sábado, 20 de junho de 2009

Fogo e vento

Tenho nas carnes fogo vivo,
Nas carnes freme meu fogo,
- Febre, tontura, arrepio -,
Um ardor de uivo de lobo.
Um bailaor flamenco devo
Em outra vida ter sido,
Um menestrel medievo
Em outro tempo esquecido.
Um caminhante de desertos,
Nômade, a esperar ter por perto
O corpo de qualquer um.

Tenho na alma o vento
Que vem de lá não sei onde,
E que traz o pensamento
Com que a alma me responde.
Devo ter sido algum monge
Aprisionado em mosteiro
Olhando a vida de longe
E rezando o tempo inteiro.
Algum tibetano velho,
Ou pregador de Evangelho,
Evitando amar outro alguém.

Este fogo e tal vento
Como uní-los a contento
Sem machucar a ninguém?

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