sábado, 20 de junho de 2009

Noite arcaica

Uma roxa seda vem flutuando
Desde o alto do céu ao horizonte
E o violáceo, em negro se tornando,
Transforma o ver no oposto, num instante.

Mas não há negrume absoluto e
O enorme breu se borda com diamantes,
O infinito espaço se dá ao diminuto
Mundo, oferecendo tentações distantes.

O pensador dispensa o livro antigo
E olha o céu, objeto pesquisado.
Quer decifrar o mapa que o Amigo
Deixou no negro véu bordado.

O poeta acorda da diurna sesta,
( A noite é a vida deste bardo ),
E ele transmuta o negror em festa:
É a voz da noite o seu cantar ritmado.

As gentes sonham em quietos quartos,
Ouvem mensagens pela noite dadas,
O descobrir-se de almas são quais partos
Multiplicando idéias e estradas.

E há amores loucos, há gemidos,
Sussurros roucos de milhões de amantes:
A noite é amiga dos sentidos,
Enche de fogo os dias entediantes.

A seda violácea se esfumaça,
Brilha ainda mais diamante, e prata
Surge em fímbrias. O dia se dilata
Enquanto a antiga noite passa.




Um comentário:

  1. que lindo!
    As gentes sonham em quietos quartos,
    Ouvem mensagens pela noite dadas,
    O descobrir-se de almas são quais partos
    Multiplicando idéias e estradas.

    que bacana! tenho um amigo poeta!!!!!!
    bj!

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