabeça de leão, corpo de cabra e rabo de serpente. Pois hoje, é possível produzí-las através da fusão de células fonte (estaminais) embrionárias humanas com as de animais, com embriões de animais, ou mesclando as células de animais entre si. São produzidos embriões mistos em laboratório. Foi o que se passou recentemente num projeto compartilhado entre China e uma Universidade da Espanha, país no qual este tipo de experimento é proibido tanto ponto de vista ético como legal. Na China, a “clonagem terapêutica e experimental humana” é permitida, desde que sem implantação uterina. MAS (em maiúscula) a implantação destas quimeras animais - humanos ocorre, pois não há adequada regulação. 
Assim, “cientistas espanhóis criaram na China um ser hídrido, homem-macaco, utilizando a implantação de células-fonte humanas em embriões de símios. Segundo informações das revistas Galileo e El País, a “quimera” foi sacrificada durante a gestação” (Galileo, El País, 2019). Foi mesmo? Quem sabe...
Estrella Núñez, bióloga e vice-reitora de pesquisa da Universidade Católica de Murcia (UCAM), considerou o experimento importante para que animais de outras espécies possam virar, no futuro, “fábricas” de órgãos para transplantes.

4) Finalmente, o tema deste escrito, diz respeito especificamente, ao emprego de um método denominado “Gain of Function Research” (GOFr), também chamado de “Research involving potential pandemic pathogens" (PPPs) e que consiste no “aumento experimental do potencial infetante e patogênico de um vírus para caracterizar o risco de causar pandemia.

Por que a China?

O PC Chinês lançou Programa (Agenda) denominado MADE IN CHINA 2025, que visa levar aquele país a liderar as ciências aeroespacial, de robótica, energia limpa, transporte e Ciências da Saúde. Em Medicina, percebemos nos programas digitais de busca como o Pubmed uma enxurrada de artigos produzidos na China, alguns interessantes, mas muitíssimos de qualidade discutível. 

Este Programa assume uma moral que em Chinês é chamada de “jigong jinli”, traduzível “como sucessos rápidos com ganhos a curto prazo” (5, 6). 
Ou seja, pragmatismo da pior espécie, o vale-tudo.

A “Regulação Bioética” é ineficaz na China (https://www.scientificamerican.com/article/china-needs-stronger-ethical-safeguards-in-biomedicine/?print=true). As primeiras diretrizes de Ética Médica foram produzidas por lá apenas em 1980, seguindo a proposta de serem “baseadas nos princípios da comunidade científica internacional”, MAS (maiúscula) como descrito acima, não implicam regulação legal. 

Os Comitês de Ética locais são despreparados nas questões regulatórias, bem como os cientistas e médicos pois não têm formação relacionada a princípios éticos e comunicação com pacientes. Não há valorização dos “interesses do paciente” e da autonomia da pessoa. A comunicação médico-paciente costuma ser feita aos familiares, ou mesmo a eventuais "conhecidos".  A solicitação de um Consentimento Informado não é uma prática eticamente recomendada, muito menos uma determinação legal, na China. 

E não há informações adequadas sobre como o Consentimento informado para investigação em ensaios clínicos é obtido na China. 
Um exemplo foram os experimentos da companhia Pukang Biotech, a qual ilegalmente comercializou uma vacina contra hepatite sem ter autorização de qualquer Agência Reguladora chinesa. Testaram a vacina em crianças de escolas da Província de Anhui, tendo causado doença em centenas de crianças e mesmo uma morte (7).

Lei R, et al. citam a continuação de um “pensamento eugênico” entre os professores universitários chineses, visto que em livros textos de Medicina publicados recentemente, entre 2010 e 2015, ensina-se que “pessoas deficientes” são (em Chinês) “liesheng”, ou seja, inferiores e um peso para a Sociedade, sugerindo que deveriam ser esterilizadas, mesmo com o uso da força para evitar que tenham filhos (8).

E o que decorre desta “desregulação da investigação bioética na China”? 

Que grupos de cientistas investigadores internacionais associados a colegas chineses, fazem na China experimentos que são proibidos em seus próprios países, como foi o caso das quimeras entre humanos e símios pelos espanhóis.

Um destes experimentos envolveu o uso da técnica de "Gain of function" para potencializar o vírus SARS-COV (https://www.newsweek.com/dr-fauci-backed-controversial-wuhan-lab-millions-us-dollars-risky-coronavirus-research-1500741). Em 2019, o National Institute for Allergy and Infectious Diseases, dos Estados Unidos, sob a liderança do conhecido Dr. Fauci, financiou o trabalho de cientistas do Instituto de Virologia de Wuhan em pesquisa envolvendo “gain of function research” utilizando coronavírus de morcegos. 
O Instituto de Saúde dos Estados Unidos (NIH) em 2019 despendeu milhões de dólares para iniciar e desenvolver estes experimentos em morcegos que haviam sido previamente coletados em outro projeto de Pesquisa com os chineses, financiado pelo NIH e iniciado em 2014. 

Houve críticas de pesquisadores internacionais contra estes experimentos devido ao potencial risco de contaminar seres humanos, mas o Projeto EcoHealth Alliance, dirigido pelo Dr. Peter Daszac, envolvendo "gain of function research", só deixou de ser financiado em Abril de 2020, quando a epidemia já tinha dimensões pandêmicas.
Entre os objetivos do projeto constam (aqui vou manter em Inglês pois são detalhes que, embora fundamentais, não interessam a muita gente a não ser médicos e investigadores biomédicos: 

We will use S protein sequence data, infectious clone technology, in vitro and in vivo infection experiments and analysis of receptor binding to test the hypothesis that % divergence thresholds in S protein sequences predict spillover potential."

Ou seja, testaram a “capacidade de um vírus modificado por engenharia genética ser transmitido de um animal para um ser humano, o que requer que o vírus seja capaz de ligar-se a receptores das células humanas. O COVID-19, por exemplo, tem a estratégia de ligar-se ao receptor ACE2 nos pulmões e outros órgãos.  

Segundo Richard Ebright, infectologista da  Rutgers University, estes experimentos “aumentam a habilidade do coronavírus de morcego, por engenharia genética, de infectar seres humanos". Ebright foi uma voz de oposição a estes experimentos de “gain of function”.
O debate dura já uma década na Comunidade científica Internacional pelo risco de escape (“spillover”) laboratorial com as consequências devastadoras de uma Pandemia (Newsweek, 28/04/2020).  A Inteligência dos Estados Unidos, após haver originalmente considerado a possibilidade de mutações naturais ocorridas nos vírus de morcego, já em 2020 passou a considerar como provável um escape laboratorial do vírus SARS-Cov-2, o mundialmente conhecido COVID-19, fruto de manipulação genética (Rebecca Ttagger. US FUNDER ENDS CORONAVIRUS RESEARCH WITH WUHAN LAB AMID POLITICAL PRESSURE.  https://www.chemistryworld.com/news/us. 5 MAY 2020).

Traduzo e agrego aqui uma das conclusões do artigo “The proximal orgins of SARS-COV-2” publicado na revista NATURE MEDICINE (2020; 26:450–5), que tem sido citado como a “opinião da Comunidade Científica” favorável a um processo mutacional natural do vírus SARS-Cov: 

“Pesquisa básica envolvendo modificações induzidas nos Coronavirus semelhantes ao SARS-COV de morcegos em culturas celulares e/ou modelos animais tem sido realizadas há muitos anos em laboratórios de nível elevado de Biossegurança em todo mundo, e há relatos documentados de escapes de vírus SARS-CoV de alguns laboratórios. DEVEMOS, PORTANTO, EXAMINAR A POSSIBILIDADE DE UM ESCAPE LABORATORIAL DO SARS-Cov-2 (na origem da Pandemia). Em teoria, é possível que as mutações RBD adquiridas pelo vírus tenham ocorrido durante a adaptação às modificações induzidas na cultura celular, como tem sido observado em estudos com vírus SARS-Cov".

Para mim, pessoalmente, ficou evidente que algo como este escape de um vírus animal adaptado a humanos (spillover) previamente narrado deve ter acontecido, ao ler nesta semana uma reportagem da revista italiana  QuotidianoNazionale, em que se afirma (pela primeira vez) que a doença afetou funcionários investigadores do Instituto de Virologia de Wuhan logo nos primeiros momentos da Pandemia

Ou seja, a infecção já se alastrava entre os funcionários do Instituto de Virologia quando o primeiro surto surgiu, sugerindo que pode ter se originado naquele centro de pesquisa
Este dado ficou ocultado e representa um detalhe fundamental na sequências dos eventos ocorridos em Wuhan (vide: https://www.quotidiano.net/cronaca/virus-in-laboratorio-nuovi-sospetti-gli-scienziati-indagare-ancora-in-cina-1.6410279?fbclid=IwAR2IPPYs-Wv9thqTyBFJBloId_0WMgl5y-J63E9fUYkbohpjscOGB-4QIxg)

Tomara que o Presidente Biden tenha sucesso (e poder suficiente) para aclarar esta questão. Temos todos o direito de saber a verdade e exigir que, sendo real que o escape de um vírus geneticamente modificado seja a causa de milhões de mortes e de um transtorno incomensurável em todos os países, este tipo de experimento, assim como os outros absurdos citados acima, NUNCA MAIS sejam realizados. Mas, provavelmente, neste momento já seja impossível obter as provas.

E deixo aqui minha homenagem ao Dr. Li Wenliang (foto abaixo - 12 de Outubro de 1986 – 7 Fevereiro de 2020), oftalmologista Chinês que trabalhava no Wuhan Central Hospital, e que ao perceber o surgimento dos casos de infecção por COVID19, denunciou nas redes sociais a existência de uma epidemia ocultada. Acabou preso pelo PC Chinês e morreu devido à doença alguns dias após.



Referências:

1) The Ethical Governance of German Physicians, 1890-1939: Are There Lessons from History? The Journal of Policy History 2011;23:1. Cambridge University Press, 2011.
2) Black, J. Constructing and Contesting Legitimacy and Accountability in Polycentric Regulatory Regimes. Regulation & Governance 2008;2:137-64. 
3) Goldim JR. A Avaliação Ética da Investigação Científica de novas drogas: a Importância da caracterização adequada das fases de Pesquisa. Revista HCPA 2007; 27(1).
4) Cyranoski D. Consenting adults? Not necessarily... Nature 2005; 435: 138–139; Cyranoski D. Fetal-cell therapy: paper chase. Nature 2005; 437: 810–811.
5) Wolfgang Hennig. Bioethics in China - although National Guidelines are in place, their implementation remains difficult. EMBO Reports 2006;7(9):850-4. 
6) Ruipeng Lei, Xiaomei Zhai, Wei Zhu. Reboot ethics governance in China - the shocking announcement of genetically modified babies creates an opportunity to overhaul the nation’s science. Nature 2019; (May);569:184-6.
7) Wolfgan Hennig. Bioethics China. EMBO REPORTS 2006;7(9):850-4).
8) Ruipeng Lei, Xiaomei Zhai, Wei Zhu. Reboot ethics governance in China - the shocking announcement of genetically modified babies creates an opportunity to overhaul the nation’s science. Nature 2019;569:184-6.



quinta-feira, 13 de maio de 2021

a morte do barbudo

 Há uma confusão entre religião formal e espiritualidade humana, de tal forma que a derrocada das crenças religiosas formais tem implicado a decadência da espiritualidade humana. É como se sem a voz do papa, do rabino, do iluminado e do guru, reinasse o "vale tudo", aliás, a cara do nosso Tempo.

No entanto, a espiritualidade humana, a valorização dos potenciais e qualidades específicas do ser humano, a opção consciente pela visão de uma sacralidade da vida humana, a crença na transcendência da pessoa através das experiências da vida, incluindo o sofrimento que é inseparável do viver, são as únicas bases de uma possível  Civilização. 

O não matarás não perde o valor intrínseco se deixa de ser uma lei criada por um deus barbudo. O não matarás é a base fundamental de uma civilização que reconhece o seu passado: o mundo arcaico que tentamos abandonar, o mundo dos filicídios, matricídios, parricídios, o mundo dos genocídios, da selva ou dos regimes totalitários. Diga-se de passagem, os regimes totalitários da primeira metade do século XX são frutos da perda total dos princípios civilizatórios devido à derrocada das bases cristãs formais.

O deus barbudo das tradições talvez apenas seja o símbolo da espiritualidade humana em seu maior nível, a intuição certeira dos mecanismos que regem a psiquê humana profunda e o Universo. Uma visão do "numen" sempre Desconhecido.

Confundir crenças em uma religião formal com amadurecimento espiritual tem lamentáveis consequências. 

O desapego de alguma religião para uma pessoa sábia, letrado(a) ou iletrado(a), pode levar ao cumprimento integral das regras que as religiões tentam impor pelo medo.  Se estas regras são adequadas à manutenção e à saúde de uma sociedade civilizada, devem ser respeitadas, como se fossem "a palavra de deus".

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Religiões formais e espiritualidade humana são coisas distintas. A morte das tradições não necessita ser a morte dos valores humanos essenciais. A necessidade radical de amar ao próximo, de respeitar ao outro não são conceitos que tem dono. 

Há questões cruciais que estão sendo questionadas em nome de um preconceito “anti-religioso” sem nos darmos conta que destruir certos valores (por serem coisa de “religião”) implica na destruição da própria civilização. A liberação de matar, na verdade o dever de matar, gerido pelo Estado, concedido aos médicos em países do norte da Europa com histórico nazista leva ao fim do que conhecemos por Essência da Medicina, e o valor do “ato médico”. Diz-se: sacralidade da vida humana, o tabu de não-matar são coisas de “religiosos”, um atraso nestes “novos tempos”. Não é assim. 

O “não matarás” não é o “primeiro mandamento” à toa. É o passo limítrofe entre a civilização e a barbárie ancestral. Os antigos sabiam, por experiência histórica e intuição, o que diziam.



domingo, 2 de maio de 2021

Exercícios pessoais com a Novilíngua

"The purpose of Newspeak was not only to provide a medium of expression for the world-view and mental habits proper to the devotees of Ingsoc, but to make all other modes of thought impossible."

“And if all others accepted the lie which the Party imposed—if all records told the same tale—then the lie passed into history and became truth. ‘Who controls the past’ ran the Party slogan, ‘controls the future: who controls the present controls the past.'”

George Orwell, 1984 - trechos



Estou treinando para a Novilíngua...é um exercício de criatividade. Podes mudar as palavras como queres e as coisas se transformam...é uma técnica "transformadora da realidade", como dizem os adoradores da "mística quântica" e os professores de Ciências Sociais. Criminoso pode ser injustiçado, homem probo pode ser moleque irresponsável, ladrão pode ser heroi...tudo depende dos fins que tens em mente. Bem legal! Mentira pode ser verdade oculta, fato provado pode ser mentira. Bem (i)legal.

Treinando aqui:

A justiça brasileira é a melhor do mundo. A Lei funciona para todos, principalmente para políticos corruptos, na proteção dos direitos do povo brasileiro. As irregularidades dos governos petistas nunca ocorreram. O BNDES nunca foi usado para favorecer empresas ligadas ao PT. O apartamento não é do exu, ou ele comprou com a aposentadoria da falecida que trabalhava na Avon. Ou ainda, como eu já, ouvi: "rouba mas faz" voltou a valer.  A Dilma é brilhante. O problema são os juízes concursados da PGR que perseguem os melhores governantes que o país já teve, os que acabaram com a miséria que depois voltou.

Sobre o Foro de São Paulo, Castro e Che nunca mataram civis inocentes incluindo homossexuais. Venezuela é uma democracia plena e o país vive a prosperidade idealizada pelo Foro de São Paulo. Os venezuelanos saíram em massa do país de férias, com a grana que a dupla Chavez-Maduro entregou ao povo.

Sérgio Moro e Dalagnol são dois moleques, aliás toda a magistratura (falsamente!) qualificada que julgou os homens probos do PT é composta de moleques. Os bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos por empresários ligados ao PT, na verdade são dinheiro de família surrupiado pelos juízes da Lava-Jato a estes nobres empresários devendo ser restituído a eles pelos brasileiros, e com juros!

Os advogados sem concurso colocados pelo PT e PSDB no STF, com a grandeza de um Gilmar Mendes, entre tantos luminares, naquela ágora de homens probos e idealistas, desfizeram a teia criminosa de falsidades que lesou a reputação do mais honesto dos brasileiros.

A roubalheira por via da Odebrecht nunca existiu, nem os vínculos com ditaduras internacionais. Angola é uma democracia, Cuba idem.

Pronto! Estou preparado para o Brasil “dos novos tempos”. Já consigo mentir para mim mesmo e esquecer que minto. Estou pronto para auxiliar na criação do Novo Mundo onde o Bem é sempre vencedor porque a História é reescrita. Isto é maravilhoso!!!

Aliás, Orwell não se referia aos Socialistas no livro 1984 e IngSoc se refere a time de futebol inglês. E Orwell era um crápula (é preciso desclassificar quem te joga a verdade na cara.)

terça-feira, 6 de abril de 2021

Os incuráveis criadores do novo mundo (ou "sonhar mais um sonho impossível")

Sinceramente? Não haveria um forte viés racista e supremacista europeu por trás destes movimentos revolucionários coletivizantes na América Latina? Descendentes de europeus, de classe média alta, insuflados por ideologias originadas do Idealismo Alemão buscam civilizar os “primitivos” povos indígenas e africanos, que não prestam “a criar uma civilização”. Não haveria nisto um revival laico dos evangelismos e das missões jesuíticas que empestaram a história do continente latinoamericano por séculos ? Ao falar com europeus envolvidos nisto, principalmente franceses, sempre percebi algo do tipo “temos que ensinar civilização à gentalha”. Estes ideólogos tem uma espécie de prepotência intelectual, a “Síndrome dos criadores do Novo Mundo”. Pois o resultado final é ainda o mesmo: falta de liberdades, corrupção, opressão e, nestes últimos movimentos coletivistas, miséria avassaladora. Se eu fosse das áreas das Ciências Humanas, pesquisaria isto...

Um dos ícones simbólicos da "Síndrome dos criadores do Novo Mundo" é Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro de triste figura. Pois este romance escrito em poesia realista por Cervantes não idealiza um verdadeiro herói, pelo contrário, é uma paródia aos romances de cavalaria que estiveram em voga décadas antes da escritura do livro. Um homem decrépito, que se entrega ao prazer de "sonhar o impossível" lendo romances de cavalaria e perde o juízo, tornando-se o justiceiro andante. Quixote é uma sátira, uma comédia, produzida pelo grandioso talento de Cervantes. Um personagem tragicômico, a quem o pobre Sancho Panza tem que obedecer como "pessoa comum", ingênuo servidor que é. Na América Latina, daqueles tempos, certamente, o personagem Sancho seria um escravo, o seguidor fiel de uma Ideologia partidária.

Creio que eu usaria a triste figura de Dom Quixote de La Mancha, enlouquecida por leituras e sentimentalismo, como símbolo da "Síndrome dos criadores do Novo Mundo" na minha tese.



domingo, 4 de abril de 2021

Joio e Trigo

Sou do mundo dos sonhos, 

Dos símbolos, das fábulas.

Escuto a voz que ensina

Nas madrugadas,


Em lugares que desconheço

Num real que é seu avesso,


E disto sei que é preciso

Crer e descrer, duvidar

Como quem sonda

Os abismos do mar

Como fez Tales

De Mileto,

A mirar as ondas.


Cifradas mensagens,

Duplo sentido em imagens

Esboços obscuros

De planos futuros,

Desejo escondido

Em nebulosa paisagem,


Aí se confundem

Sombras e luzes

Pois disto

Se é composto,

Como os dois lados

De um rosto,

O Ideal que é o disfarce

Do seu oposto,

E a duração total

De um dia.


Crer e descrer,

Rejeitar profecias,

Sempre mais desvendar

Para chegar a uma fé

Que distingue verdades 

De fantasias.


domingo, 21 de março de 2021

Anatomista do real


Quem sabe ver 

Sabe calar-se

Para dissecar o real,

O que se mostra

Ou se oculta

No disfarce do Ideal. 


Sabe ouvir,

Mais que as essências,

Às gritantes evidências.


E sabe ter o desencanto

Com ícones,

Ídolos, santos,

Gênios, profetas,

Causas, partidos,

Literárias utopias.


Despir a vida

Do ruído

Da militante poesia.


Sabe ver com

Olhos de águia,

Sabe ler

Verso e reverso,


Sabe ser

Um solitário

A dissecar o discurso.







Dias agrestes

 



Vidas desfeitas, corpos rotos,
Amor recôndito, em espera
De que o inverno dê seu broto:
Novos tempos, primavera.

Vejo a vida da janela
E pela janela dos olhos
Também a vida me vê.

Separados pelo vidro,
Estamos ambos cativos,
Querendo o vidro romper.

Sem pressa, suavemente, 
Dança a vida nos ciprestes,
É primavera, o sol amansa
Desesperanças agrestes. 


domingo, 14 de março de 2021

Revelação

Dúvidas minhas, 

Dúvidas da vida.

Como se separa o que eu sei

Do que nada se sabe,


Aquilo que pensei 

E o que me cabe 

Fazer?


O que é saber 

Com certeza

Se a própria natureza

Parece não se saber?


Só ao Homem cabe o dever:

Solucionar a dúvida da vida,

Para a vida poder se conhecer.

Salvar o irmão e a criança,

Não matar o irmão e a criança.


É em cada Homem que há 

Salvação

E Esperança,


E nisto não há ateísmo,

Isto é a essência do Cristianismo:

O maior dos Homens

Morreu crucificado, 

Sem haver pecado.


Por isto, cada ser humano,

Embrião, feto, jovem, velho,

É sagrado,


Joia única da Vida,

Consciência única 

A revelar à Vida 

Seu Mistério.

 


Lembranças de um médico brasileiro

Uma das coisas que se vê nestes dias difíceis são homenagens aos médicos do Brasil, os verdadeiros herois, e aos investigadores cientistas de todo o mundo, que dão sua vida ao esforço de buscar cura e prevenção de doenças, através, por exemplo, de vacinas.

Pois, eu me lembro de coisas bem diferentes num passado próximo.
Lá por 2013, em pleno (des)governo Dilma, tendo iniciado com alunos da UFRGS, Porto Alegre, alguns dos quais conheço, levantou-se uma onda de manifestações de "black-blocks", mascarados com bandeiras vermelhas, propondo o "aprofundamento das reformas populares". Vandalizaram as cidades brasileiras, queimaram, quebraram, picharam paredes. Um deles me disse que "estava indo a Brasília para decidir questões do movimento". Estes "black-blocks" tupiniquins, mais tarde vandalizaram Sampa em defesa das "reformas populares" propostas pelo Haddad, pichando inclusive o Monumento dos Bandeirantes; os do Chile, logo mais, queimaram tudo, incluindo edifícios e Igrejas.
Pois logo após estes lamentáveis eventos, o (des)governo petista, passou a gastar fortunas em Olimpíada e Copa do Mundo, ao invés "da bobagem de construir hospitais" (discurso do meliante, disponível na internet). Há muito tempo enviava bilhões de dólares para “obras” em países ideologicamente coligados (Cuba, Venezuela, Angola...), com o fim de amealhar poder político, e propinas através da Odebrecht. As verbas do BNDES, que devem servir a investimentos de infraestrutura no Brasil, foram usadas “sob segredo de Estado” para obras no exterior e geração de grana para o PT, com o objetivo de realizar os planos de poder do grupo do Foro de São Paulo (além de enriquecer os chefões, é claro).
Pois, no meio daquela barafunda, dentro do mesmo esquema, a gangue criou a campanha dos "Mais Médicos", pela qual, ao invés de contratarem os milhares de jovens profissionais médicos brasileiros recém-formados, e investir pesadamente em saúde pública e em melhorias no SUS (que dizem defender), resolveram trazer médicos (na verdade, paramédicos-escravos) cubanos para atender os brasileiros. A questão era clara, reforçar ainda mais os vínculos com aquela ditadura, mantendo o sistema de tirania dos Castro com grana dos brasileiros.
Para viabilizar o projeto, aquele partido criou “robôs” na internet, com slogans e depoimentos falsos, enfim, o que hoje se chama fake-news, para enlamear a Medicina Brasileira, enquanto aquela senhora (retardada, doente-mental ou medicada por psicotrópicos, até hoje não sei), dizia na TV que “os médicos brasileiros eram gente da elite, pessoas que visavam apenas o lucro, e não tocavam os pacientes, que lhes faltava amor”. Fui ofendido na internet por ser "médico brasileiro".
Nas redes sociais milhares de acólitos, incluindo adolescentes sem educação e professores universitários simpatizantes do partido, apoiavam estes absurdos, escorraçando a “elite médica brasileira”.
Por isso fomos às ruas com bandeiras do Brasil.
Para defender verdadeiros heróis da pátria, estes que salvam vidas, tratam pacientes com ciência qualificada, atendem nas favelas, nos hospitais de todos os níveis de complexidade, e nos centros de saúde de qualquer rincão por mais miserável ou violento que seja deste país-continente, e manter o direcionamento de verbas para a saúde pública dos brasileiros.

Os médicos brasileiros sim, estas pessoas que abraçam os doentes em plena Pandemia.
Por tais motivos, pelo que via acontecer na política brasileira entre 2013 e 2015, eu planejei pela primeira vez na minha vida seriamente, deixar o país. E assim o fiz.
Se tu és capaz de lembrar destes fatos, e de que conseguimos expulsar do poder esta gangue, com bandeira e hino nacional, ainda confio no futuro do Brasil.

domingo, 7 de março de 2021

o tornado da lumpencultura americana

 Confesso que assisti ontem um pedaço do filme Twister, cinema-catástrofe americano. E me dou conta de que uma boa parte destas besteiras falsamente científicas, estes comportamentos de risco, agitação social, e indução às drogas e à violência que marcam nossos tristes tempos tem sido inspirada pelo cinema americano, tanto os de segunda quanto de primeira qualidade.

Pois este filme é um retrato compactado disto: os heróis são um bando de adultos doidos se expondo a risco de morte, sendo salvos somente por um roteirista idiota, um diretor irresponsável e muitos efeitos especiais (hoje já bastante fraquinhos, claramente malfeitos). Sem isto, os personagens estariam mortos nas primeiras cenas. Os vilões são os "cientistas acadêmicos", mostrados no filminho como gente ambiciosa, politiqueira e incompetente. Dois destes vilões acadêmicos acabam morrendo, como deve acontecer com qualquer vilão de produção americana. Conseguimos perceber porque uma estupidez como o movimento anti-vacinas tem imensa multidão de seguidores naquele país. O filme é uma sucessão de clichês repetidos à exaustão, e ainda assim teve as maiores bilheterias em mil e novecentos e lá vai pedrada, tendo sido indicado ao Oscar.

Indo além do Twister, há todo um lado mais pesado do American Movie, a crítica ao "establishment", o qual poderia ser traduzido hoje como o "comportamento adequado". Estes filmes de "destruição dos valores burgueses" não se limitam mais ao cinema "noir". Mocinhos e mocinhas, descolados, bacanas, curtem sua maconha, os traficantes e bandidos são gente muito legal, heróis da contracultura, de bom coração, enquanto as pessoas "adequadas" são medíocres seguidores do "sistema".

Sem falar nas impressionantes culturas do rap, funk, e mesmo o lado mais escuro do rock, ou seja, toda uma "lumpencultura" que tem acabado com a vida de muito garoto e muita garota ingênuos, sem educação formal e familiar adequadas.

sábado, 6 de março de 2021

Confissões em confinamento

 Nestes momentos de grande sofrimento coletivo em nível mundial, expansão da pandemia e mortalidade imensas, confinamento quase absoluto, inicia a contar o efeito claramente positivo da vacinação em massa. Em Israel isto se torna evidente, e parece que em uma ou outra região da Andaluzia também, pelo menos nos lares de idosos onde os mais velhos, vacinados, deixaram de morrer como moscas. É um raio de esperança quando os confinamentos prolongados, tão difíceis para as pessoas e as Economias, vão se somando. 


Aqui, seguimos confinados, mas com quase um milhão de vacinados, confiando que logo mais, no verão, com a vacina, teremos obtido  a imunidade de rebanho, a matemática sagrada do R<1. 

Volto ao Brasil, meu país. As mensagens que recebo revelam sobretudo posicionamentos políticos que a descrição dos trágicos fatos, que não se restringem ao umbigo dos meus conterrâneos mas a qualquer canto deste planeta Terra.

O governador, que estava sendo elogiado, voltou a ser um lixo. O prefeito, idem. O presidente, vilão. O país está vacinando milhões de pessoas, mas isto ninguém cita. A gente é capaz de perceber nas frases e textos, especificamente pelo que falta nas mensagens, a coloração política de um e outro, como acontece com as torcidas de futebol: “o problema é que as pessoas estão enlouquecidas pelo confinamento” (ou seja, o político X tem razão de criticar esta medida, como se houvesse outra neste momento, com os níveis atuais de vacinação). Outro texto, escrito com talento, afirma: “as mortes por Covid diminuem no mundo todo, aumentam no Brasil"...(ou seja, o problema é o político Y...mas o texto conta uma um mentira, e todos sabem: a mortalidade neste instante só é artificialmente reduzida enquanto permanecemos confinados, em qualquer aldeia por menor e mais isolada que seja, quanto mais nas grandes metrópoles). 

Esta falta de uma parte do pensamento, esta sutil ocultação da verdade, é que preocupa: as pessoas, em nome do partido que torcem, distorcem a narrativa da realidade para obter algum voto em 2022, mesmo numa situação de vida ou morte coletiva nestes trágicos meses de 2021. 

Confinamento para mim tem sido um prazeroso exercício criativo, montando projetos, obtendo resultados, finalizando pesquisas, com aulas online, namoros com a paisagem, comidas gostosas feitas com calma, boa música, convivência de primeira, este gato Paquito feliz com os donos em casa. A constatação pura e simples de que a felicidade é um bem do coração e envolve coisas que a dona Rosa Miz me passou lá no bairro Menino Deus, Porto Alegre. E, embora haja mensagens e frases nas redes dizendo que a felicidade não é da alma, aliás que não há alma, eu, para mim chego à certeza do contrário em plena tragédia da pandemia. E sem time, sem partido, sem correntes de oração. 

Não sei se saio vivo desta, sinceramente, mas saio agradecendo pelos últimos bons tempos.

Grande abraço do confinado aqui aos amigos confinados daí!

domingo, 21 de fevereiro de 2021

A Nau dos Insensatos

O nível da politicagem no Brasil é alarmante. E a desinformação dos jornalistas, vergonhosa. 

O lobby dos "alternativos" que nos governos do PT acabou com a internação de pacientes com doenças mentais, preferindo tê-los atirados no chão das ruas do que num “hospital psiquiátrico”, volta à Política ao atacar um médico que reconhece a ECT como terapêutica eficaz e segura. A ECT desde o seu surgimento sofreu enormes modificações e atualmente tem reconhecidas eficácia e segurança.

Estes grupos ideológicos formado por pessoas ligadas à História e Ciências Sociais acreditam que não só a ECT,  como também medicação psicotrópica, prejudicam o paciente. Devem se basear nos filmes americanos da década de 80, nos quais o paciente era uma vítima aprisionada e o Médico, representante "do Sistema" era o vilão maligno a ser combatido. Alguns deste grupo são médicos. Vão à França fazer tese em Antropologia e História, mas de Medicina e Ciência qualificada pouco sabem. 

Formam uma das bases que grita nas ruas pela volta dos seus líderes, pelo parto domiciliar (que mata ou deixa sequelas em tantos bebês), pelo uso terapêutico da maconha (causadora de um quarto dos novos casos de esquizofrenia principalmente entre adolescentes, e também em adultos), e do alucinógeno ayahuasca, além de outras bombas, sem perceber a meleca absurda de suas crenças.  Além de muita homeopatia, florais, massagens sagradas, danças de roda curativas, o escambau.

Que o colega convidado ao cargo, profissional qualificado, sob ataque não só dessas pessoas, mas também de uma Imprensa incompetente, faça um bom trabalho, enfrentando esta “nau dos insensatos” como Foucault, um dos ídolos do bando, intitulou um dos seus livros (que eu me dei ao trabalho de ler décadas atrás).

Eles deliram e torcem pelo retorno de uma glamourosa Idade Média, sem vacinas e sem farmacologia, mas quero ver se no Brasil vários deles já não deram um jeitinho de se vacinar antes dos mais velhos...



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O vilão (ou joga pedra na Geni, joga...)

 A hipocrisia sobre o aquecimento global é o grande “negócio” do momento e deve gerar lucros. Como aqueles religiosos que pregam o que não fazem e são os donos das suas  “comunidades”, Europa e América do Norte imporem sanções a países que “ainda tem florestas nativas” é uma piada de mau gosto. 

Principalmente, transformar em vilão o país que continua a ter mais de 60% de suas florestas em estado nativo (contra o segundo lugar, Estados Unidos, que já consumiu 90% das suas, sem falar nos demais que se tornaram o império do eucalipto inflamável e do milho para biodiesel). 

Diga-se de passagem, o "vilão" conseguiu manter sua área de mata virgem e, ao mesmo tempo, tornar-se a maior potência agro-pastoril e agroindustrial da América Latina (e das maiores do mundo), quando povoou por migração interna o cerrado brasileiro (um imenso deserto tórrido, e sujeito a queimadas recorrentes, que Levi-Strauss denominou, como bom francês, de "Tristes Trópicos"). Coisas do JK, criador de Brasília, da gauchada que levou know-how, tecnologia e empreendedorismo e de muito brasileiro de primeira grandeza nascido em todas as querências.

Mas dizer algo contra idealistas poderosos é sempre perigoso.




Interessante texto da CNN

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Sem fantasia

Finjo não perceber,

Faço de conta

Que os olhos 

Não sondam

E a mente não ronda


O próximo passo,


Mas eu sei,

Ele vem entre

Neblinas 

Calçando os pés

Com nuvens

A ocultar-se

Nas esquinas,


Vem sussurrando

Sonhos,

Desaguando

Presságios,

O ainda

Não vivido.


Aguço o olhar,

Tento escutar,

Aspiro cheiros,

Silencioso 

Feito cão

A farejar.


Retomo 

Sonhados

Símbolos 

Para decifrar

Código, Língua,

Profecia, 


Mas sempre

Falho na gramática

E na sabedoria.


Pois, que venhas,

Revelado mistério,

À luz crua do dia,

Com tua face,

Nua das minhas fantasias.




domingo, 24 de janeiro de 2021

IngSoc

 Leio espantado um  artigo no Estadão que informa que Orwell temia que a”Direita” usasse sua obra como instrumento político. 

Não sou "de Direita", mas "IngSoc" significa o quê? Para que tipo de público os jornalistas brasileiros acham que escrevem? Impressionante...pensam que os leitores brasileiros não leram Orwell, não só 1984, mas a Revolução dos Bichos. E o resto. Nem Arendt, que alterou seu Origins of Totalitarianism depois das declarações de Krutchev sobre o Totalitarismo Soviético. Aliás quase tudo da Hannah, que aprofundou o desmascaramento do Marxismo a ponto de dizer em um de seus livros que “o Socialismo Europeu só conseguiu concretizar a União Europeia ao ter desistido do Comunismo”. Ela, que foi uma das inspiradoras da U.E. Além de Arendt, toda a literatura crítica da visão de Esquerda radical, de nível incomparável, incluindo um latinoamricano Premio Nobel. Que público imaginam os jornalistas ter o Brasil? 

É por isto que vemos a classe artística brasileira, gente com segundo grau incompleto e boa de ritmo e verso,  magoadíssima com o rechaço dos brasileiros. E os jornais desacreditados...quem são os jornalistas brasileiros? Qual sua formação? Fraquíssimos...

Quem são os responsáveis pelo colapso da Esquerda no Brasil? 

Umas gangues com discurso populista, envolvidas com ditadores e terroristas que, além de delirar com regimes coletivistas da primeira metade do século vinte, destruidores de Economias e países, enviaram dinheiro dos brasileiros, sob segredo de Estado, para governos ideologicamente coligados (obviamente recebendo alguma propina de retorno). É isto que os brasileiros  conhecem desta Esquerda nacional e isto é real. Esta esquerda, cantada na MPB, merece escárnio e repúdio.

Portanto, nem Direita nem Esquerda, para a Frente e, se possível, para o Alto! 

Paulo Francis, volte urgente!

domingo, 17 de janeiro de 2021

Vacin(Ação)



Vacin(Ação)
Ampla, geral e irrestrita,
Distribuída pelo Estado E/OU comprada pelo indivíduo:

Colocar nisto o esforço e as verbas,
O talento (e o discurso!),
É a Poesia que precisa nosso ouvido.
(Tudo mais é impreciso.)





quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

PC Chinês escolherá o novo Lama Budista Tibetano


Não sou Budista, mas admiro demais o Budismo, por sua riqueza conceitual, seu espírito totalmente desapegado de rigidez ideológica e livre de proselitismo.
A expulsão dos monges tibetanos de sua terra, a tentativa de destruir uma das culturas mais belas, lúcidas e profundas que a Humanidade produziu, oferendo em troca fanatismo chulo em uma ideologia materialista presa a interesses políticos de dominação totalitária nunca terá os resultados que o PC Chinês visa.
Pelo contrário, o Budismo Tibetano mostra sua grandeza ao mundo, espalhando-se por todas as partes e obtendo admiração merecida, coisa que a revolução cultural deixou de gozar há muito tempo, pelo menos das pessoas mais esclarecidas. Sem falar das pesquisas científicas geradas pelo estudo da Meditação (pesquisas que produziram métodos terapêuticos eficazes).

Se o PC Chinês imagina que destruirá a cultura budista ao escolher os líderes, os lamas, do Tibet, demonstra apenas a estupidez dos seus líderes políticos, a pequenez e a mediocridade (conceitual e espiritual) da sua própria ideologia.

Sua revolução cultural demonstra claramente o que é, e a que veio.

domingo, 3 de janeiro de 2021

Outras mortes mais silenciosas além do COVID19

Um tempo de crimes lamentáveis...nos Estados Unidos, nos 40 anos de aborto liberado, 40 milhões de seres humanos foram eliminados (estamos proibidos de falar em pessoas ou bebês "pois ainda não nasceram", na linguagem políticamente-correta destes tempos tristes). Na Holanda, e também na França, a questão nem é mais aborto, mas infanticídio, ou seja, assassinato intra-útero após a 12ª semana gestacional. Na Holanda é ainda muito mais grave: há liberação de infanticidio desde o nascimento até os 12 anos de vida (ou seja, os pais solicitam para matar seu filho doente até os 12 anos de idade e, se o Estado concorda, a criança doente é eliminada). Ainda mais absurdo, se assim é possível: atualmente os pais podem solicitar o assassinato de um filho sadio até os dois anos de idade se houver "estresse psicossocial familiar" especialmente, materno. O termo suave usado é "Aborto Pós-natal" que é justificado nos meios "éticos" e legais pelo fato de que o bebê não tem ainda uma "consciência moral". Além disso temos a eutanásia liberada para maiores de 12 anos, a criação de uma especialidade médica de "eutanasistas". Pessoalmente, este é o grande drama silencioso, pouco divulgado, no mundo, uma verdadeira barbárie, um retorno ao crime intraparental, incluindo o parricídio, o matricídio e infanticídio.

Uma vergonha, um crime contra a Humanidade, praticado por países ditos civilizados em nome da "autonomia" e da "compaixão". E o médico, uma vez mais, torna-se o carrasco sob as ordens do Estado.

sábado, 2 de janeiro de 2021

Tese-antítese-síntese?

Texto na figura de Mauricio Filho
Não tenho certeza se isto é uma realidade da Biologia das formigas, mas certamente ocorre entre os humanos. Por trás de tudo o que houve no século XX, e continua a se passar em alguns lugares, em termos de genocídio, há a loucura filosófica do Idealismo Alemão e seus frutos, tanto à D como à E...Os “inimigos” são os que impedem a “criação do Novo Mundo” e contra eles devemos lutar. Tem que ser muito tonto para crer em algo assim depois do que já houve: milhões de pessoas já morreram por causa do Hegel et al. 

Sobre a Antítese 
Um artista e teórico de Arte, Rollo May, embalado pelo espírito dialético, num dos seus livros, dá um exemplo de Antítese aplicado à criação pictórica: você tem uma tela vazia diante de você. Você lança tintas, “destrói” a cor vazia da tela e, só depois, cria. Ou seja a obra surge a partir de um processo de destruição. O ingênuo pensa: que lúcido! Mas a ideia é apenas metáfora idiota. A obra, na verdade, é criação a partir de suporte vazio. No contexto dos processos civilizatórios, as “revoluções” (sempre provocadas por idealistas que colocam princípios acima da mediocridade humana, ou seja, uns sociopatas) desencadeiam retrocesso à barbárie, destruição de países, genocídio. 
O processo civilizatório equilibra-se no aprendizado e na acumulação de saberes, gradativamente, com cuidado para não romper o precioso fio que nos libera do Minotauro arcaico, da besta ancestral fratricida, parricida, filicida (conforme narrativas antiquíssimas como os Mitos e o Velho Testamento, livro sagrado para alguns). Aprendizado, construção, colaboração, criatividade, sínteses progressivas a partir das carências e da ignorância. Assim se aprende, assim se constrói uma pessoa, um país, se edificam os novos tempos.

sábado, 26 de dezembro de 2020

"O que está em cima é como o que está embaixo"

Recebi um post do youtube no qual um Físico compara o corpo humano, como o conhecemos atualmente, em suas múltiplas dimensões (molecular, celular, genômica, proteômica, tecidual, etc.) ao Universo também multidimensional, incluindo o Macrocosmo (sistemas planetários, galáxias, aglomerados galáticos,a rede de fios cósmicos, os grandes atratores, matéria negra, sei lá o que mais) e o microcosmo (moléculas, átomos, estruturas subatômicas, talvez "cordas", regulados por misteriosos mecanismos quânticos…talvez). Quando vamos estudando estes componentes macro- e microcósmicos e nos damos conta de que tudo, literalmente tudo está integrado, em termos de componentes e de energias, não podemos deixar, pelo menos os poetas como eu, de nos maravilharmos com a espantosa, incomensurável, Mente que parece ser subjacente a Isto. Deus, o sagrado Desconhecido, a Inteligência Universal, tão sutil e tão essencial que permanece oculto aos menos sensíveis. Pode ser só alegoria mística o "Kaibalion", ou seja, os Sete Princípios, os Mistérios, que teriam sido ensinados por Hermes Trimegisto, e transmitidos de forma oral nas comunidades gnósticas, sendo revelados, ou melhor, postos em textos escritos, lá por 1910 pela Yogi Association. Digo "teria(m) sido", pois realmente sua origem Hermética é uma hipótese apenas. Independente disto, os ensinamentos mexem com nossa psiquê, porque, repito, poetas parecem perceber os vínculos entre as diversas ordens de grandezas nas descobertas científicas que nos tem sido reveladas nas últimas décadas, tanto em relação ao macrocosmo como ao microcosmo. Vejamos, os breves enunciados das leis do Kaibalion: "Princípio de Mentalismo - "O Todo é mente, o Universo é mental". O Cosmos é uma criação mental. Princípio de Correspondência - "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima." As leis que regem os fenômenos em todos os níveis da existência coincidem, de modo que o microcosmo, incluindo a estrutura orgânica, é governado pelas mesmas regras que o macrocosmo. Princípio de Vibração - "Nada é estático, tudo se move, tudo vibra" e os estados de matéria, energia, mente e espírito, resultam de distintos níveis vibratórios. Desde os átomos aos multiversos, tudo se mantém a vibrar. Princípio de Polaridade - "Tudo é duplo; tudo é bipolar, tudo tem seu oposto." Estas antípodas equivalem-se, são idênticas em natureza, mas diferentes em graus. Os extremos se tocam e todas as verdades são meias-verdades, todos os paradoxos podem ser reconciliados numa espécie de transmutação alquímica. Princípio de Ritmo - "Tudo flui para fora e para dentro; tudo tem suas marés, tudo se move de cima para baixo e de baixo para cima; a oscilação se manifesta em tudo e o ritmo mantém o equilíbrio.” Princípio de Causa e Efeito - "Toda causa tem seu efeito, todo efeito tem sua causa; tudo se passa de acordo com a Lei. Acaso é o nome dado a uma lei desconhecida e nada escapa a esta lei.” Princípio de Gênero - "O gênero está em tudo: tudo (todo o ser) contém o Masculino e o Feminino, e o gênero se manifesta em todos os planos da existência.” Para mim, os conhecimentos mais modernos estão inundados desta Mística, a tal ponto que na Física atual fala-se de processos que lembram claramente a Cosmogonia hinduísta. O que dizer da "teoria das cordas" que remete à Dança de Shiva...se a estrutura cósmica original não é algum ponto subatômico, mas uma estrutura vibratória, podemos supor que o Universo respira, expandindo-se e retraindo-se até chegar à dimensão de uma corda vibrátil que ao mover-se leva à re-expansão em ciclos sucessivos. Se fosse partícula, ao contrário, a re-expansão seria impossível. Isto lembra o mito hindu da (re)criação cósmica através da respiração de Brahma...O que dizer das várias dimensões ocultas nestas cordas, que nos remetem aos planos, múltiplos universos, intrinsecamente vinculados na intimidade estrutural desta corda vibratória. Falta ainda comprovar esta correspondência entre a regulação do macrocosmo e do microcosmo, a integração de suas leis que, até o momento parecem irreconciliáveis. Esperamos pela confirmação, ou negação, da Teoria de Tudo. 
 E na Biologia, fico pasmo ao perceber que uma das estruturas embriológicas fundamentais descobertas nas últimas décadas é o "nó" (primitive node), um organizador primordial localizado na linha média da região púbica do embrião durante as fases iniciais da organogênese, cujos cílios giram ininterruptamente, e assim distribuem moléculas ao corpo em formação de modo a organizá-lo em termos de estrutura e morfologia. A semelhança com as estruturas descritas pelos yoguis, chamadas de "chakras" (ou rodas) é evidente, neste caso o chackra básico. Os chakras seriam centros giratórios de absorção, exteriorização e administração de energias do complexo dos "diversos corpos" que constituem cada ser vivo, integrando o corpo físico aos corpos etéreos durante o processo da embriogênese. 
Permanece, porém, uma complexidade pouco explorada e nunca resolvida. O ser humano e creio que alguns animais "superiores", ao desenvolverem a consciência, passam a perceber o mundo através de um egocentrismo, ou seja, passam a constituir, cada um deles, o "centro" que percebe o universo. O "Eu Sou" bíblico, enfim, à semelhança da Mente em torno da qual todo o Universo se configura. E isto, nossa maior grandeza é também desgraça, pois ao nos sentirmos deuses, hipertrofiamos nossa importância, degradando o egocentrismo estrutural em egoísmo barato, a "hybris" segundo os gregos. Mas isto é outra discussão... 

Sem ter certeza sobre nada disto, para mim é inegável a beleza deste arcabouço simbólico e cultural arcaico. Estas são reflexões e alegorias que um fim de ano como este de 2020 desperta no poeta.


de referência para o "Oculto", o Sr. Wiki: https://pt.wikipedia.org/wiki/Caibalion












quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Dever de Matar?

"Quem será designado pelo Estado a empurrar das pontes os suicidas? Quem ensinará a empurrar?" Aqui, refletindo sobre os volteios teóricos e a racionalização de muitos para justificar crimes na Medicina. 
Em primeiro lugar, não há eutanásia ativa e passiva. O que se denomina incorretamente de eutanásia passiva é a retirada de tratamentos fúteis e a evitação do encarniçamento terapêutico. Deixar a Morte ocorrer sem mais interferir, porém mantendo todo o conforto do paciente, eventualmente por sedação profunda nos raríssimos casos em que as terapêuticas de alívio existentes não mais funcionam. Cuidados Paliativos eficientes envolvendo o paciente e a família.

São raríssimos países no mundo que legalizaram eutanásia, incluindo 4 Estados europeus (Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Espanha), alguns deles com passagens pelo nazifascismo no início do século XX. Em dois deles pelo menos, Holanda e Bélgica, há graves problemas na observação dos mecanismos regulatórios, no controle legal dos procedimentos e, infelizmente, a eutanásia passou a ser a opção primária de atendimento a pacientes crônicos, suplantando mesmo o dever médico dos cuidados paliativos. Além disto, em termos práticos, ampliaram-se as indicações da indução de morte pelos médicos, incluindo doentes psiquiátricos, bebês com enfermidades (ou por estresse psicossocial dos familiares), e mesmo na ausência de sofrimento insuportável ( vide: https://www.ieb-eib.org/en/file/end-of-life/palliative-care/does-the-belgian-model-of-integrated-palliative-care-distort-palliative-care-practice-442.html)
O suicídio assistido é realizado também em raríssimos países (Suíça, Alemanha, um estado da Austrália e alguns Estados dos Estados Unidos). 

Tendo em vista que eutanásia é assassinato (esta é a expressão verdadeira, mesmo que sendo aprovado o ato por um Estado, ou associando-lhe o adjetivo piedoso), e o desfecho constitui o maior risco possível da prática médica (a morte), não há sentido em considerar a eutanásia como um "ato médico", o qual na sua essência, visa o tratamento de uma pessoa doente.

 E aí surgem algumas questões: 
 -Por que deve ser, portanto, um médico o responsável pelo assassinato de um paciente permitido por lei, se não há tratamento e o risco maior, a morte, será sempre o desfecho?
 - Como se justifica que a Medicina, destinada ao tratamento de doenças e à minoração dos sofrimentos através de terapêuticas, evitando sempre os riscos à integridade física e psicológica das pessoas, torne-se por vontade do Estado, ou influência midiática, ou por ideologia num momento histórico, ou ainda pela vontade popular, a profissão responsável e legalmente liberada a acabar com vidas humanas?
 - Em relação ao respeito à Autonomia de um paciente, até que ponto a Medicina não se prostitui ao obedecer “o cliente” (utente) ao realizar seja lá o que ele, o cliente, e o Estado que paga, desejam, independente de seus princípios fundamentais como Profissão? Ou a Medicina deixou de ter princípios? Tornou-se o quê a Medicina? A “Grande Prostituta”? A obediente súdita do Estado? 
 -Sendo imputada a uma categoria a tarefa de matar pessoas, quem preparará os profissionais (eutanasistas? suicidadores?) para este gravíssimo e lamentável dever, que certamente implica no desenvolvimento de distúrbios crônicos emocionais e psicossociais nos diretamente envolvidos? Serão os professores de Medicina usados para ensinar aos seus alunos os métodos de matar? Quem pode ensinar alguém a empurrar os suicidas das pontes? 
- Finalmente, por que estas sociedades não selecionam outras categorias para cumprir a mais degradante das tarefas? Quem sabe, membros de partidos políticos? Ou burocratas do Estado? Ou pessoas, independente de profissão, para quem matar não constitui uma questão existencial crucial, ou mesmo consideram o ato de matar algo digno, heróico e, por que não, uma prazeirosa "experiência de poder"? Há muitos certamente assim entre os políticos e burocratas do Estado. As condutas para induzir a morte são fáceis, sem desfechos inesperados, e qualquer pessoa com mínima inteligência e poucas habilidades, mesmo um deficiente físico ou psíquico, pode capacitar-se para tanto. Sem envolver a Medicina, profissão cujos princípios são o oposto do assassinato e portanto exige a mais alta capacitação.

 Aos verdadeiros médicos, mantém-se como dever a mais nobre das atribuições: criar, estruturar e participar de programas de atendimento a pacientes crônicos, sejam adultos ou crianças, incluindo os cuidados paliativos tão raros na maioria dos países; aprofundar o estudo da terapêutica da dor, física e psíquica, buscando saná-la ou reduzi-la ao máximo, bem como aperfeiçoar e aumentar a gama de opções terapêuticas para a cura ou, pelo menos, melhoria das doenças, seja por psicoterapia, farmacoterapia ou terapêutica cirúrgica. 

Porque médicos, os verdadeiros, são chamados a capacitar-se à pesquisa científica e farmacológica e envolver-se com outras profissões biomédicas para o desenvolvimento de novas drogas, vacinas, tecnologias, no espírito de uma verdadeira e criativa compaixão, a isto devendo dedicar toda sua vida, seu tempo e sua inteligência.

 O resto é política, incompetência, conformismo, filosofia caduca, niilismo, usos e costumes da ideologia e do discurso. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Bill Shakespeare e a vacina

No Reino Unido, um senhor chamado William Shakespeare foi o primeiro vacinado para COVID19. Simbólica homenagem! Grande Reino Unido! Voltaire foi aprender o que era liberdade individual e monarquia constitucional na genial Albion. Pregou os ideais britânicos no continente e o resultado foi uma Revolução (à francesa) que redundou no genocídio do Terror. O primeiro dos muitos desastres similares que tem-se seguido no mundo. Parabéns, UK! Parabéns Bill Shakespeare! Parabéns a nós todos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Vaslav Nijinsky em imagens filmadas

Cenas filmadas, originais, do grande Vaslav Nijinsky com uma visão das coreografias de Diaghilev para os Ballets Russes, incluindo o escandaloso "L’après-midi d’un Faune", com a música de Debussy. 

Marcel Proust em "La Recherche du Temps Perdu" narra o espanto e encantamento dos franceses com as obras vanguardistas dos russos do início do século XX. Mas também houve gritos e insultos do público petrificado, pasmo. 

Vale a pena perceber nestas cenas, ainda que de má qualidade, o carisma de Nijinsky, sua habilidade corporal extrema e a capacidade de simular voo, ser imponderável. 

 Foi vítima de doença mental e, a partir de 1913, produziu ele mesmo coreografias herméticas que denunciavam um quadro de demência precoce, como para "Le Sacre du Printemps", música de Stravinsky, o qual colaborou ativamente com Nijinsky.   Jung foi consultado, avaliou Vaslav e o declarou mentalmente incapaz. “Se o houvesse atendido antes..” 

Tarde demais. Nijinsky, um dos maiores bailarinos de todos os tempos. Ah! Esta estranha ligação entre genialidade e loucura. 

 Vale a pena ver as imagens.

sábado, 7 de novembro de 2020

Lembranças de um guri do Menino Deus

O Menino Deus, lá por 1960, era outra coisa, muito menos sofisticada que hoje. Bairro de famílias de imigrantes portugueses, espanhois, árabes, judeus, poloneses, russos, italianos, alemães...o mundo de pós-guerra a circular pelas ruas. 
Muitos de nós éramos pobres e nossos prazeres eram simples, incluindo o chimarrão compartilhado entre vizinhos nas ruas seguras e tranquilas. No Inverno, fogueiras de São João, e quentão. Procissões com velas acesas até a antiga Igreja do Menino Deus, que naquele tempo era um precioso prédio neo-Gótico. Muitas conversas, aniversários, cães e gatos. 
Naqueles dias, a rua Rodolfo Gomes dividia-se em duas extremidades inimigas: os “de baixo” e os “de cima”. Os “de baixo”, como nossa família, moravam na direção da Avenida Praia de Belas, próximo às margens do rio Guaíba, que depois viemos a saber, é um lago. Os imensos aterramentos que criaram a orla de grandes avenidas, parques e edifícios modernos de hoje ainda não existiam e nós todos, usando câmaras de pneu como boia, usufruíamos do grande rio nos verões. Por outro lado, “os de cima”, que viviam na direção da Avenida Getúlio Vargas e mesmo além, para as bandas da Azenha, eram aqueles esnobes que andavam de nariz empinado. Os rapazes mais velhos achavam motivo para disputas: os “de cima” contra os “de baixo”, mas éramos todos bons vizinhos, "buona gente". 
Toda uma parte desta região do bairro era ainda campo desabitado, cheio de árvores, o qual chamávamos de “a Chácara”. Brincávamos na Chácara e era uma alegria ter um campo livre para correr, junto dos amigos e cuscos. Algo que nunca entendi é porque alguns meninos matavam passarinhos com fundas. Eu era o "estranho no ninho" que coletava gatos e cachorros abandonados e me deliciava em admirar pássaros vivos.
Havia na parte “de cima” da Rodolfo Gomes uma família de alemães, os Vontobel Neugebauer, que criaram uma indústria de chocolate para alegrar nossas vidas e, creio, até hoje existe esta empresa em outra região da cidade. Lembro das barrinhas de chocolate amargo, forradas num envoltório branco com a imagem da Neugebauer estampada. 
Na Avenida Praia de Belas desfrutávamos as piscinas do Grêmio Náutico Gaúcho onde, além de nadar, tínhamos espaço para brincar, conversar com vizinhos, “pular o Carnaval no Clube", tomar Guaraná, Grapette, Fanta e Pepsi-Cola ao sol. Não me perguntem por quê, mas de Coca-Cola ninguém gostava. Todos queriam Pepsi. 
Neste clube, meu irmão Tônio, que era campeão Estadual de Natação (e enlouquecia a mulherada com seu corpaço de atleta) me ensinou a nadar aos 6 anos. Eu treinei Natação desde então e participava de competições e torneios, por estímulo do mano, o que me trazia algum desconforto, pois, por algum motivo congênito, nasci essencialmente avesso à competição. 
Nossa escola, na rua ao lado de casa era a Presidente Roosevelt, colégio excelente que o Brizola nos deixou (além do Ginásio Infante Dom Henrique, de segundo grau, que lhe era acoplado). Nestas escolas aprendi a amar o estudo. Mas queria falar do período em que era muito, mas muito pequeno. Eu era um guri magrinho, de olhos azuis e de cabelos “platinum blond” quase brancos, que mais tarde, por algum motivo, tornaram-se castanhos. Pois tive que enfrentar “bullying” por ser como era devido a uma circunstância histórica. Naquela época, pelo menos para a garotada, a grande ofensa era ser um “alemão-batata”. A segunda grande guerra tornou ser alemão no Brasil algo complicado. O hábito germânico de comer batatas também seria? A verdade é que, sem entender bem do que se tratava, eu ficava chateado por ser um “alemão-batata” embora minha família fosse uma mescla de portugueses e italianos. Tenho lembranças muito precoces, sei lá porquê. 
Lembro-me de, no meu primeiro aniversário, estar no colo da minha mãe no quarto dos pais e ela me mostrar os presentes que eu ganhara. Até hoje reflito sobre este mistério da nossa consciência: como pode ser que, naquele momento, eu era já consciente de mim mesmo, era eu mesmo, tanto quanto agora? O que diferia era um clima de magia e a intensidade das cores e sensações. Lembro-me de uma outra situação em que fui levado, à noite no colo de minha irmã a uma festa numa grande casa que creio existir até hoje na Avenida Getúlio Vargas. Fiquei encantado com a sala tão bonita, seus grandes cortinados e lustres. Eu teria uns dois anos. Recordo que alguém me deu para provar um gole de Champanhe e, em certo momento desabou um forte temporal. Fomos rapidamente para casa quando amansou a chuvarada e ao chegarmos no pátio, vimos que a parreira havia despencado devido ao vento. Abrindo a porta da casa, um sapo entrou na sala e minhas irmãs, ainda garotas, subiram em cima da mesa, aos berros. Ao final, todos riam. Bem, desta situação tragicômica tenho motivos para lembrar, mesmo com dois anos apenas. 
Recordo dos dias em que tive sarampo, sentia-me febril e entendi que a febre me deixava triste e com um sentimento de estranheza. Foi meu primeiro contato pessoal com uma doença e com a relação corpo-mente. E das árvores de Natal montadas com pinheiros verdadeiros, bolas de vidro com coloridos magníficos e velinhas de verdade acesas. 
E o cheiro de minha mãe, sua voz ressoando na caixa torácica enquanto eu estava em seu colo começando a dormir. A imensa intensidade de percepções das crianças. 

Na esquina “de baixo” da Rodolfo Gomes havia uma família de russos cuja filha, Mariana, era minha amiga querida, embora não falasse Português, aliás como os pais, que viviam trancados em seu casarão. Mariana, ao me ver, curvava o corpinho numa saudação delicada em sinal de carinho, me olhava com seus olhinhos azuis e seus cabelos cacheados muito loiros e dizia algumas palavras que eu não entendia. A família, soube depois, havia conseguido escapar da União Soviética. Deviam ser ricos, pois tinham enviado seu dinheiro para um banco em Nova Iorque, para onde se mudariam logo depois. Na despedida, Mariana me trouxe de presente um relógio de bolso, que fui saber mais tarde era de pura prata e com preciosos rubis no interior. Eu, então com 5 ou 6 anos, destruí a tal joia que fazia tique-taque para desvendar-lhe os mecanismos. Deveriam ter-me proibido de mexer, mas...
Meus irmãos, bem mais velhos, sofriam com meus ímpetos criativos: não havia caderno (deles) ou papéis que eu não rabiscasse com desenhos e garatujas. E mesmo paredes, móveis. Eu desenhava meus esboços por todo canto, aliás, como até hoje faço. 
Eu era, de algum modo, filho dos meus pais e dos meus irmãos, por isto, era mimado demais. Nem sempre, porém, era assim. Por exemplo, ao ser levado ao Jardim de Infância, eu sofria muito com o afastamento de casa, e era uma choradeira. Minha mãe foi chamada à escola e envergonhada, me disse: “Ah é? Então agora sou eu que te proíbo de ir à escola!” Pois, diante de tal punição, fiquei temeroso. Olhava, desde este dia, os coleguinhas e os alunos maiores, com seus uniformes e gravata borboleta azul-marinho, carregando livros, portando suas pastas, de banho tomado, camisa branca, calça azul e sapato preto. Olhava-os pela janela, já com inveja, e pensava: “não vou poder ir à escola, não vou poder ir”. Disse, então à minha mãe: “Desculpe, mãe...eu não choro mais no colégio. Quero também ser aluno”. Aprendi que na vida as minhas coisas "eram da minha responsabilidade". E fui, com todo ânimo...No primeiro ano, era muito aplicado, sério, o primeiro da classe, o "como se deve ser". Pois, de repente, me dei conta que eu estava certinho demais e um tanto solitário. Lobo da estepe. Assim, com sete anos percebi que ser “o primeiro” nem sempre é vantagem e que viver envolve também conversar, apreciar estar com os outros, aventurar-se na mágica dos amores, inventar a poesia que pode haver. Viver é também (im)preciso. 
 Fiquei mesmo honrado quando a professora do segundo ano primário disse à minha mãe: “Dona Rosa, seu filho é o primeiro da turma, mas fala nas aulas e faz bagunça com os colegas...”. Assim tem sido desde então.