domingo, 21 de junho de 2009

Flores de plástico


Gestas na noite a tua cara lavada,
Geres a entrada pela porta estreita.
O teu corpo com o corpo de alguém se deita
E tua alma vai para a rua olhar estrelas.

Livre dos rituais, dos medos e atavismos
Tu te confortas ao cruzar abismos,
Cantando poesia em meio a sismos,
Tempestades, cataclismos.

Mas deixa fluir as águas mansamente,
Deixa o presente apagar o passado, sente
O perfume das manhãs o qual ora não sentes.

Entre tais brumas de noite e de cigarro,
Fog, urbano trago de ilusões
As emoções são fardos mais pesados,
Florações de nada, flores de plástico,
Ácido corrosivo para quem deseja
Algo simples, mais humano.

Tu, ali, conhecedor das modas, dos papos
Infantis das rodas, dos trapos chiques,
Dos chiliques e dos gêneros,
Tu, que já pisaste na areia movediça
Destes jogos efêmeros, olha agora
Para o mar aberto,

Sorri para alguém sem medo,
Fala de ti, desembrulha o segredo.

Sai do degredo da superficialidade
E deita, de alma e corpo, com alguém
De corpo e alma, larga o Andy Warhol
E vai, com Picasso, lançar cor e emoção
Reais nesta cidade de aço, coca e álcool.





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